Cotidiano
Infraestrutura e localização referenciam PG para sediar a ESA
Cidade paranaense é cotada para sediar as novas instalações da Escola de Sargentos de Armas do Exército (ESA), que deve receber investimentos de R$ 1,2 bilhão e um contingente de cerca de 10 mil pessoas
Da Redação | 06 de maio de 2021 - 10:41
Cidade paranaense é cotada para sediar as novas instalações
da Escola de Sargentos de Armas do Exército (ESA), que deve receber
investimentos de R$ 1,2 bilhão e um contingente de cerca de 10 mil pessoas
Cotada para sediar a Escola de Sargentos das Armas
(ESA) do Exército Brasileiro, a cidade de Ponta Grossa, nos Campos Gerais,
reúne uma série de requisitos que a capacitam para abrigar a estrutura. O
empreendimento deve receber investimentos de R$ 1,2 bilhão e reunir um
contingente de militares que pode chegar a 10 mil pessoas, entre alunos,
instrutores, familiares e todo o pessoal necessário para fazer a escola
funcionar. Além de Ponta Grossa, também disputam a implantação da unidade as
cidades de Recife (PE) e Santa Maria (RS).
A infraestrutura e a localização de Ponta Grossa são pontos
que se somam a seu favor. Quarta em número de habitantes no Paraná, com uma
população de 355 mil pessoas, é a cidade de maior porte mais próxima da
Capital. Fica a 108 quilômetros de Curitiba, a cerca de 130 quilômetros do
Aeroporto Internacional Afonso Pena e a 200 quilômetros do Porto de Paranaguá.
Mais que isso, é um verdadeiro ramal logístico, com um
entroncamento rodoviário que permite acesso fácil às demais regiões paranaenses
e aos estados vizinhos. É cortada pela BR-376, a Rodovia do Café, que faz a
ligação do porto e da Capital com o Norte e Noroeste do Paraná, além de estados
como São Paulo e Mato Grosso do Sul. Também tem o escoamento facilitado para
Santa Catarina, Rio Grande do Sul e até Brasília.
A maior parte dessas rotas é feita por rodovias duplicadas,
que devem ganhar ainda novas melhorias com investimentos já em execução e com o
novo programa de concessões de estradas do Paraná, previsto para ser levado a
leilão ainda neste ano.
“O Estado se prepara para ser a central logística da América
do Sul, e Ponta Grossa está no centro desse projeto, por ser um grande
entroncamento rodoferroviário que consolidou a cidade como um importante eixo
logístico, sede de grandes empresas de transporte”, afirma Henrique Palermo do
Vale, assessor da prefeitura encarregado pelo projeto da ESA.
A região também é considerada um ponto nodal para o
transporte ferroviário entre o Sudeste e o Sul do Brasil, modal que deve
receber investimentos de R$ 10 bilhões nos próximos anos com a renovação
antecipada da Malha Sul. “Toda essa estrutura nos torna uma cidade muito
competitiva. Ponta Grossa se encontra em processo de desenvolvimento muito
intenso, de crescimento industrial e atração de investimentos”,
destaca Vale.
O secretário estadual de Infraestrutura e Logística, Sandro
Alex, lembra que o Governo do Estado tem grandes projetos para o município,
também com vistas à implantação da ESA. “A secretaria dará toda a assessoria e
investimentos necessários para a viabilização dos acessos, da logística e
mobilidade para garantir a instalação desse projeto”, ressalta. “O Paraná é o
hub logístico do Brasil, e nesse sentido Ponta Grossa é estratégica, tanto que
temos aqui investimentos históricos do Exército voltados para a área
logística”.
DESENVOLVIMENTO – Energia e saneamento são outros
pontos favoráveis da cidade, que tem 100% dos domicílios abastecidos pela rede
de água tratada e um índice de coleta e tratamento de esgoto que atinge 91% da
população, o que a coloca na 14a posição entre as cidades com o melhor
saneamento do País, de acordo com o Instituto Trata Brasil. O município também
é atendido pela rede de gás natural operada pela Compagas e conta com grandes
investimentos da Copel e da Sanepar.
Somados, esses fatores foram cruciais para atração de diversos
investimentos privados nos últimos anos. Com o apoio do programa de incentivos
fiscais do Governo do Estado, na última década o município ganhou cerca de 19
novas indústrias, incluindo multinacionais e empresas de grande porte, além de
oito que foram ampliadas e outras 11 que estão em processo de instalação.
A indústria de Ponta Grossa ocupa hoje a 51a posição
entre as cidades brasileiras, com Valor Adicionado Industrial de R$ 4,6
bilhões. Nos últimos oito anos, o parque industrial do município ganhou um
incremento de R$ 2,6 bilhões em investimentos privados, que geraram cerca de
13,9 mil empregos diretos e indiretos.
Isso inclui a implantação e ampliação de cervejeiras como a
Heineken e a Ambev, de gigantes do agronegócio como a Bunge, Cargill e BRF, além
da Continental, Grupo Madero, Makita e Tetra Pak. A cidade também passou a se
destacar ao abrigar as montadoras DAF e TatraBras. A montadora tcheca é,
inclusive, especializada na fabricação de caminhões pesados, incluindo veículos
militares e de defesa.
Para a prefeita Elizabeth Schmidt, um dos diferenciais da
cidade é sua condição fiscal, com nota A de capacidade de pagamento, de acordo
com a Secretaria do Tesouro Nacional. “É uma garantia de que o município tem
capacidade de endividamento e pagamento e pode investir na sua infraestrutura e
em projetos para melhorar a qualidade de vida da população”, explica.
“Boas estradas, água, energia, gás, Ponta Grossa reúne todas
essas potencialidades. São projetos que não estamos sonhando em realizar, mas
que já estão incorporados na infraestrutura da cidade”, destaca a prefeita. “A
instalação da ESA seria uma grande conquista para o município, pensamos
principalmente no futuro da nossa cidade, que será reconhecida por contar com
uma escola do Exército desse porte, que vem para ficar por muitos anos”.
ESCOLA DE SARGENTOS – Criada em 1945, a Escola
Sargento Max Wolf Filho está instalada em Três Corações (MG) desde 1949. É um
estabelecimento de ensino superior do Exército voltado à formação de sargentos
de Infantaria, Cavalaria, Artilharia, Engenharia e Comunicação. O patrono da
unidade é um sargento paranaense, natural de Rio Negro e membro da Força
Expedicionária Brasileira, morto em combate na Itália durante a Segunda Guerra
Mundial.
Com a possibilidade de ampliar a formação de oficiais,
incorporando outras unidades de ensino da corporação, o Exército iniciou os
estudos para a sua transferência. Em um primeiro momento, foram consideradas 18
cidades para receber a estrutura, sendo que Ponta Grossa, Santa Maria e Recife
continuam na disputa.
Nas outras duas cidades, a previsão é que ESA ocupe áreas já
pertencentes ao Exército. Em Ponta Grossa, está sendo destinado um terreno de
4,5 mil hectares no distrito de Itaiacoca, onde hoje está instalada a Fazenda
Modelo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Em contrapartida,
o Exército destinaria à Embrapa uma área no município vizinho de Palmeira.
“Essa é uma das vantagens de Ponta Grossa. Caso a ESA seja
instalada na cidade, o Exército vai incorporar ao seu patrimônio um terreno de
cerca de 50 quilômetros quadrados, uma área estratégica, boa para construir”,
afirma o secretário estadual da Segurança Pública, Romulo Marinho Soares. “Para
o Estado e o município, além da geração de emprego e renda que uma estrutura
como essa representa, contar com uma escola das Forças Armadas desse porte traz
uma ótima visibilidade”.
Em abril, uma comitiva do Exército esteve na cidade para
conhecer a estrutura, dentro do processo de vistoria e estudos para implantação
da unidade. O general José Russo Assumpção Penteado, comandante da 5a Divisão
do Exército, responsável pelos estados do Paraná e Santa Catarina, destacou na
ocasião a importância da academia para a formação militar.
“Com a migração, a nova estrutura vai reunir toda a formação
de sargentos do Exército Brasileiro. Estamos falando de 2,2 mil a 2,4 mil
alunos e uma população no entorno disso de 9 mil a 10 mil pessoas”, explica.
“Certamente o Exército escolherá o melhor local para a formação dos oficiais
que são a base da corporação. São três bons locais que estão sendo estudados
detalhadamente”.
“O diferencial de Ponta Grossa é que é uma área que não
pertence ao Exército, nas outras duas cidades os locais destinados já são
campos de instrução do Exército. A centralidade de Ponta Grossa é outro
diferencial, já que uma das cidades fica ao Norte do País, na região Nordeste,
e outra bem ao Sul”, salienta. “Com relação ao eixo, Ponta Grossa está melhor
localizada, mas as outras também têm suas vantagens competitivas. A opção que o
Exército adotar será a melhor para formação dos sargentos”, ressalta o general
Penteado.
Após o processo de avaliação e estudos das três cidades, o
Alto Comando do Exército deve decidir no início do segundo semestre onde será
instalada a nova Escola de Sargentos de Armas.
CONTRAPARTIDAS – A prefeitura de Ponta Grossa oferece
uma série de contrapartidas ao Exército para a instalação da escola, que inclui
facilidades às Forças Armadas, isenção fiscal e a garantia de obras de
infraestrutura para o funcionamento do espaço, como a construção de um novo
contorno rodoviário nas proximidades, um acesso adicional à ESA, ampliação da
infraestrutura aeroportuária e disponibilidade de serviços de saneamento,
energia e comunicação de alta qualidade na área de operação.
Entre as propostas apresentadas também há a criação de uma
Zona Especial Militar no perímetro da ESA, que dará flexibilidade para os
projetos da escola e da futura Vila Militar, e a cessão de um hangar no
Aeroporto de Sant’Ana, que passará por grande transformação nos próximos
meses, para uso da ESA e das Organizações Militares. A prefeitura também
deve disponibilizar 20 mil metros quadrados em áreas na cidade para residências
militares e imóveis para o estabelecimento de um Hospital Militar de Guarnição
e um Colégio Militar.
"O municípior tem muito a ganhar com a ESA. Ponta
Grossa está preparada para receber esses alunos e seus familiares com conforto
e segurança e, num futuro próximo, usará toda essa repaginação da área para
atrair novos investimentos industriais e comerciais, elevando, ainda mais, as
conquistas sociais", arremata a prefeita Elizabeth Schmidt.