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Coronel do Caso Evandro teve morte brutal em PG

Valdir Copetti Neves assinou o dossiê Operação Magia Negra. Policiais ponta-grossenses faziam parte do Grupo Águia

Policiais ponta-grosenses participavam do Grupo Águia, que era chefiado por Copetti Nves
Policiais ponta-grosenses participavam do Grupo Águia, que era chefiado por Copetti Nves -

Valdir Copetti Neves assinou o dossiê Operação Magia Negra. Policiais ponta-grossenses faziam parte do Grupo Águia

O responsável pelas investigações no Caso Evandro, coronel Valdir Copetti Neves, foi executado com 13 tiros no final de outubro de 2018, na região do Botuquara, em Ponta Grossa. Ele estava saindo de sua fazenda em um veículo BMW 318ti, de cor prata, quando foi abordado próximo da porteira e recebeu sete disparos de revólver calibre .12 e outros seis tiros calibre .40, todos na cabeça.

Na época do Caso Evandro, Neves era capitão da Polícia Militar. Ele chefiava o Grupo Águia e foi quem assinou o dossiê Operação Magia Negra, relatório no qual explicava como a operação se sucedeu. Policiais de Ponta Grossa participaram dessa operação. O oficial foi condenado, posteriormente aos fatos, a 18 anos de prisão por formação de quadrilha e tráfico de armas, mais a perda do cargo.

Por conta das irregularidades nas investigações, as famílias dos meninos Evandro Ramos Caetano e Leandro Bossi desaparecidos nos anos 90 na cidade de Guaratuba, no litoral do Paraná, irão receber um pedido formal de perdão pelos erros cometidos pelo Estado no passado. Pois os crimes cometidos contra as duas crianças nunca foram desvendados de forma cabal, irrefutável e definitiva.

Ocorre que na época dos fatos, sob o comando de Copetti Neves, um grupo de legalidade questionável foi enviado a cidade pelo Estado e cometeu uma série de erros que geraram uma imensa sucessão de equívocos, contaminando toda a investigação.

Recentemente, uma série documental exibida pela Globo Play, apresentou provas de que este grupo liderado pelo oficial assassinado brutalmente em Ponta Grossa, torturou, dentro da mansão do ex-ditador paraguaio Alfredo Stroessner, os acusados para que confessassem o crime e ainda, em outro local, cometeu sevícias indescritíveis contra as mulheres que na época estavam sendo investigadas, forçando-as a assumir que teriam mandado matar o menino Evandro para praticar um ritual de magia negra.

Diante das novas revelações, a secretaria de Justiça do Paraná constituiu o Grupo de Trabalho “Caso Evandro - Apontamentos para o Futuro”, que propõe uma série de medidas práticas para prevenir tortura estatal, combater violência contra crianças e agir em casos de desaparecimento de pessoas.

Após assistir à série, ler o relatório, tomar conhecimento dos depoimentos espontâneos e ouvir os áudios da tortura, o secretário de Justiça, Família e Trabalho do Paraná, Ney Leprevost, formou convicção de que os acusados foram vítimas de gravíssimas violências físicas e resolveu pedir perdão também a eles pelos crimes de tortura cometidos no passado pelo Estado.

“Utilizar a máquina estatal para cometer tortura é crime. Neste caso vemos muitas vítimas: as crianças, seus pais, os acusados que foram torturados, pessoas que tiveram a vida profissional destruída, as instituições públicas que foram induzidas a erro, o município de Guaratuba que ficou anos e anos sendo discriminado e até o contribuinte paranaense que pagou por tudo isto. É a teoria de São Tomás de Aquino, tão ensinada nas faculdades de Direito, aplicada na prática: uma maçã podre fez toda investigação apodrecer”, afirma Ney.

Nos próximos dias, as famílias das crianças desaparecidas e os torturados do “Caso Evandro” irão receber cópias do relatório e cartas formais com pedido de perdão pelos erros cometidos no passado pelo Estado. O que, na prática, poderá servir para os advogados dos torturados nos pedidos de anulação do julgamento e para os pais das crianças acionarem o Estado na esfera cível pedindo indenizações pela sequência de danos sofridos.

Acesse o link para ter acesso ao texto da carta que será enviado para senhora Celina Abagge que tem 82 anos de idade e foi vítima de tortura e sevícias em seus órgãos íntimos.

https://www.justica.pr.gov.br/sites/default/arquivos_restritos/files/documento/2021-12/a_senhora_celina_abagge.pdf

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