'Quase vendido', Hospital São Camilo deve fechar em PG

Com atraso de nove meses no aluguel e instalado irregularmente no prédio desde junho de 2015, o Hospital São Camilo tem o destino indefinido. A situação precária da unidade de saúde foi exposta pelo vice-prefeito (e médico), José Carlos Raad, o Doutor Zeca. O médico não poupou críticas à Secretaria de Saúde do Município.

A Prefeitura de Ponta Grossa, responsável por quitar o aluguel do prédio, admitiu em nota o atraso e disse que está “normalizando” os pagamentos. No entanto, os proprietários do prédio afirmaram ao Jornal da Manhã que não tem mais interesse em renovar o contrato e já estão em negociação avançada para a venda do empreendimento.

Rodrigo Carvalho de Abreu e Lima, representante legal dos proprietários do prédio em que o São Camilo está instalado, disse que o pagamento do aluguel era realizado “sempre com atraso” pela Prefeitura da cidade. “Nós sempre recebemos o pagamento com atraso, mas a situação está insustentável. O contrato está vencido desde junho do ano passado”, criticou Rodrigo.

O administrador também denunciou que, mesmo sem pagar o aluguel nos últimos nove meses e ocupando o local de maneira irregular, servidores da Secretaria de Saúde teriam “destruído” um prédio anexo ao São Camilo. “Eles usavam o espaço como um depósito, mas deixaram o local em um estado degradante. Vamos ter que demolir o espaço”, salientou.

Em nota, a Secretaria de Saúde afirmou que a Prefeitura paga apenas o aluguel do anexo utilizado como almoxarifado e manutenção. Segundo a nota, a falta de pagamento do aluguel “não inviabiliza o funcionamento do hospital, pois o mesmo é contratualizado com o Estado e não com o município”, informou a nota.

Segundo apurou a reportagem do Jornal da Manhã, o aluguel do local gira em torno de R$ 25 mil por mês – a dívida do Poder Municipal já estaria na casa dos R$ 225 mil reais. Rodrigo salientou que diante do impasse da Prefeitura em realizar os pagamentos e renovar o contrato, os donos do imóvel não desejam mais manter o vínculo. “O local está praticamente vendido”, contou. O administrador preferiu não revelar qual será o destino do prédio que atualmente abriga o hospital.

Críticas de Dr. Zeca deverão causar crise política

Os apontamentos do vice-prefeito deverão iniciar uma crise política no Governo Municipal. Dr. Zeca não poupou críticas à gestão da Secretaria de Saúde e condenou o fechamento dos Centros de Atenção à Saúde (CAS). “Com o fechamento dos CAS, sobreveio reflexos negativos que eram plenamente previsíveis, e poderiam ser evitados, destacando, principalmente, a sobrecarga verificada nos atendimentos realizados no Pronto Socorro e na UPA (Unidade de Pronto Atendimento), que, atualmente, estão absolutamente comprometidos em face de uma natural e previsível demanda crescente”, salientou o médico.

Sesa nega dívida com o hospital

Segundo Rodrigo Carvalho, os proprietários do imóvel já estão negociando a venda do prédio e dão como certa a saída do hospital do local. “Os diretores do São Camilo em São Paulo querem fechar o Hospital”, contou Rodrigo. Segundo representante a instituição deverá se desvincular do Sistema Único de Saúde (SUS) – o prazo para esse desligamento é de 60 dias. Através da assessoria de imprensa, a Secretaria da Saúde do Paraná (Sesa) informou que o São Camilo recebe por “produtividade” e não há débitos entre o Estado e do Hospital. A reportagem do JM tentou entrar em contato com a administração do São Camilo em Ponta Grossa, no entanto os responsáveis não atenderam aos telefonemas.

Convênio

Zeca afirmou que a Pasta de Saúde não quis renovar o convênio com o São Camilo. “Sem qualquer piedade, sensibilidade ou traquejo administrativo, [a Secretária de Saúde] manifesta seu não interesse em renovar o contrato de aluguel do imóvel”, escreveu. Através da assessoria, a Prefeitura informou que não tem autonomia sobre o funcionamento do hospital.

Informações do Jornal da Manhã.