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Parabéns aos Contadores e palmas à Ciência Contábil
Da Redação | 22 de setembro de 2020 - 01:26
Por Zulmir Breda
O Dia do Contador, comemorado em 22 de Setembro, além de
homenagear uma classe hoje composta por cerca de 350 mil, entre contadores e
contadoras, presta tributo ao dia da criação oficial dos cursos universitários
de Ciências Contábeis no Brasil. Instituído pelo Decreto-Lei nº 7.988, de 22 de setembro de 1945, o ensino
superior para os profissionais da contabilidade é um marco na evolução da
profissão e da Ciência Contábil no País.
O status presente da nossa profissão, com sua expertise
técnica e ampla bagagem de conhecimentos, é resultante de aspectos sociais,
econômicos e políticos de um passado que nos conduziu até aqui. De geração a
geração, ancorada na Ciência Contábil, a profissão se desenvolveu e foi capaz
de se reinventar quando necessário, como diante de recentes inovações
tecnológicas incrementais ou disruptivas.
Neste 22 de Setembro, comemoramos 75 anos desde a assinatura
do decreto-lei pelo presidente Getúlio Vargas. Há relatos diversos na
literatura que trata da evolução do ensino de Ciências Contábeis, mas alguns
dos primeiros cursos universitários instalados foram o da Universidade Federal
de Minas Gerais (UFMG) e o da Universidade de São Paulo (FEA-USP).
Para ser mais exato, o Decreto-Lei nº 7.988/1945 criou o
ensino superior de Ciências Econômicas e de Ciências Contábeis e Atuariais. Até
essa época, os cursos de contabilidade não tinham nível universitário e eram
ministrados em escolas de comércio desde o início do século XX. No entanto,
nossos precursores se queixavam de que a profissão, tida como de conhecimento
empírico, gozava de pouco prestígio em relação a outras de grau de educação
superior.
Um passo importante na história do ensino ocorreu em 1924, quando foi
realizado o 1° Congresso Brasileiro de Contabilidade e foram lançadas as bases
da campanha pela regulamentação da profissão e pela reforma do ensino comercial
no Brasil. Duas décadas de luta foram necessárias, culminando com as
assinaturas d
A partir daí, o desenvolvimento da profissão passou a seguir
um curso constante, no sentido de aumentar a cultura geral dos contadores, de
provocar a evolução do pensamento contábil e de expandir as pesquisas e os
conhecimentos científicos.
O curso de Ciências Contábeis e Atuariais, em sua primeira
versão, contou com grade curricular que tinha as disciplinas de Contabilidade
Geral; Organização e Contabilidade Industrial e Agrícola; Organização e
Contabilidade Bancária; Organização e Contabilidade de Seguros; Contabilidade
Pública; e Revisões e Perícia Contábil.
Simultaneamente, alguns fatos da história do Brasil passaram
a exigir mais dos contadores. Na década de 1960, por exemplo, a edição da Lei
de Finanças Públicas – nº 4.320/1964, que teve participação de renomados
contadores na sua formulação, a Lei da Reforma Bancária – nº 4.595/1964; e a
Lei do Mercado de Capitais – nº 4.728/1965 foram decisivas para a evolução do
ensino e do exercício profissional.
O surgimento da auditoria como prerrogativa exclusiva dos
contadores foi outro fato verificado no mercado de trabalho que exigiu que o ensino
se aperfeiçoasse. Ainda, um rápido salto no desenvolvimento da profissão
contábil ocorreu com a publicação da Lei das Sociedades Anônimas (nº
6.404/1976) e com a criação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) pela Lei
nº 6.385/1976.
Enquanto isso, o ensino chegava à sua maturidade. Um dos
primeiros núcleos de pesquisa contábil criado no País, em 1946, a Faculdade de
Ciências Econômicas e Administrativas da Universidade de São Paulo, mais tarde
denominada Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA/USP), foi
pioneira, nos anos 1970, em criar a pós-graduação stricto sensu (mestrado)
em Controladoria e Contabilidade. Na mesma década, foi criado o Programa de
Mestrado em Ciências Contábeis da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro.
Já o primeiro Programa de Doutorado em Contabilidade foi implantado em 1978 na
FEA/USP.
A valorização da profissão contábil seguiu ancorada nos
acontecimentos econômicos e políticos nacionais e superou, com o fortalecimento
da Ciência Contábil, a escassez de prestígio da profissão de outrora. Prova
disso é que os jovens começaram a se interessar mais e mais pelo curso de
Ciências Contábeis.
Dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio
Teixeira (Inep) mostram que, entre os dez maiores cursos de graduação do Brasil
– em relação ao número de matrículas, de ingressantes e de concluintes –, no
período de 2009-2018, o curso de Ciências Contábeis aparece em quarto lugar,
atrás apenas de Direito, Administração e Pedagogia. Em 2018, houve mais de 350
mil matrículas nos 1.489 cursos de Ciências Contábeis, oferecidos por 1.104
Instituições de Ensino Superior (IES).
Em relação à pós-graduação, atualmente, há 37 cursos de
mestrado e 15 de doutorado em Contabilidade.
Em homenagem às contadoras e aos contadores pelo seu Dia, faço questão de cultivar a lembrança de uma parte da história da Contabilidade: a trajetória do ensino e a evolução da Ciência Contábil. Das sementes plantadas pela Família Real Portuguesa para o ensino comercial e de contabilidade no Brasil, em 1808, aos dias atuais, orgulha-nos ver a profissão que abraçamos, repleta de profissionais com conhecimentos técnicos e competências intelectuais para atender às demandas heterogêneas da sociedade e da economia brasileiras.
Zulmir Breda é Presidente do Conselho Federal de
Contabilidade