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Os Tigres Dentes-de-Sabre

Imagem ilustrativa da imagem Os Tigres Dentes-de-Sabre

Por Marcos Pileggi 

O medo não é uma coisa ruim. A prudência em evitar um confronto com um tigre dentes-de-sabre deve ter ajudado nossos antepassados a sobreviverem. Contudo, o medo de encontrar os tigres poderia ter levado a diminuição na busca por alimentos e a tribo a passar fome. Alguns deles perceberam que a vida fluiu melhor em algum ponto entre estes extremos. Hoje estamos com medo do Covid-19 e tentamos acreditar que autoridades e cientistas saibam qual onde está este ponto. Mas a realidade não tem mostrado isso. As autoridades estão instigando as pessoas a se isolarem em suas casas, pois dizem ter comprovação científica para diminuir o pico de internações e o sistema de saúde poder salvar vidas. Os artigos sobre isolamento social também discutem outras estratégias e o custo social. Em nosso estranho país, as taxas de mortos por milhão vão dos 686 no Amazonas aos 31 em Mato Grosso do Sul, apesar dos índices de isolamento serem semelhantes em todos os estados, de acordo com dados de geolocalização. O Paraná está com o número de mortes aumentando, 89, provavelmente vai enfrentar uma alta de Covid-19 com a economia enfraquecida devido o impacto do isolamento. As autoridades já confessaram que o isolamento provavelmente foi feito muito cedo. O número de mortes pode ser maior do que esperado, uma vez que a logística que mantem os hospitais funcionando dependem da economia. Um estado com 11 milhões de habitantes vai ficar em isolamento até a vacina aparecer ou o vírus se extinguir? Os tigres continuam lá fora.

Os dados do Oxford Covid-19 Government Response Tracker mostram que praticamente o mundo todo se isolou, em menor ou maior escala. A Itália (577 mortes/milhão), tão criticada, foi um dos primeiros países a entrar em isolamento, permanecendo por mais tempo. As taxas vão de 1.238 mortes/milhão em San Marino a zero na Tanzânia. O Brasil tem 309. Outros países finalizaram as restrições, retomando o aumento de casos de Covid-19 via segunda onda, que nada mais é do que o vírus ainda presente na população, já que não foi, nem será, eliminado. Ele faz parte da nossa evolução e da nossa ecologia, assim como os tigres.

Há muitos fatores locais para se levar em conta, como o estado imunológico das populações, pirâmide etária, presença de outros vírus na região, tratamentos prévios com vacinas para outros vírus ou parasitas, grau de corrupção das autoridades. E não se consegue manter em isolamento uma população por tanto tempo assim. A questão sempre foi achatar a curva, então vamos desenvolver estratégias para isso. Como vamos passar pelos tigres?

O isolamento tem consequências. Diminui a contaminação, mas não impede que eventualmente aconteça. A UNICEF prevê que 14 milhões de latino americanos ficarão ameaçados por insegurança alimentar devido ao impacto da pandemia sobre a economia. Fome, como as tribos que evitaram o tigre dentes-de-sabre.

A maior frequência de mortes é com pessoas com mais idade e comorbidades. Esses dados devem ser levados em conta. Usar máscaras, lavar as mãos, evitar tocar olhos e boca, distanciamento social e tratamentos preventivos, incluindo para o pessoal da saúde, ou aos primeiros sintomas para evitar o internamento, podem ser utilizadas sem uma diminuição tão grande na atividade econômica. Nenhum deles cura, nenhum é 100%, e para eles também há artigos científicos mostrando restrições. Há potencial e restrições para o uso de ivermectina e hidroxicloroquina, por isso precisamos confiar em médicos que lidam com a administração destas drogas há vários anos, e não publicam em revistas científicas. Probióticos têm mostrado benéficos para várias doenças, inclusive Covid-19. Precisam ser mais estudados e serem administrados com orientação médica e de nutricionistas. São conjuntos de ações que levam menos pessoas aos hospitais, às UTIs, e à morte. Não é hora de ficar gritando histericamente, se escondendo dos tigres, nem sair no braço contra eles. Vamos ser mais inteligentes e menos arrogantes. Vai ajudar a nos desviar dos tigres dentes-de-sabre.               

Marcos Pileggi possui graduação em Licenciatura e Bacharelado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de São Carlos (1986), mestrado em Genética pela Universidade Federal do Paraná (1991), doutorado em Genética pela Universidade Federal do Paraná e Ohio State University (2000), Livre Docência pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (2008), e Pós Doutoramento pela University of Minnesota (2010)

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