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O caos na saúde ainda pode ser evitado

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POR: Rafael Francisco dos Santos

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Há mais de uma semana os leitos disponíveis pelo SUS para tratamento da Covid estão com ocupação acima de 90% em Ponta Grossa. Janeiro e fevereiro foram meses em que o número de casos e óbitos por Covid aumentaram muito em nossa cidade.

Assistimos passivamente esses números aumentarem, anestesiados pelo cansaço de uma pandemia que já dura um ano, observamos como se fosse normal, nossos hospitais lentamente chegarem ao limite máximo da capacidade de atendimento.

Há um ano trabalho diretamente com as situações da pandemia, em um papel duplo, de médico que atende diariamente no consultório doentes confirmados e suspeitos de Covid, e como gestor de uma empresa de saúde e de um grande hospital da cidade.

Como gestor de saúde, vivencio grande dificuldade para manter estrutura de atendimento e conseguir equipes de profissionais 24 horas por dia para atender doentes em estado crítico.

Como médico observo que a cada semana que passa as pessoas ficam mais despreocupadas com a situação da pandemia e os riscos de transmissão do coronavírus, o que é compreensível dada a longa jornada de restrição que estamos vivenciando.

Mas o vírus, diferente de nós, não se cansou, pelo contrário, ele parece ter renovado sua força e virulência por meio de mutações.

Uma mudança de padrão é observada entre as pessoas que necessitam de internamento, hoje temos pacientes mais jovens internados, em estado mais grave e com permanência mais longa nas UTIs do que há 4 meses.

A combinação de casos mais graves e complexos, que permanecem mais tempo nos hospitais é gasolina na fogueira nesse momento, em que nossos “soldados” da linha de frente estão exaustos, estressados, no limite extremo da sua capacidade física e psicológica.

Se nosso comportamento como cidadãos e cidadãs não mudar, respeitando as medidas de prevenção à Covid como o distanciamento social e limitação de mobilidade, devemos vivenciar nos próximos dias o colapso do sistema de saúde local.

O sistema privado tem maior resiliência e capacidade de adaptação, mas para grande maioria da população que depende do SUS, a situação pode ficar muito difícil rapidamente.

Se conseguirmos montar mais leitos, talvez nos falte profissionais para atender a todos.

Sei que serei criticado pelos meus pares empresários e empreendedores, mas entendo que o momento exige medidas mais duras e muitas vezes impopulares para conter a disseminação do vírus.

No anseio por atitudes mais corajosas dos gestores públicos e na conscientização da população, reside minha esperança para que o cenário de caos e colapso não se concretize.

O autor é médico otorrinolaringo-logista, professor do curso de medicina da UEPG, ex-presidente e atual diretor administrativo da Unimed

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