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Novas propostas ferroviárias favorecem expansão de indústrias de Ponta Grossa

Projetos de divisão da Malha Sul e integração com a Ferroeste otimizam importação e exportação para empresas da região; nova licitação para concessão das ferrovias está prevista para segundo semestre de 2026

As oficinas e malhas ferroviárias seguem definindo o avanço
As oficinas e malhas ferroviárias seguem definindo o avanço -

O futuro das ferrovias em Ponta Grossa está mais perto do que se imagina. Com a aproximação da data de encerramento da concessão da Malha Sul à Rumo Logística, determinada para o início de 2027, o município se encontra em frente a novas possibilidades e desafios sobre o seu caráter de “entroncamento rodoferroviário”. No decorrer da história da cidade, o potencial ferroviário foi decisivo para atrair indústrias, e a expansão urbana de Ponta Grossa se desenhou ao longo dos trilhos, especialmente com o surgimento de bairros da cidade, como Oficinas, e em seguida, Uvaranas, moldados pelo trabalho nas malhas e oficinas ferroviárias.

Hoje, o mapa das ferrovias em atividade no Paraná é dividido entre a malha na qual Ponta Grossa faz parte, de propriedade do Governo Federal e concedida à Rumo; e a Ferroeste (Estrada de Ferro Paraná Oeste S.A), que passa por um período de desestatização para ampliar suas atividades, cujo atual prolongamento refere-se ao trecho entre Guarapuava e Cascavel, e o município de Ponta Grossa não faz parte. 

Portanto, entende-se que a cidade está em um momento crucial para definir o potencial de atratividade a novos investimentos para uma infraestrutura mais moderna, o que significa competitividade e crescimento para as indústrias que necessitam do serviço de importação e exportação.

Em contato a órgãos de governança do município e do Estado, as perspectivas futuras para o uso das ferrovias em Ponta Grossa são positivas. Para Sandro Alex, secretário de Infraestrutura e Logística do Paraná, a cidade faz parte de uma importante discussão que prevê a otimização do modal ferroviário no Paraná, e conta que uma nova possibilidade de gestão está sendo pensada internamente. “Para ampliar as atividades ferroviárias no estado, é crucial dialogar com a Malha Sul, que atende Ponta Grossa. A definição está sendo amplamente debatido, e a cidade é compreendida como um importante entroncamento ferroviário”.

Sandro Alex, secretário de Estado de Infraestrutura e Logísitica do Paraná (Seil), conta que Ponta Grossa é um dos protagonistas no debate sobre o futuro da malha ferroviária
Sandro Alex, secretário de Estado de Infraestrutura e Logísitica do Paraná (Seil), conta que Ponta Grossa é um dos protagonistas no debate sobre o futuro da malha ferroviária |  Foto: Arquivo/aRede.
 

Ainda que em instâncias diferentes, tanto a Ferroeste quanto a Malha Sul projetam novos processos licitatórios, o que, para Sandro, permite pensar em um novo caminho para o modal ferroviário no Paraná: uma única operação para administrar as duas malhas. “Entendemos que essa discussão é uma oportunidade para integrar a Ferroeste e a Malha Sul, fortalecendo um grande corredor ferroviário do estado, direcionando um ainda maior volume de carga ao Porto de Paranaguá”.

Enquanto isso, outro movimento da Infraestrutura e Logística do Paraná que pretende impulsionar a movimentação ferroviária no estado é a inauguração do “Moegão”, previsto para janeiro de 2026. “Entretanto, a Malha Sul é de responsabilidade da União, e enquanto dialogamos sobre os investimentos e impactos da modelagem dela em Ponta Grossa, pensamos em resolver gargalos no oeste do Paraná, como a Serra da Esperança, que é a conexão entre a malha e a Ferroeste”.

A possibilidade de aproximar a gestão da Malha Sul e da Nova Ferroeste em um único operador é atrativa para a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), conforme aponta o superintendente João Arthur Mohr. Para o gestor, Ponta Grossa é central para empresas que tem como capital competitivo a gestão do tempo e economia no transporte, especialmente para empresas do agronegócio e de produção de peças. “Ponta Grossa continuará sendo central para empresas como a XBRI, Bunge, Yara, entre outras indústrias do setor madeireiro”, diz Mohr.

João Arthur Mohr, superintendente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), declara apoio à operação única entre Malha Sul e Ferroeste.
João Arthur Mohr, superintendente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), declara apoio à operação única entre Malha Sul e Ferroeste. |  Foto: Arquivo/aRede.
 

O desafio do futuro da gestão das ferrovias não é limitado ao Paraná. Em 2026, este debate deve ganhar ainda mais fôlego no segundo semestre, com a nova demarcação da Malha Sul, com base na Política Nacional de Outorgas Ferroviárias, publicada pelo Ministério dos Transportes (MTR) no último dia 25 de novembro: 1) Corredor Paraná/Santa Catarina; 2) Corredor Rio Grande do Sul; 3) Corredor Mercosul. A proposta, ainda que inicial, já possui cronograma para os projetos, com a publicação dos editais de licitação em setembro, e a realização do leilão para a compra dos trechos em dezembro de 2026, antes mesmo do encerramento da licença de concessão da Rumo, no início de 2027. 

Para o superintendente da Fiep, o único possível impasse para a execução do calendário é que ele aconteceria em período eleitoral, o que dificulta a tramitação de processos licitatórios, tanto no processo da Malha Sul quanto da Ferroeste, por se tratarem de propriedades de Estado e União. “O que pode acontecer neste segundo cenário é a prorrogação de mais dois anos para a concessão da Rumo, o que adiaria a nova licitação para 2029”, avalia Mohr. 

Rafael Rickli, coordenador regional da Fiep nos Campos Gerais
Rafael Rickli, coordenador regional da Fiep nos Campos Gerais |  Foto: Arquivo/aRede.
  

Com olhar voltado à região, Rafael Rickli, coordenador dos Campos Gerais da Fiep, diz que o avanço ferroviário de Ponta Grossa depende de um novo modelo de concessão e, junto ao órgão, pleiteia que a estrutura dos trechos na cidade, ainda que historicamente subutilizados, reforçam que Ponta Grossa é um dos principais pontos logísticos da região sul do Brasil, e se formalizado um contrato com metas claras de investimento, o município deve ganhar ainda mais destaque.

Procurada pela reportagem para apresentar o atual status de planejamento da concessão até o fim do contrato, a Rumo respondeu que o futuro da licença integrada ao município, com vigência até fevereiro de 2027, está em avaliação no Grupo de Trabalho conduzido pelo MTR, representante do Poder Concedente que rege os contratos de concessões ferroviárias. Por sua vez, o Ministério informou ao Jornal da Manhã/Portal aRede que está avançando nas discussões para reestruturar a logística ferroviária que atravessa Ponta Grossa, chegando aos portos de Paranaguá (PR) e São Francisco do Sul (SC).

Durante este período, o MTR afirma estar dialogando com representantes dos governos estaduais do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, além de prefeitos e entidades do setor ferroviário. O relatório final encontra-se em fase de validação interna. A pasta também contratou estudos técnicos para embasar uma eventual nova licitação da ferrovia. Assim que definir o melhor caminho, o MTR abrirá uma audiência pública para receber contribuições da sociedade, o que poderá trazer respostas ao futuro do desenvolvimento ferroviário de Ponta Grossa e toda a região sul do Brasil.

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OPERÁRIO ENTRA NA DISPUTA POR ESPAÇO DOS BARRACÕES DA REDE FERROVIÁRIA

A divulgação recente sobre o processo de cessão dos barracões da Rumo e de trechos de malhas ferroviárias inativas, hoje sob domínio da União, com destino dos ativos ao Município, abriu uma discussão importante em Ponta Grossa: como transformar esse patrimônio, hoje abandonado, em um equipamento útil e atrativo para a cidade? Entre as possibilidades e demandas da população, estão sugestões como a construção de um mega complexo esportivo, o “Central Park” de Ponta Grossa, a construção do Mercado Municipal, a instalação de um kartódromo, ou ainda, um novo estádio do Operário Ferroviário Esporte Clube (OFEC).

Um dos principais atores de movimentação esportiva e turística da cidade, se destacando em desempenho nos campeonatos como o 'Brasileirão' e a vitória no Campeonato Paranaense de 2025, o Operário Ferroviário passa por um período de crescimento, e para que a sua expansão siga sendo positiva, o time busca investir em um Centro de Treinamento (CT) próprio.

Com a expectativa de que parte dessas áreas passe ao domínio municipal, o presidente do clube, Álvaro Góes, vê a oportunidade de ocupar um trecho dos antigos barracões para instalar um Centro de Treinamento. A ideia não é utilizar todo o complexo, mas adaptar uma parcela do espaço hoje sem função, localizado justamente ao lado do Estádio Germano Krüger, no bairro Oficinas, onde o time foi fundado em 1912.

Álvaro Góes, presidente do Operário Ferroviário Esporte Clube (OFEC), mostra interesse em construir o Centro de Treinamento (CT) do time na área que deve ser cedida à Ponta Grossa pela Rumo em Oficinas
Álvaro Góes, presidente do Operário Ferroviário Esporte Clube (OFEC), mostra interesse em construir o Centro de Treinamento (CT) do time na área que deve ser cedida à Ponta Grossa pela Rumo em Oficinas |  Foto: Arquivo/aRede.
  

Para a reportagem do Jornal da Manhã e do Portal aRede, Góes explica que, apesar de que um possível novo estádio seja a ideia inicial da comunidade ponta-grossense, o espaço ao lado não seria compatível, mas para um novo CT, seria ideal. “O Operário tem muito, mas muito interesse nisso. Já comunicamos nosso interesse à Prefeitura, ao deputado federal Aliel Machado (PV) e ao vereador Paulo Balansin (União Brasil), mas isto ainda será definido no futuro”, declarou o presidente do Clube. De acordo com Góes, o espaço ideal para a construção deste projeto seria atrás dos barracões. “Queremos fazer algo diferente, um CT dentro da cidade e ao lado do Estádio. Seria um sonho para o nosso time”.

Hoje, o time utiliza, em parceria com a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), um espaço de treino no campus Uvaranas. Para o Operário, ainda que a parceria seja positiva, um CT ao lado do estádio tornaria outras frentes de trabalho na equipe mais viáveis, visto que, somente com o deslocamento de ida e volta entre os bairros Oficinas e Uvaranas, o time gasta uma hora no trânsito. Outros desafios de não ter um CT próprio e privado é a segurança do time, pois, por se tratar de um espaço público, até mesmo adversários podem ir ao local durante o treino, e ainda, a falta de um espaço exclusivo para as equipes de enfermagem e fisioterapia, o que poderia ser implementado na construção de um centro de treinamento ao lado do Germano Krüger, a casa do Operário.

A arquiteta e urbanista, Nisiane Madalozzo, é membro e fundadora da Associação de Preservação do Patrimônio Cultural e Natural (Appac), e defende planejamento que preserve a história ferroviária em projetos urbanos em Ponta Grossa
A arquiteta e urbanista, Nisiane Madalozzo, é membro e fundadora da Associação de Preservação do Patrimônio Cultural e Natural (Appac), e defende planejamento que preserve a história ferroviária em projetos urbanos em Ponta Grossa |  Foto: Arquivo/aRede.
  

A possibilidade de uso parcial do terreno para o time do coração da cidade é bem avaliada pela perspectiva do patrimônio da memória ferroviária na cidade, como explica Nisiane Madalozzo, arquiteta e urbanista e membro-fundadora da Associação de Preservação do Patrimônio Cultural e Natural de Ponta Grossa (Appac). “É interessante que o trabalho a ser realizado no espaço onde estão os antigos barracões mantenham uma ligação com a história ferroviária. É um terreno especial e único, com alto potencial de uso e boa inserção urbana”, diz Nisiane. Para a arquiteta, também cabe lembrar que as oficinas ferroviárias definiam a cidade territorialmente, e as ferrovias delinearam a expansão do município, portanto, hoje, seria interessante, do ponto de vista urbanístico, unir pontos entre os parques Linear, Ambiental e este novo espaço interligados na cidade.   

O próprio espaço dos barracões, ainda que certamente deteriorado pelo abandono e incêndios recentes, teriam estruturas que poderiam ser revitalizadas para construir espaços de interesse à população, a exemplo de parques de feiras, para a realização de eventos como a Expo&Flor, ou ainda, prédios de proposta similar ao Sesc, com oferta de oficinas, cursos técnicos e aulas práticas, reforçando o caráter histórico do local em fortalecer a economia da cidade. Giorgia Bochenek, presidente da Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Ponta Grossa (Acipg), concorda que o plano ideal é a transferência das áreas ao município, para que a administração pública destine o uso a equipamentos de lazer, projetos esportivos ou turísticos, priorizando também a tecnicidade sobre a preservação ou remoção dos trilhos.

A presidente da Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Ponta Grossa (Acipg), Giorgia Bin Bochenek
A presidente da Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Ponta Grossa (Acipg), Giorgia Bin Bochenek |  Foto: Arquivo/aRede.
  

O deputado federal Aliel Machado (PV) aponta que a continuidade do Parque Linear, juntamente a novas alternativas de mobilidade para a região de Oficinas, fazem parte da série de projetos a serem pensados na cidade, o que foi afirmado pela Prefeitura assim que foi anunciado o pedido de transferência do ramal ferroviário e da antiga oficina ao município. A Rumo explicou à reportagem que o pedido de anuência está sendo encaminhado ao Ministério dos Transportes (MTR), e, caso o pedido seja aprovado, o patrimônio deverá ser oficialmente repassado pelo DNIT à cidade de Ponta Grossa.

O deputado federal Aliel Machado (PV) aponta relevância de projetos que otimizem a mobilidade do município e aumentem a competitividade ferroviária de Ponta Grossa
O deputado federal Aliel Machado (PV) aponta relevância de projetos que otimizem a mobilidade do município e aumentem a competitividade ferroviária de Ponta Grossa |  Foto: Arquivo/aRede.
  

Para a gestão municipal, as estruturas ferroviárias e antiga malha devem ser utilizadas para o benefício e desenvolvimento de Ponta Grossa de maneira definitiva. Entretanto, procurada pela reportagem, a secretaria de Infraestrutura do Município não apresentou projetos prévios para a área. Portanto, se tem como consenso a necessidade de desenvolver estudos técnicos que definam o melhor caminho para preservar a memória ferroviária da cidade, ainda que o local seja redefinido por novos projetos. Seja com a construção de parques, centro de formação ou um novo espaço para o time que carrega a história da vila Oficinas, as ferrovias seguem sendo um vetor de desenvolvimento para Ponta Grossa.

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