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Coluna Fragmentos: Ponta Grossa e os núcleos habitacionais

A coluna ‘Fragmentos’, assinada pelo historiador Niltonci Batista Chaves, publicada entre 2007 e 2011, retorna como parte do projeto '200 Vezes PG', sendo publicada diariamente entre os dias 28 de fevereiro e 15 de setembro

Matéria a respeito do Núcleo Habitacional Santa Paula publicada pelo JM em 01 de fevereiro de 1980
Matéria a respeito do Núcleo Habitacional Santa Paula publicada pelo JM em 01 de fevereiro de 1980 -

João Gabriel Vieira

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Entre as décadas de 1950 e 1960, Ponta Grossa viveu um momento de intensa expansão do seu espaço urbano. Foi nesse período que a cidade se espalhou por diferentes direções de sua periferia e a especulação imobiliária ganhou forte impulso. Áreas desocupadas que antes não despertavam interesse comercial rapidamente ganharam valor.

Paralelo ao processo de expansão física e imobiliária da cidade, o poder público municipal teve que conviver com o fenômeno da população crescente e com o consequente aumento de demanda pela moradia. Com objetivo de solucionar, ou ao menos minimizar, tal situação o então prefeito Plauto Miró Guimarães valeu-se da política de habitação do Governo Federal trazendo para Ponta Grossa o modelo dos núcleos habitacionais.

Assim, em 1967 foi finalizado o Núcleo Habitacional 31 de Março. Nas suas festividades inaugurais estiveram presentes o governador Paulo Pimentel, o general José Bretas Copertino e o bispo Dom Geraldo Pellanda, todos – assim como Plauto – alinhados com o regime militar. Originalmente destinado para uma população de baixa renda, o núcleo, cujo nome é uma homenagem explícita àquele momento político brasileiro, ficava completamente isolado do centro da cidade, o que acabou por produzir uma série de transtornos e dificuldades para seus primeiros ocupantes e que só foram resolvidos com o passar dos anos.

Porém foi na década de 1970 que esse modelo de conjunto residencial planejado se multiplicou em nossa cidade. Nesse contexto surgiram diversos núcleos habitacionais como o Dal Col (na gestão Amadeu Pupi – 1975/76), o Santa Paula, o Santa Terezinha, o Santa Luzia, o Santa Maria, o Rio Verde, o Borsato e o David Federman (estes todos na gestão Luiz Carlos Zuk – 1977/82).

Ao longo dos anos 80 e 90 novos núcleos foram criados em Ponta Grossa. Destinados para as classes populares, todos eles foram projetados e instalados nas áreas periféricas do município, provocando uma mudança na estrutura física princesina. Semelhante ao ocorrido com o 31 de Março, os demais núcleos também enfrentaram grandes problemas durante seus primeiros anos de existência. A falta de calçamento nas ruas, a deficiência do sistema de transporte coletivo urbano, as limitações dos serviços médicos e educacionais, a ausência de mercados, farmácias e outros estabelecimentos comerciais, tornou o cotidiano bastante difícil para os moradores dos núcleos e fez com que muitas famílias desistissem de permanecer nesses locais.

Com o passar do tempo ocorreu a ampliação da infra-estrutura e da melhoria dos serviços oferecidos. Isso fez com que muitos núcleos se valorizassem e se tornassem espaços interessantes para segmentos das classes médias que passaram a comprar os imóveis a um baixo custo e a reformá-los, eliminando a uniformidade arquitetônica original dos núcleos. Desta forma, o perfil social de seus moradores também mudou e, na sua maioria, os núcleos habitacionais existentes em Ponta Grossa não se classificam mais como espaços específicos para as classes populares.

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O material original, com mais de 170 colunas, será republicado na íntegra e sem sofrer alterações. Por isso, buscando respeitar o teor histórico das publicações, o material apresentará elementos e discussões datadas por tratarem-se de produções com mais de uma década de lançamento. Além das republicações, mais de 20 colunas inéditas serão publicadas. Completando assim 200 publicações.

Publicada originalmente no dia 14 de setembro de 2008.

Coluna assinada por Niltonci Batista Chaves. Historiador. Professor do Departamento de História da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Doutor em Educação pela Universidade Federal do Paraná.

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