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Pastor João Carlos quer levar política social à Prefeitura de PG

Candidato a vice na chapa liderada por Professor Edson, pastor João Carlos Oliveira Andrade ressalta a trajetória na política social

João Carlos Oliveira Andrade ressalta a trajetória na política social
João Carlos Oliveira Andrade ressalta a trajetória na política social -

Candidato a vice na chapa liderada por Professor Edson, pastor João Carlos Oliveira Andrade ressalta a trajetória na política social

Após trilhar sua caminhada no Exército da Salvação, o pastor João Carlos de Oliveira Andrade (PCdoB) estreia na vida política em 2020. Ao lado de Professor Edson (PT), o pastor aposentado ocupa o cargo de vice na chapa composta entre PT e PCdoB. João foi o primeiro candidato a vice-prefeito(a) entrevistado pelo portal aRede, Jornal da Manhã e blog do Doc.Com - os outros quatro candidatos(as) serão entrevistados durante a semana.

João Carlos trilhou carreira na política social, atendendo moradores de rua e crianças através do Exército da Salvação. Em 2020, o pastor aposentado participa, pela primeira vez, da disputa por um cargo público. Durante a entrevista, João Carlos ressaltou ser contra posicionamentos religiosos conservadores e destacou que a política deve ser feita em prol das pessoas e não de grupos econômicos.

Jornal da Manhã: No meio político você ainda é desconhecido. Fale um pouco de você e de sua trajetória:

Pastor João Carlos: Eu nunca fiz política partidária, pela primeira vez que eu me coloco à disposição da sociedade para representá-la. Em toda minha vida no Exército de Salvação eu fiz política social, cuidando das pessoas. Fui nomeado em Curitiba em 1996 e trabalhei com crianças em situação de rua. Eu tenho meninos que tirei da rua e foram para o Exército de Salvação e hoje são pais de família. Levamos essas crianças nas casas de apoio e tiveram suas vidas transformadas.

JM: Como que se deu essa composição entre PT e PCdoB?

João Carlos: Primeiro quero dizer por que entrei no PCdoB? Há uma similaridade das propostas do homem de Nazareth com os as propostas do partido comunista e dos partidos de esquerda. Você pode criar narrativas para ajudar uma pessoa ou para destruí-la. Jesus foi visto como agitador social e foi assassinado porque denunciou o comércio que havia no Templo. Depois disso, os líderes religiosos instrumentalizam o povo a gritar para que o crucifiquem. O mesmo povo que anteriormente Jesus havia ajudado e curado.

A composição com o PT é importante porque o PT tem história nesse país. Tem pessoas pagando 25 reais por mês para ter sua casa própria. Por isso estamos juntos com o PT. Tive oportunidade de viajar entre Curitiba e RJ e encontrei um servente de pedreiro no avião comigo. Na époco em que o PT governou os trabalhadores podiam viajar de avião com o dinheiro que ganhavam. Hoje até para andar de ônibus é complicado.

JM: Como será o governo de vocês numa eventual administração de Ponta Grossa?

João Carlos: Colocar em prática aquilo que o Governo Péricles já fez no passado. Na época do Péricles, foram entregues mais de sete mil lotes urbanizados para famílias de baixa renda. Pequenos apartamentos, casas, etc. Professor Edson foi secretário do Péricles. Podemos fazer muito mais, retomando o protagonismo da Prolar para que ela possa cumprir sua função e entregar lotes e casas para pessoas de baixa renda. As políticas públicas precisam chegar na periferia da cidade e esse é o diferencial do PT e do PcdoB, porque esses partidos incluem no orçamento público as pessoas que estão na periferia.

JM: Do Plano de Governo de vocês, o que você destaca no atendimento às pessoas que mais precisam do Poder Público?

João Carlos: São uma série de programas, nós podemos colocar a própria questão da segurança pública. A Segurança Pública é algo sensível, em qualquer cidade do país. Foi por causa do medo que Bolsonaro foi eleito. Em nenhum país do mundo, o Brasil especialmente, não consegue resolver o problema da segurança se continuar adotando a política da repressão. Violência gera violência. É preciso que as políticas públicas cheguem até as comunidades carentes, educação de qualidade, escola em tempo integral, cultura. É assim que se resolve o problema da segurança. Se a bala e o encarceramento resolvesse, já teríamos resolvido. Hoje nós não cuidamos das crianças e quando elas crescem são mortas ou encarceradas.

A criança que tem uma desestruturação familiar, está à margem da sociedade e é fácil entrar para o mundo do banditismo, está vulnerável. É com política pública que se resolve o problema de segurança. Se o Estado der oportunidade, cultura e educação a elas, essas crianças irão encontrar um caminho do bem.

JM: Questão do contato do transporte público: Tarifa zero, como viabilizar essa questão?

João Carlos: O nosso povo, principalmente o povo pobre, já paga. Eu não venho de quatro em quatro anos para ver os problemas dos terminais. Eu uso todo dia o transporte coletivo. E o transporte coletivo é infernal, não respeitam o horário, frota sucateada, a população é transportada como numa lata de sardinha. A nossa proposta é a tarifa zero, de forma gradativa. O povo já paga, já vem do valor do auxílio ao vale transporte. Vamos fazer um fundo do transporte e chamar parte da sociedade que ganha muito para compartilhar com o trabalhador.

Estamos num sistema muito parecido com o Feudalismo. Uns governam, outros oram, outros dão segurança à nobreza e os desvalidos só trabalham. A bíblia diz que as pessoas devem desfrutar do resultado do seu trabalho e que ass riquezas e os bens dessa Terra devem ser partilhados. Nós vamos chamar a outra classe para ajudar a dar tarifa zero à nossa população. Tem cidades que já fazem isso, então é possível de fazer.

JM: Há hoje maior envolvimento de pastores e militares na política. Como você vê esse envolvimento do clero na política?

João Carlos: Eu sou contra totalmente que um pastor, que esteja à frente de um rebanho, se candidate a qualquer cargo político, pois ele vai transformar a igreja num curral eleitoral e interferir no processo de forma negativa. Entrega o cargo de pastor para outro e aí vai para a política. Deus não tem nada haver com isso. Quando a Bíblia diz que toda autoridade foi levantada por Deus, não está falando de pessoas em específico, mas do princípio de autoridade que o eleito vai exercer. Todas as vezes que a Igreja se envolveu na política, ela perdeu. E A Igreja Evangélica vai pagar o preço disso. Nunca na história do país tivemos tantos parlamentares pastores, são 84, e nunca houve tanta retirada de direitos, como a reforma da previdência, por exemplo. Pecado é mal moral. A igreja deve denunciar o que está acontecendo nesse país, que é a retirada de direitos do trabalhador. Jesus trouxe o Reino de Deus. O que isso significa? Segundo o apóstolo Paulo, o Reino de Deus é justiça, paz e alegria no espírito. As igrejas precisa desenvolver o processo de humanização de verdade.

JM: O que você fala a respeito do preconceito aos homossexuais?

João Carlos: O problema é que a Igreja se fundamenta na letra, num legalismo religioso. A bíblia não foi escrita para nossa geração, mas dentro de uma cultura de dois mil anos atrás. O canon (eleição de quais livros fariam parte da Bíblia) foi feito sob a égide de Constantino (imperador romano), quatrocentos anos depois de Cristo. Por isso há texto bíblico validando a escravidão, sendo que Deus é contra a escravidão. Deus não tem sexo. A população LBGT não sofre por causa de Deus, mas sim por causa de um falso moralismo. Prefiro andar na companhia de um herege íntegro do que junto com um fariseu, um hipócrita. Deus não está preocupado com isso. É igual esse falso patriota, que sai aos fins de semanas com a bandeirinha do Brasil. Patriota mesmo é o trabalhador que carrega o país nas costas, ele não tem tempo de desfilar nos fins de semana com a bandeirinha nas costas. Existe um falso moralismo muito grande da Igreja. A população LGBT não quer sair da igreja, ela é forçada a sair. Por causa do discurso de ódio mais de quatrocentas pessoas da comunidade LGBT foram mortas. Algumas se suicidaram. É preciso olhar para as pessoas. Deus é amor. É preciso respeitar o contexto histórico e linguístico dos textos bíblicos. É preciso olhar para as pessoas com amor, que é fundamental. Deus é amor.

JM: Na Saúde, o que podemos esperar em seu governo?

João Carlos: Eu faço uso do Unidade Básica de Saúde de Uvaranas e eu já sei que para pegar meu remédio de uso contínuo, preciso passar 15 dias antes para encontrar o médico e pegar meu remédio. Em nosso projeto é conseguir mais médicos para reforçar o efetivo. Nós perdemos 60 médicos da noite para o dia. Como vamos resolver o problema da saúde se não tem médicos? O governo federal acabou com o Programa Mais Médicos. Nós vamos fortalecer o Programa de Saúde Familiar, aumentar a equipe de agentes que irão nas casas das pessoas, investir em tecnologia, telemedicina e prontuário de saúde e facilitar a comunicação. O objetivo é atender mais pessoas.

JM: O que você fala dessa divisão direita e esquerda na campanha?

João Carlos: Ponta Grossa é uma cidade conservadora e isso é até paradoxal. Vamos em vilas como Costa Rica, Atenas, Roma e outros bairros populares da cidade e vemos moradores que não pagam R$ 100 pela casa e tem adesivos do Bolsonaro. Isso é falta de conhecimento. A verdade é que as propostas que mais alcançam a população carente, que vão ao encontro dessa população, são da esquerda. Os demais grupos representam os interesses de grandes grupos econômicos. E o povo fica com a sobra. É importante que as pessoas possam compreender quais são as propostas que vão beneficia a mim, a minha família e aos meus netos depois. Essa divisão e discussão mostra quem é quem, para o povo saber. A proposta de esquerda é melhorar a situação da população, ou seja: mudar e transformar a vida dessas pessoas. É o que o governo Lula fez, tirar milhões de brasileiros na miséria. Para mim, eu venho para cumprir uma missão. Entendo que nós existimos para o outro. Eu nunca vi Deus, só vejo gente. E gente é negócio de Deus. Se alguém quer fazer um culto ou quer fazer algo para Deus, cuide das pessoas, porque as pessoas são coisas de Deus. E meu governo vem para cuidar do povo, da população que precisa das políticas públicas.

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