Um em cada dez estudantes no Brasil é vítima de bullying
Dados do Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes mostra cenário preocupantes nas escolas brasileiras
Publicado: 19/04/2017, 14:29

Dados do Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes mostra
cenário preocupantes nas escolas brasileiras
No Brasil, aproximadamente um em cada dez estudantes é
vítima frequente de bullying nas escolas. São adolescentes que sofrem agressões
físicas ou psicológicas, que são alvo de piadas e boatos maldosos, excluídos
propositalmente pelos colegas, que não são chamados para festas ou reuniões. O
dado faz parte do terceiro volume do Programa Internacional de Avaliação de
Estudantes (Pisa) 2015, dedicado ao bem-estar dos estudantes.
O relatório é baseado na resposta de adolescentes de 15 anos
que participaram da avaliação. No Brasil, 17,5% disseram sofrer alguma das
formas de bullying “algumas vezes por mês”; 7,8% disseram ser excluídos pelos
colegas; 9,3%, ser alvo de piadas; 4,1%, serem ameaçados; 3,2%, empurrados e
agredidos fisicamente. Outros 5,3% disseram que os colegas frequentemente pegam
e destroem as coisas deles e 7,9% são alvo de rumores maldosos. Com base nos
relatos dos estudantes, 9% foram classificados no estudo como vítimas
frequentes de bullying, ou seja, estão no topo do indicador de agressões e mais
expostos a essa situação.
A publicação faz parte das divulgações do último Pisa, de
2015, avaliação aplicada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE). Participaram dessa edição 540 mil estudantes de 15 anos que,
por amostragem, representam 29 milhões de alunos de 72 países. São 35
países-membros da OCDE e 37 economias parceiras, entre elas o Brasil.
Em comparação com os demais países avaliados, o Brasil
aparece com um dos menores “índices de exposição ao bullying”. Em um ranking de
53 países com os dados disponíveis, o Brasil está em 43º. Em média, nos países
da OCDE, 18,7% dos estudantes relataram ser vítimas de algum tipo de bullying
mais de uma vez por mês e 8,9% foram classificados como vítimas frequentes.
“O bullying tem sérias consequências tanto para o agressor
quanto para a vítima. Tanto aqueles que praticam o bullying quanto as vítimas
são mais propensos a faltar às aulas, abandonar os estudos e ter piores
desempenhos acadêmicos que aqueles que não têm relações conflituosas com os
colegas”, diz o estudo, que acrescenta que nesses adolescentes estão também
mais presentes sintomas de depressão, ansiedade, baixa autoestima e perda de
interesse por qualquer atividade.
Satisfação e pertencimento
O levantamento mostra que os estudantes brasileiros estão
acima da média no quesito satisfação com a vida: 44,6% dizem que estão muito
satisfeitos, enquanto a média dos países da OCDE é 34,1%. Na outra ponta, tanto
no Brasil quanto na média dos países da OCDE, 11,8% dizem que não estão
satisfeitos com a vida.
No Brasil, 76,1% sentem que pertencem à escola. Entre os
países da OCDE, 73% dos adolescentes dizem ter esse sentimento de
pertencimento.
Quase todos os estudantes brasileiros (96,7%) querem ser
escolhidos para as melhores oportunidades disponíveis quando graduarem e 63,9%
querem estar entre os melhores estudantes da classe. Entre os países da OCDE,
esses percentuais são, respectivamente, 92,7% e 59,2%.
O Brasil, no entanto, aparece quase no topo entre os países
com estudantes mais ansiosos – 80,8% ficam muito ansiosos mesmo quando estão
bem preparados para provas. A média da OCDE é 55,5%. O país é superado apenas
pela Costa Rica, onde 81,2% dos estudantes relataram ansiedade nesses casos.
Mais da metade dos brasileiros, 56%, disseram que ficam tensos ao estudar. A
média da OCDE é 36,6%.
“Esses resultados sugerem a necessidade de relações mais
fortes entre escolas e pais para que os adolescentes tenham o apoio de que
necessitam, acadêmica e psicologicamente. Essa aproximação poderia contribuir
muito para o bem-estar de todos os alunos”, diz o relatório.
Pais e professores
O levantamento mostrou que pais e professores têm papel
importante no bem-estar dos estudantes. Estudantes que têm pais interessados
nas atividades escolares são 2,5 vezes mais propensos a estar entre as notas
mais altas da escola e 1,9 vezes a estar muito satisfeitos com a vida. Com o
apoio dos pais e responsáveis, os estudantes também têm duas vezes menos chance
de se sentir sozinhos na escola e são 3,4 vezes menos propensos a estar
insatisfeitos com a vida.
A participação dos professores também é importante.
Estudantes que recebem apoio e suporte dos professores em sala de aula são 1,9
vezes mais propensos a sentir que pertencem à escola do que aqueles que não têm
esse apoio. Aqueles que percebem que os professores são injustos com eles têm
1,8 vezes mais chance de se sentir excluídos na escola.
De acordo com o relatório, grande parte dos estudantes tem a
sensação de que é injustiçada pelos professores. Em média, nos países da OCDE,
35% dos alunos relataram que sentem, pelo menos algumas vezes por mês, que seus
professores pedem menos deles que dos outros estudantes; 21% acham que seus
professores os julgam menos inteligentes do que são; 10% relataram que os
professores os ridicularizam na frente dos outros; e 9%, que seus professores
chegaram a insultá-los na frente dos demais.
Bem-estar dos estudantes
Esta é a primeira vez que o Pisa divulga dados da
performance dos estudantes que dizem respeito à relação deles com os
professores, à vida em casa e a como gastam o tempo fora da escola. O relatório
que trata do bem-estar dos estudantes faz parte dos resultados do Pisa 2015. Ao
todo, participaram 540 mil estudantes de 15 anos que, por amostragem,
representam 29 milhões de alunos de 72 países. São 35 países-membros e 37
economias parceiras, entre elas o Brasil.
Aplicado pela OCDE, o Pisa testa os conhecimentos de
matemática, leitura e ciências de estudantes de 15 anos de idade. Em 2015, o
foco foi em ciências, que concentrou o maior número de questões da avaliação.
As
informações são da Agência Brasil.