Carta de médica deixa família desesperada em PG
Publicado: 24/03/2016, 11:57
Uma carta enviada pela doutora Fabíola Pedron Peres da Costa, do Hospital Angelina Caron em Curitiba, deixou uma família ponta-grossense desesperada. No texto, a doutora explica os motivos porque é contra a realização de uma cirurgia de transplante renal para o jovem Bruno Henrique Cordeiro da Rocha, de 19 anos. Bruno sofre de insuficiência renal, faz tratamento de hemodiálise três vezes por semana, toma 30 comprimidos por dia, sofre de pressão alta e já teve convulsões.
“Reforço minha postura de não realização de transplante com doador não parente sem laço afetivo e reforço a possibilidade de se manter em fila de doador falecido”, relata a médica na carta. A decisão deixou a família preocupada com o tempo que Bruno pode esperar em uma fila de doador de órgãos falecido. “Achamos um absurdo a decisão da médica. Ele tem que ficar esperando a fila de espera? Vai saber quanto tempo demora até conseguirmos um doador”, questiona a mãe de Bruno, Juliana Cordeiro.
A família acionou a Defensoria Pública de Ponta Grossa para tentar agilizar os procedimentos médicos e realizar a cirurgia. “Esperamos a Defensoria para agir e ver se não conseguimos fazer a cirurgia com os próximos candidatos (a doadores)”, fala Juliana.
Confira a carta da médica na íntegra:
"Acabei de receber uma informação que foi divulgada em mídia solicitação de doadores renais para o paciente Bruno Henrique Cordeiro da Rocha. Nela consta um apelo da família em mídia para doação renal para o paciente. Segue minhas orientações:
Em se tratando de doador não parente, os passos são diferentes dos de doador vivo. Há necessidade de autorizações da equipe de transplante, comitê de ética do Hospital, Central de Transplante e juiz de Direito. Para esta última liberação existe a necessidade de semelhanças genéticas.
Em nenhum momento fomentamos ou indicamos tal alternativa ao paciente. Em minha prática clínica, não estimulo e não concordo com esta postura. Não realizo transplante com doador não parente que não apresenta laço afetivo.
Outra consideração a respeito do assunto é de que não encaramos o transplante renal como “cura” da doença renal, e sim, uma forma de tratamento renal, tal como hemodiálise e diálise peritoncal. Ao contrário de outros órgãos como coração e fígado que não existem alternativas de tratamento.
Reforço minha postura de não realização de transplante com doador não parente sem laço afetivo e reforço a possibilidade de se manter em fila de doador falecido".