Debates
Curitiba: o novo Vale do Silício?
Da Redação | 16 de junho de 2020 - 02:32
Por Thiago Martins Diogo
O Vale do Silício, na Califórnia (EUA), é uma das principais
regiões de referência em tendência, tecnologia e inovação. Um ecossistema rico
em informação, cultura e diversidade, que reúne algumas das principais startups
de âmbito mundial. Um ambiente totalmente favorável para a disseminação de
conhecimento e para a conexão e compartilhamento de ideias.
É importante lembrar que a inovação é realizada por meio de
pessoas que tiram as suas ideias do papel e as transformam em soluções para o
bem comum. Neste sentido, diversas regiões do mundo podem ser vistas como
referência em virtude do seu capital intelectual e da geração de resultados de
impacto que começaram pelo confronto de ideias entre grupos de pessoas.
Desta forma, ao analisarmos o ecossistema curitibano,
percebemos que a capital paranaense vem se destacando como uma forte candidata
ao posto de “Vale do Silício Brasileira”. Isso em função do pioneirismo, do
incentivo local ao empreendedorismo e da cultura promovida desde sua
colonização até os dias de hoje.
Para analisar o cenário atual é fundamental conhecer a
história. Curitiba começou a ser povoada no século XVII e foi fundada como Vila
da Nossa Senhora da Luz dos Pinhais. Os processos de estruturação da “vila”
eram claros e rigorosos e os grupos de moradores revelavam características
empreendedoras. Essas características se fortaleceram após um período de
extrema pobreza, quando Curitiba se tornou um ponto estratégico do caminho do
Viamão a São Paulo e Minas Gerais, e foram surgindo armazéns, lojas e
escritórios de negócios ligados ao transporte de gado.
Agrega-se a isso o crescimento urbano fortalecido pelos
imigrantes europeus, em sua maioria alemães, poloneses, ucranianos e italianos,
que hoje combinados com muitas outras culturas contribuem com a miscigenação da
cidade e a atual diversidade cultural, fator extremamente relevante para a
inovação.
Curitiba hoje conta com o Vale do Pinhão, mas pode ser
considerada o próprio “Vale” por contar com empreendedores locais e
startupeiros que se empenham em construir soluções inteligentes para problemas
comuns. Pela característica histórica, pelo incentivo local promovido pelas
políticas públicas e por um ecossistema rico em pesquisa, desenvolvimento e
educação, conta também com seu primeiro unicórnio no ano de 2019.
O ecossistema rico em capital intelectual, o fomento à
pesquisa e inovação e a criação de startups unidas a uma agenda cultural com
eventos de relevância nacional e internacional provocam a reflexão e a atitude
necessária para a resolução de problemas de forma criativa. Com isso, é
possível promover o desenvolvimento local, o que dá à capital paranaense o
destaque que ela merece e a comparação com o Vale do Silício.
*Thiago Martins Diogo é Mestrando em Governança e
Sustentabilidade pelo ISAE Escola de Negócios e especialista em Gestão
Estratégica da Inovação pela Fundação Getúlio Vargas (FGV)