Alvaro quer propor candidatura de 'centro' em 2018
Senador ressaltou que saída para a crise política deve respeitar a Constituição e afirmou que quer representar saída viável para o país
Publicado: 03/11/2017, 15:59
Com passagens por todos os cargos públicos eletivos, Alvaro
Dias deve ser candidato à Presidência da República pelo Podemos em 2018.
Atualmente ocupando o cargo de senador pelo Paraná, Dias deixou o Partido Verde
(PV) para reforçar o novo projeto do Podemos (antigo PTN).
Com experiência de ter sido governador do Paraná e no Senado
desde 1999, Alvaro descarta extremismos e acredita que a saída para a crise
política no Brasil “deve respeitar a Constituição Federal”. Em entrevista ao Jornal da Manhã e ao portal aRede, o senador ressaltou ainda que é
contra o “balcão de negócios da política” e lembrou que se sente obrigado a
oferecer uma opção ao eleitor em 2018.
Jornal da Manhã: O
senhor é pré-candidato à Presidência?
Alvaro Dias: Sim.
Recebi o lançamento da minha pré-candidatura pelo Podemos como uma convocação,
e sinto-me honrado com isso. O partido fez o lançamento do projeto
partidário e, ao mesmo tempo, anunciou o seu propósito de oferecer uma
alternativa ao país, colocando o meu nome. Estou me preparando para isso. É uma
questão de responsabilidade oferecer opções.
JM: O que motivou
o senhor a buscar a Presidência em 2018?
Alvaro: Na minha
opinião, os atuais partidos políticos estão envolvidos em denúncias e serão rejeitados
nas próximas eleições. Acredito que a próxima eleição presidencial será
definitiva para comprovar os resultados da Operação Lava Jato. E os brasileiros
estarão de olho nos candidatos que, comprovadamente, não tiveram relação com os
grandes escândalos de corrupção denunciados nos últimos anos. Eu sempre estive
na oposição, apontando irregularidades nas administrações pública. Acho que não
dá para apenas criticar. Temos que oferecer propostas. Além disso, a coerência
e a transparência têm sido meus grandes aliados na vida pública. Quantas
vezes denunciamos a corrupção? Inúmeras. Desde 2009, alertei o governo sobre as
irregularidades na Petrobras, protocolando 19 representações na
Procuradoria-Geral da República. Também desde 2005, venho denunciando os
empréstimos secretos do BNDES. Venho defendendo a aprovação de meus projetos,
especialmente o que acaba com o foro privilegiado (já aprovado pelo Senado) e o
que reduz o número de parlamentares. Acho que a população tem que saber separar
o joio do trigo. Há políticos realmente comprometidos, e é isso que motiva.
JM: E qual é o
projeto político do Podemos para o próximo ano?
Alvaro: O Podemos
está em fase de estruturação partidária nos estados. Somos uma legenda nova e o
objetivo é fortalecer a democracia direta, ouvindo o que quer o eleitor. Nosso
projeto para o próximo ano é continuar construindo canais sólidos com o cidadão
para que a nossa mensagem seja ouvida e reproduzida e, dessa forma, possamos disputar
a eleição presidencial com chances reais de vitória.
JM: Quais as
propostas que devem compor a campanha do partido no próximo ano?
Alvaro: Já temos
um grupo de notáveis debatendo alternativas para o País e apresentando propostas.
Elas serão debatidas com o eleitor, e serão divulgadas no momento oportuno. Mas
sou um grande defensor de reformas. É preciso, por exemplo, reformar
o sistema federativo, que está esgarçado com a distribuição injusta dos
recursos. Precisamos também de uma reforma tributária, porque temos um modelo
superado que sangra a economia do país e inibe o crescimento econômico.
JM: Em relação ao
cenário político e econômico atual, qual a avaliação que o senhor faz desta
conjuntura?
Alvaro: O fato de
grandes autoridades, incluindo o presidente da República, estarem sendo
denunciadas e julgadas comprova a mudança de rumo na justiça
brasileira. Temos que ressuscitar a esperança da sociedade para, juntos,
lutarmos por mudanças e abominar os governos envolvidos em escândalos enquanto
nas filas de hospitais vemos milhares de pessoas pedindo socorro e pais e mães
desesperados pedindo por segurança pública. A crise é fruto de uma herança
maldita, financiada por governos corruptos. É preciso que todos ajudem a arrancar o
Brasil das mãos sujas que hoje dirigem a nação.
JM: Como garantir
a retomada do crescimento econômico do país?
Alvaro: Depois de
anos de assalto ao País, a recuperação econômica do Brasil deve ser lenta,
porque o rombo foi grande, mas temos que apostar em uma solução. Por
enquanto, medidas paliativas estão sendo adotadas pelo governo, mas só um novo
presidente legitimado pelo voto pode dar um novo rumo ao País. Não foram
os brasileiros que fracassaram. Quem fracassou foi o governo. O brasileiro está
pagando caro pela incompetência administrativa e ganância dos governantes.
JM: Em relação ao
governo do presidente Michel Temer, qual é a posição do Podemos e do senhor? O
senhor concorda com as reformas (previdência e trabalhista) apresentadas?
Alvaro: Eu
defendi o impeachment da chapa Dilma/Temer. O governo Temer foi parceiro do
governo do PT e é adepto das mesmas práticas do toma lá dá cá e da corrupção.
Eu sou, historicamente, contra esse tipo de negociatas, portanto sou contra
esse governo. Essa é a mesma posição da presidente do Podemos, deputada Renata
Abreu. Em relação às reformas, como disse, sou favorável a elas, mas não as
feitas por um governo sem credibilidade e envolvido em denúncias de corrupção.
Acho que as reformas devem ser amplamente discutidas com a população, e não
devem mexer em direitos adquiridos.
JM: Sobre a
reforma política, as mudanças atenderam às necessidades do país? Há necessidade
de novas mudanças no sistema político e eleitoral?
Alvaro: Não houve
reforma política, mas sim um arremedo de legislação para beneficiar alguns
partidos. Fui contra o fundo público de campanha. Acredito que a campanha
eleitoral de 2018 deveria ser muito mais do que franciscana. Cada candidato só
deveria gastar o que arrecadar de doações espontâneas e pessoais, sem fundos
públicos nem dinheiro de empresários. Uma reforma de verdade mexeria com os
partidos políticos, que são siglas para registro de candidaturas. Venho também
defendendo a redução do número de parlamentares desde 1999, mas as minhas
propostas esbarram no corporativismo
JM: Para disputar
a Presidência em 2018, o Podemos pretende fazer alianças com outros
partidos?
Alvaro: Venho
defendendo há muito tempo o fim do balcão de negócios na política.
Acredito que essa seja a raiz de todos os males, e também acredito ser possível
governar sem rimar governabilidade com promiscuidade. É um escárnio dizer
que é impossível governar o Brasil sem o toma lá dá cá. A enorme coalizão
articulada pelo ex-presidente Lula deu no que deu. Os brasileiros estão
exigindo seriedade e responsabilidade. A grande aliança dos políticos
deve ser com a sociedade
JM: Há conversar
com lideranças de outras legendas? Quais?
Alvaro: Estamos
conversando com lideranças de partidos e da sociedade civil, mas o segredo é a
alma do negócio.
JM: Como o senhor
vê o debate político hoje, com esta polarização entre esquerda e direita, além
de manifestações favoráveis a uma intervenção militar? Qual é a sua análise
sobre este cenário?
Alvaro: Não há
caminho fora da Constituição, fora da democracia. Houve, nos últimos tempos,
uma esquizofrenia ideológica nas redes sociais, em função do momento político,
das denúncias de corrupção. Será necessária uma candidatura de centro e
que seja sustentada pelas forças vivas da sociedade. As pessoas lúcidas darão
sustentação a um projeto responsável, no caminho do centro e em direção ao
amanhã. O Podemos pretende eliminar essa dicotomia entre esquerda e direita.
Não nos vinculamos à extrema esquerda nem à extrema direita. Nossa pretensão é
somar valores de ambos e caminhar para a frente, promovendo avanços e
resolvendo problemas. É isso que a população quer.
JM: O que o
senhor acredita que as eleições de 2018 possam colocar um fim à crise política
e econômica do país?
Alvaro: A
Lava Jato mudou o cenário da política brasileira. Vivemos as consequências da
operação que retirou do tapete toda a sujeira acumulada nos últimos anos. Isso
está exigindo nova postura, novo comportamento, mudança da cultura
política. Eu sempre digo que estamos vivendo um momento de faxina, para
que, a partir de 2018, possamos viver a mudança e sair da zona da crise.
JM: O que os
eleitores devem ter em mente na hora de ir às urnas no próximo ano?
Alvaro: A mudança é necessária, e as
pessoas precisam escolher corretamente os seus representantes, principalmente
aqueles que são comprometidos com a ética, com a responsabilidade fiscal, com a
correção nos seus atos. O Brasil vive momentos dramáticos, e é necessário um
trabalho conjunto de reconstrução do País. A juventude possui importância
fundamental nesta mudança, e deve participar ativamente da construção de um
futuro melhor. Para tirar o Brasil desse estado lamentável em que se encontra,
é preciso escolher pessoas com experiência administrativa e um passado limpo.
Só assim teremos um país mais justo e livre da corrupção.
Colaborou Stiven de
Souza.