Debates
As chuvas e o planejamento urbano
Da Redação | 31 de janeiro de 2020 - 03:03
Por Isonel Sandino Meneguzzo
Nas
últimas semanas a região sudeste do Brasil, em especial Espírito Santo e Minas
Gerais, tem sido castigadas com chuvas torrenciais. Os prejuízos econômicos,
sociais e ambientais são imensos.
Infelizmente,
passam-se os anos e os problemas alusivos às chuvas intensas, principalmente
nesta época do ano, se repetem. As precipitações que atingiram Minas Gerais
fogem dos padrões normais para o mês de janeiro. Há quem diga que isso é
influência do aquecimento global.
Independente
das causas das chuvas que atingem a região, alguns elementos importantíssimos
devem ser aqui indicados, os quais relacionam-se tanto à população de um modo
geral como pelo poder público. Vamos à eles: infelizmente, muitas pessoas
desconhecem aspectos básicos que envolvem a alocação de casas. Ocupam e
constroem residências em locais inadequados, muito próximo de cursos d'água ou
ainda em encostas com alta declividade. Por sua vez, o poder público
(municípios, estados e união) detém informações preciosas referentes à base
física em que as cidades se localizam. Enfatizo aqui as inúmeras monografias,
relatórios de iniciação científica, dissertações de mestrado e teses de
doutorado que aparentemente, para muitos, só serve para entulhar bibliotecas. A
visão não deve ser esta!
Os
técnicos e gestores públicos principalmente dos municípios, tem em suas mãos
(todos os documentos acima citados são de domínio público, muitos deles
disponíveis na internet) os instrumentos necessários para estabelecer
diretrizes de uso e ocupação do solo urbano. Atrelado a isto, temos a
legislação ambiental e urbanística que deveria ser rigorosamente aplicada,
evitando perdas humanas e prejuízos econômicos.
Portanto,
vários fatores estão envolvidos nos casos em que ocorrem inundações e
deslizamentos. Para que isso seja minimizado drasticamente, diversas ações em
diferentes frentes devem ser realizadas, tais como a realização de atividades
envolvendo educação ambiental, fiscalização e acima de tudo planejamento. A
população deve fazer sua parte, não jogando lixo nas encostas, arroios e vias
públicas e, principalmente, respeitando as chamadas áreas de preservação
permanente.
Vale
ressaltar que as universidades, com cursos de graduação e pós-graduação nas
áreas de geografia e engenharia civil, por exemplo, tem muito a contribuir para
o planejamento urbano local e regional.
Desta
forma, é urgente que haja uma interação profunda entre universidades,
prefeituras e demais órgãos governamentais para que os conhecimentos produzidos
sejam efetivamente aplicados, evitando problemas básicos que poderiam ser
evitados.
Isonel Sandino Meneguzzo é Professor do Departamento de
Geociências da UEPG - [email protected])