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O medo como portal de abertura para uma consciência coletiva

Imagem ilustrativa da imagem O medo como portal de abertura para uma consciência coletiva

Por Simone Fernandes

O corpo emite um sistema de alerta, o medo. Entretanto este corpo não está separado por espécie econômica, religiosa, racial ou de gênero, não neste momento histórico em que o mundo conhece um microorganismo capaz de desestruturar grandes impérios.

O COVID 19 chegou de botas metendo o pé em toda construção moral que separa a humanidade. Sua estrutura é semelhante a uma coroa, por isso a metáfora, pois botas são primeiramente para ser utilizadas em atividades  que demandam gastos de energia mais intensos, como a derrubada de construções, guerras e aquilo que visa poder e autoridade, mas no viés atual, dentro da mente humana, a arma mais poderosa do mundo.

Até no mais cético dos seres que aqui presenciam a peste se alastrando, há a incerteza da continuação da vida, uma fagulha de medo gerado pela ansiedade e possível estado de pânico mundial.

Chegou o momento de levantar as questões acerca de um lar onde temos tudo e nada, este lar é este Planeta, rico em minerais e informações que colaboram para o bem coletivo, mas que em alguns momentos da história estes recursos foram segregados e desviados em sistemas que dividem a única raça existente capaz de gerir igualmente tudo.

Entretanto a discrepância que encarcera a mente humana com diferenças, fez com que toda riqueza tomasse o rumo para as mãos de poucos. Surgiu as desigualdades sociais, legitimada por nós mesmos, seres condicionados por um sistema pervertido, onde os "achismos" baseados na razoalidade de conformismos, atropelam o óbvio.

O COVID 19 veio pra mostrar ao mundo a sua impotência perante a adversidade que coloca todos no mesmo barco, pra mostrar o quanto somos fracos quando não há coesão, que as fronteiras são barreiras físicas e ideológicas inexistentes do ponto de vista universal, mas veio também pra isolar o ser humano em profunda introspecção, pra tirar o véu que os cega e mostrar que todos somos um e não existe lar fora daqui.

Há neste momento um rompante de ideologias globais, sem a firme certeza de uma verdade absoluta subjetiva, mas levanta um fragmento de verdade objetiva em prol da sobrevivência da espécie: a solidariedade e compreensão ao qual o mundo vem reclamando por estar num processo de esgotamento de recursos naturais, por haver suturas fronteiriças na sua superfície em detrimento do poder.

Talvez este isolamento mundial esteja nos preparando para a limpeza necessária do nosso lixo mental, do encarceramento da mente, dos bloqueios impostos pela externalidade negativa que corrobora para que sejamos algoz da própria espécie.

Um organismo  tão pequeno, com estrutura diferenciada e pouco conhecida foi capaz de frear nossas relações, impor distanciamentos dentro do nosso próprio lar, ergueu a bandeira do medo e da instabilidade dentro de todas as dualidades, acendeu o estado de alerta para com todas as nações do globo.

Um ser invisível aos nossos olhos trouxe a régua para analisar parâmetros de comportamentos e desdobrar o leque fechado para tudo que foi construído até agora, seja com a bondade e solidariedade, seja com a maldade das colonizações impostas aos povos subjulgados, onde lhes foi decepado a autonomia da mente liberta, condicionando parte deste planeta à inferioridade humana, através das limitações impostas que ficaram enraizadas no inconsciente de cada ser que faz parte deste macro organismo chamado Terra.

Todo este adoecimento planetário já era previsto através destes comportamentos históricos que ceifaram a naturalidade de cada ser enquanto indivíduo, que faz parte de um corpo dentro de um universo que expande e não restringe, que alteraram os ciclos naturais através do desenfreado consumismo mundial, onde ter significa muito mais que ser.

Está muito próximo do fim o status ilusório em ser vip. Pobre e rico se encontram na mesma situação dentro de hospitais no mais alto temor que abarca a sociedade: a morte!

Não há fuga para lugar algum fora deste Pálido Ponto Azul e sim, há uma constante universal que para que algo nasça, algo morre. Se esta não atingir nosso corpo físico, que atinja nosso ego, nossos preconceitos, nossos muros. Que consigamos olhar com menos desprezo todas as criaturas que aqui se encontram, todas têm uma função que colaboram para que a humanidade caminhe por estradas menos pedregosas, para uma sintonia com algo muito maior que nossos olhos podem ver, mas que podemos sentir e está registrado no processador informacional íntimo de cada um.

Historicamente falando, o caos mundial sempre alavancou avanços na área do conhecimento, é como um gatilho que dispara, mas que diferente das guerras armadas em detrimento de poderio territorial e econômico, o cenário atual é palco de todos os agentes que fazem parte deste plano. Como vamos lidar com isso advém da nossa capacidade de organização em massa, como uma marcha individual e por ora, de obediência ao que o mundo pede: isolamento, introspecção, busca pelo conhecimento, respeito como todos os seres, clareza mental sobre o que realmente precisamos para que todos evoluam sem disparidades.

A maior constante universal é a mudança, exteriorizada pela nossa visão de mundo e internalizada por nós mesmos, tendo como eixo nossas relações com o próximo, pois nada nem ninguém caminha sozinho neste mundo, precisamos das relações sociais para nossa construção, mas que se desconstrua tudo aquilo que gerenciou até agora nossa separação.

Neste momento as mãos não podem ser dadas, a separação de corpos é, por ora, necessária. O COVID 19 impôs barreiras que já vínhamos construindo inconscientemente, mas este pequeno organismo levanta a pesada bandeira da unidade fragmentada que deve unir-se para atar laços entre as nações, para um mundo onde tenhamos um estreitamento diplomático sadio e limpo.

 Simone Fernandes - Professora e Operadora de Produção na área industrial

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