Jogos da Primavera chegam à 70ª edição como parte da história | aRede
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Jogos da Primavera chegam à 70ª edição como parte da história

Os JEPs são os jogos mais antigos dos de forma ininterrupta, e um dos mais antigos do Brasil; em 2025, os jogos acontecem de 26 de setembro a 5 de outubro

Serão 3.450 medalhas em disputa durante toda a competição
Serão 3.450 medalhas em disputa durante toda a competição -

Publicado por Lilian Magalhães

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Em setembro de 1956, a primeira edição dos Jogos Estudantis da Primavera (JEPs) era realizada pelo Diretório Acadêmico Joaquim de Paula Xavier (DAJPX) da, à época, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ponta Grossa. Em 2025, os JEPs da Universidade Estadual de Ponta Grossa acontecem de 26 de setembro a 5 de outubro e representam a 70ª edição de um evento que fez parte da história da cidade. Por isso, a UEPG preparou um material especial para resgatar a história dos Jogos como parte da formação da sociedade ponta-grossense. Os JEPs são os jogos mais antigos dos de forma ininterrupta, e um dos mais antigos do Brasil.

Em crônica para a Rádio Clube Ponta-grossense, em 17 de setembro de 1958, Vieira Filho celebrou o crescimento dos jogos. “De ano para ano ganha maior imponência, mais desenvoltura, brilho mais acentuado, esse magnifico torneio estudantil, que o espírito idealista e realizador de Antônio José França Satyro idealizou e concretizou (…)”. O radialista projetava uma tendência dos jogos para ganhar âmbito estadual, reunindo mais municípios. Além disso, destacou a importância de tomar providências: conseguir renda própria para hospedar delegações do interior e reforço do policiamento.

Em 2015, Cláudio Jorge Guimarães, historiador e professor do Departamento de Educação Física da UEPG, lançou o livro Jogos Estudantis da Primavera: 60 anos de esportes em Ponta Grossa. Como estudioso dos esportes, o professor faz um alerta: “Você não pode pensar os jogos pelos jogos. São pessoas interagindo, o que envolve uma questão econômica, a questão social, das relações e da interatividade. São os jogos como parte da sociedade da época e da história da cidade”, defende o professor Cláudio. 

O INÍCIO DE TUDO (1956-1973) - A principal característica dos Jogos Estudantis da Primavera em seu surgimento é ser realizado entre estudantes de diferentes níveis de ensino. Não dividir em categorias de idade permitia a disputa, por exemplo, de um time de Ensino Superior contra Ensino Médio. Até 1973, o evento foi organizado por um Diretório Estudantil. Em 2015, o professor Cláudio teve a oportunidade de entrevistar o professor Antônio José Franca Satyro, que era aluno de Filosofia e idealizador dos JEPs, e compartilhou sobre o início da história.

“Quando eu era estudante, eu tinha um grêmio lá no colégio. Aqui (em Ponta Grossa) não tem nada (…). Eu já tinha feito com a esposa o regulamento dos Jogos, estava prontinho (…). Li o regulamento, ele tá aprovado, e agora? Vamos às outras escolas. Vamos consultar! Ponta Grossa não tinha nada no meio estudantil, quando eu convidei um, convidei outro e fui visitar colégio, todo mundo topou imediatamente”, contou o professor Satyro, em entrevista em agosto de 2015.

Durante o livro, o professor Cláudio explica o contexto de surgimento dos JEPs: “… os Jogos nasciam em um contexto de greve em que os estudantes não possuíam alternativas outras, além dos estudos. Sem atividades voltadas para lazer, falta de espaços destinados para a juventude do período”. Nesse cenário, o primeiro regulamento dos jogos estabelecia a participação permitida a todos estabelecimentos de ensino, desde que se comprometessem em cumprir a regulamentação. Ou seja, não havia limitações de idade. Em sua primeira edição, o regulamento previa a realização de competições de futebol, bola ao cesto (basquete) e vôlei. Além deles, tênis de mesa e xadrez foram disputados, diante da inscrição dos interessados. 

Já em 1956, o Regente Feijó iniciou uma dinastia. Mesmo disputando contra alunos de Ensino Superior, o Regente foi campeão geral 20 vezes nos 22 primeiros anos do evento (de 1956 até 1978).  “O Regente tinha um volume de alunos muito grande. Eram quase 4.000 alunos, então montar equipes era muito fácil. Para os alunos, era difícil conseguir uma vaga, porque o nível era muito alto”, explica o professor Cláudio.

Ainda nessa primeira fase, um grande marco é a construção do Ginásio de Esportes Borell Du Vernay, que foi inaugurado em março de 1960. O espaço ficava lotado para receber os jogos e as filas para compra de ingressos eram enormes. Outro ponto que ajudava a atrair grandes públicos é que os Jogos da Primavera eram realizados próximos ao aniversário de Ponta Grossa. Com isso, a abertura da primeira edição dos JEPs contou, inclusive, com a presença do governador à época, Moisés Lupion.

O CRESCIMENTO DOS JOGOS (1974-2000) - Em 1974, a primeira turma do curso de Educação Física entra na UEPG. Na época, existia uma obrigatoriedade legal para a prática esportiva. Até então, profissionais do 13º Batalhão de Infantaria Blindada (13º BIB) ministravam a prática esportiva com os alunos da Faculdade, mas já existia uma pressão para formação de mão de obra local que pudesse atender essa necessidade. A criação do Centro de Desportos e Recreação (CDR) reuniu os professores responsáveis por realizar essa prática.

“Todo esse processo é em 73 e a primeira turma de Educação Física entra na nossa Universidade em 74, turmas masculinas e turmas femininas. Então, há uma legislação que exige a questão da prática desportiva. Eu sou desse contexto aí, com começo dos anos 80, onde a gente tinha a obrigatoriedade da prática desportiva. Como eu trabalhava durante o dia e estudava a noite, eu fui dispensado”, conta o professor Cláudio. Nesse período, a organização dos Jogos é realizada pela UEPG a partir do Diretório Central de Estudantes (DCE).

Em 1979, um grande marco para a história dos JEPs: João do Pulo participa do desfile de abertura. À época, ele já havia conquistado o bronze nos Jogos Olímpicos de Montreal (1976) e estava prestes a repetir o feito nas Olimpíadas de Moscou (1980). “Era o ponto de encontro da juventude. As imagens e as narrativas jornalísticas mostram a abertura do evento com mais de 10 mil pessoas (…). Nós temos essa movimentação cultural, com baile de abertura dos jogos e baile de encerramento”, conta o professor Cláudio.

Em 1981, o vice-reitor professor Waldir Silva Capote defendia os JEPs como “tão necessários ao desenvolvimento do esporte brasileiro e que hoje inclusive se destacam no esporte profissional”, segundo depoimento para o CAC Informativo de setembro de 81. Outro reflexo desse momento social é a premiação para a rainha dos jogos, como mostra matéria do CAC Informativo de setembro de 1982. Neste ano, a abertura contou com desfile no Estádio Germano Kruger. A edição bateu recorde de participação, com quase três mil atletas inscritos e 21 municípios participantes. “Os JEPs vêm sendo desenvolvidos há 27 anos constituindo-se no maior evento poliesportivo no interior do Paraná”, avisa a chamada de capa da edição do periódico.

NOVOS TEMPOS (2001 - ATUALMENTE) - A entrada no século XXI traz novas discussões para a área esportiva. Novas modalidades, paradesportos e, posteriormente, a inserção dos jogos eletrônicos mudam a perspectiva dos esportes. “Nós saímos das modalidades mais tradicionais e vamos encontrar outra estrutura, outro pensamento dos jovens, a partir do século XXI”, explica o professor Cláudio.

Para a equipe organizadora dos JEPs atualmente, esse cenário é um desafio. “A ideia é chegar o mais perto possível da grandiosidade que os jogos já foram. Queremos criar um momento de encontro para a juventude, mas temos que entender que são outros tempos. Temos televisão, videogame, shopping, e várias coisas que diluem a atenção dos jovens”, explica a administradora da Coordenadoria de Desportos e Recreação (CDR), professora Natasha Rise. Para isso, a CDR aposta na inserção de novas modalidades, integração com as atléticas da UEPG e nos E-sports. Para esta edição, a disputa de esportes eletrônicos será de Fifa e League of Legendes (LoL).

Os JEPs carregam a marca de serem os mais antigos jogos realizados de forma ininterrupta no Paraná. Mesmo durante a pandemia, o evento continuou a ser realizado. “O caso dos E-sports foi específico por causa da pandemia. Em 2021, foi tudo remoto com os E-sports como carro chefe. Em 2022, houve uma versão reduzida. Estava naquela suspeita se iria abrir tudo ou não, mas no momento de submeter o projeto ainda tinha essa incógnita. O que aconteceu? No fim, quando os jogos aconteceram, já estava funcionando tudo normalmente”, explica a professora Natasha.

UEPG, JEPS E GRANDES ATLETAS - A história da Universidade Estadual de Ponta e dos Jogos da Primavera caminham juntas. O surgimento dos Jogos é dentro da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ponta Grossa, que compõe o grupo de instituições que posteriormente vai originar a UEPG. A partir de 1974, os Jogos passam a ser realizados dentro da UEPG em conjunto com o DCE. Posteriormente, a organização passa para a CDR. Em 70 edições, os Jogos da Primavera reuniram figuras marcantes da cidade e do esporte.

O professor João Lubczyk, antigo reitor da UEPG, foi presidente do DAJPX e contribuiu na construção dos Jogos. O também ex-reitor Daniel Albach Tavares foi presidente do DAJPX entre 1960 e 1961, coordenou os jogos durante esses anos ainda como acadêmico e ficou conhecido como um grande apoiador das atividades esportivas. Na área da disputa esportiva, um dos grandes nomes com atuações pelos Jogos da Primavera foi o jogador de basquete Mayr Facci, com participação, inclusive, nas Olimpíadas de Helsinque de 1952 e Olimpíadas de Melbourne de 1956.

Para o reitor da UEPG, professor Miguel Sanches Neto, a edição 70 dos Jogos é um momento de comemoração. “Esta é uma edição histórica dos Jogos Estudantis da Primavera, que chega ao seu ano 70 com a mesma jovialidade da primeira edição, mas com um olhar para toda essa trajetória, homenageando grandes figuras que participaram dele. A longevidade dos Jogos é mais uma prova da responsabilidade da UEPG com os grandes projetos que ela sedia. Para nós, é uma honra participar desta edição”, defende o reitor.

Para esta edição, a abertura dos Jogos homenageia em sua abertura grupos de atletas históricos, gestores políticos, treinadores e gestores da Coordenadoria de Desportos e Recreação (CDR), – órgão responsável pela organização dos Jogos dentro da UEPG – que fizeram parte da história dos JEPs. Em sua 70ª edição, os Jogos da Primavera vão reunir 4.041 atletas, que compõem 121 delegações, entre instituições de ensino e atléticas. Ao todo, 20 municípios serão representados, com disputas em 19 modalidades. Além disso, os jogos movimentam 288 membros de comissão técnica e 30 dirigentes. Serão 3.450 medalhas em disputa durante toda a competição. 

Com informações de: UEPG.

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