Professores divulgam moção de apoio ao reitor da UEPG
Manifesto assinado por professores e servidores, repudia o ataque praticado por um grupo de pessoas contra o reitor Miguel Sanches Neto, da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)
Publicado: 25/11/2018, 07:00
Manifesto assinado por professores e servidores, repudia o ataque praticado por um grupo de pessoas contra o reitor Miguel Sanches Neto, da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)
‘O artigo ofensivo ao Prof. Dr. Miguel Sanches Neto, como Reitor da UEPG e na sua pessoa, foi assinado por pessoas majoritariamente pertencentes a quadros locais da pequena burguesia ponta-grossense, nenhum identificado como estudioso mestre ou doutor que tenha como objeto de estudo a instituição universitária, seus fins e suas funções na sociedade brasileira. Pelo contrário, identificam-se nele pequenos empresários locais, comerciantes, advogados, herdeiros de propriedades na região, filhos de famílias ditas “tradicionais”, entre outros alguns servidores e ex-servidores da UEPG, insatisfeitos provavelmente pela mudança para ares mais democráticos por que passa a universidade’, diz o texto da moção de apoio ao reitor.
O portal aRede e o Jornal da Manhã reproduzem na íntegra a moção de apoio à UEPG e ao Reitor Miguel Sanches Neto.
Resposta de Repúdio da Comunidade Acadêmica da UEPG ao artigo ofensivo publicado em outro jornal, em 20 de novembro, dirigido ao Reitor da UEPG, Prof. Dr. Miguel Sanches Neto.
‘Somos cidadãs e cidadãos, brasileiras e brasileiros, nem todos paranaenses, nem todos ponta-grossenses, mas todos seres humanos que se preocupam em contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e equânime. Somos professoras e professores, profissionais concursados, e, portanto, qualificados para cumprirmos com nossas funções e obrigações profissionais e suficientemente esclarecidos para entendermos o espaço e o tempo que ocupamos. O artigo ofensivo ao Prof. Dr. Miguel Sanches Neto, como Reitor da UEPG e na sua pessoa, foi assinado por pessoas majoritariamente pertencentes a quadros locais da pequena burguesia ponta-grossense, nenhum identificado como estudioso mestre ou doutor que tenha como objeto de estudo a instituição universitária, seus fins e suas funções na sociedade brasileira. Pelo contrário, identificam-se nele pequenos empresários locais, comerciantes, advogados, herdeiros de propriedades na região, filhos de famílias ditas “tradicionais”, entre outros alguns servidores e ex-servidores da UEPG, insatisfeitos provavelmente pela mudança para ares mais democráticos por que passa a universidade; fato que permite caracterizá-lo como mais uma expressão concreta da lamentável e nefasta soberba de um grupo de pessoas que se autodeclaram proprietários de Ponta Grossa e de suas instituições, assim como pensam serem os redentores arautos da moral e dos bons costumes.
A inevitável surpresa da comunidade acadêmica advém primeiramente por constatar que o artigo põe a nu o autoritarismo e a postura antidemocrática dos seus “notáveis” signatários, pois se anuncia como advertência e ameaça a toda a comunidade acadêmica, invocando-se, sem pudor algum, ao direito e ao conhecimento (não se sabe de onde surgido) para “chamar a atenção” ou, como admitem textualmente, a tentar “enquadrar” o Magnífico Reitor de nossa universidade e a nossa comunidade (docentes, discentes e funcionários). Por isso, a presunção dos signatários é tão espantosa e rasa, uma vez que não há qualquer argumento relevante que sustente a posição assumida, a não ser um conjunto absurdo de opiniões preconceituosas e sem fundamentação na discussão científica. Além disso, nossa indignação perante os ditos senhores que se autointitulam como “cidadãos ordeiros e obedientes à lei” refere-se ao fato de expressarem no seu artigo que teriam “acolhido” o prof. Miguel na cidade.
O tom grosseiro presente no artigo é de xerife e capataz de filme de western de segunda categoria. O “estrangeiro” chegou à cidade, e à revelia de todos os notáveis donos da terra, alcançou um posto não autorizado e ousou expressar uma posição independente. Por isso, acreditam estes cidadãos ordeiros que o Reitor merece ser “enquadrado”, como se a eles coubesse a sacrossanta visão privilegiada de quem tudo sabe e a quem tudo é permitido. No mínimo, poder-se-ia “enquadrar” tal posição como “ideologia” da intolerância, da truculência e/ou da ignorância, aos quais o Prof. Dr. Miguel Sanches Neto não parece corresponder, uma vez que proferiu discursos públicos em favor da liberdade de expressão, contra a lei da mordaça e, ultraje maior, deixou que um Festival de Teatro realizado no seio de uma universidade pública se afirmasse como um evento em que alunos, professores e funcionários podem manifestar-se livremente, como garante a Constituição Brasileira e a autonomia universitária. Assim, creem os autores do difamante artigo, que cabe aos “subalternos” da UEPG e ao Reitor eleito democraticamente a reprimenda que xerifes e capatazes dariam a seus peões. É também com profunda tristeza que nos deparamos com o infeliz artigo, especialmente ao verificarmos que a pretendida apoteose da verdade também retrata a falta de conhecimento e de reflexão mais profunda de segmentos que dominam setores de nossa cidade acerca do que é uma universidade e de seus compromissos com o processo civilizatório. Mal sabem os signatários do artigo que o próprio conceito de universidade está estreitamente ligado a tudo o que é “universal”, portanto, ao conhecimento plural, diverso, socialmente relevante, respeitoso, humanizado e sustentado nos critérios científicos. Portanto, o discurso do Prof. Dr. Miguel Sanches Neto no no FENATA só poderia evocar a Instituição UNIVERSITÁRIA se o fizesse pela defesa da livre expressão, contra a lei da mordaça, contra o pernicioso discurso da “escola sem partidos”.
Ainda sobre o tema, vale dizer que os incautos autores presumem que a sua IDEOLOGIA DOMINANTE E INTERESSADA seja neutra. Contudo, os pesquisadores das Ciências Humanas e Sociais há muito já superaram tal visão de senso comum, uma vez que TODOS possuem ideologia, enquanto seres pensantes, seres de ideias. Suprimir a diversidade de ideias é suprimir a capacidade de reflexão, pois emburrece o ser humano, reprime o avanço das ciências, da criatividade, da compreensão da humanidade em todas as suas dimensões e em sua essencialidade. Além disso, TODOS os seres humanos são seres políticos, coisa que não significa serem deste ou daquele “partido político”. A POLÍTICA é a ciência que estuda relações de PODER NA PÓLIS, como diziam os antigos gregos, ou seja, as relações de poder na cidade. Portanto, TODO cidadão pratica política, inclusive os “senhores de bem”, assim como nós, professores e estudantes, dado que a ideologia da “escola sem partido” concretamente inexiste. Não é demais destacar, ainda, que a palavra “partido” denota “posição acerca de alguma coisa” e quem quer que pense e reflita sobre o mundo é levado imediatamente a tomar posição. Portanto, TODOS os cidadãos devem expressar “partido”, pois são seres inteligentes, pensantes sobre o mundo e sobre a sociedade.
A Universidade Estadual de Ponta Grossa não é a extensão dos desejos desses senhores, nem corresponderá a expectativas de quem quer vê-la subjugada a interesses conservadores, que sonham com o retrocesso para que possam continuar discriminando, explorando e dando ordens a parcelas da população para manterem seu status quo. Como agentes do patrimônio público nos voltamos de fato ao usufruto PÚBLICO, ou seja, voltamos nosso trabalho para todos, cidadãs e cidadãos, com direito constitucional assegurado a uma educação de qualidade, pública e gratuita. Assim, a UEPG é pensada cotidianamente com o esforço de cada servidor para garantir que haja um coletivo ao qual a Instituição esteja sempre aberta, pela lógica da pluralidade, do respeito humano e da democracia. O salário do Reitor e de todos nós, funcionários públicos do Estado do Paraná corresponde aos quadros de carreira aprovados pela legislação, pertinentes a nossa qualificação como servidores, mestres e doutores, majoritariamente concursados e com liberdade de cátedra garantida pela lei. Antes de sermos funcionários públicos somos também cidadãos que contribuem com o pagamento de impostos, sendo descontados em folha de pagamento, em conformidade com a lei fiscal, que, afinal, deve reger as relações de cada um com o estado de direito.
Finalmente, cabe perguntar onde estavam os notáveis signatários quando a UEPG teve suas verbas de custeio cortados nos últimos anos, a ponto de levá-la à pauperização de suas atividades? Onde estavam os senhores quando foi votado o congelamento dos salários de servidores há mais de três anos? Onde estavam quando não foram autorizados concursos para suprimento de pessoal? Ou quando faltou até mesmo o papel higiênico nos banheiros dos estudantes? Ondes estavam os ordeiros quando Richa desviou o patrimônio de nossas aposentadorias para as quais contribuímos ano a ano e mês a mês? A pretensa defesa da UEPG soa, nesse artigo, apenas como hipocrisia interesseira.
Prezados senhores, estamos fartos de opiniões casuísticas e de palpites sem fundamento. Nossa indignação, protesto e total apoio ao Magnífico Reitor da Universidade Estadual de Ponta Grossa, Prof. Dr. Miguel Sanches Neto’.
Assinam esta Moção os seguintes professores e servidores da Universidade Estadual de Ponta Grossa:
1. Profa. Dra. Silvana Oliveira – Departamento de Estudos da Linguagem
2. Profa. Dra. Andréa Correa Paraíso Müller – Departamento de Estudos da Linguagem
3. Profa. Dra. Aparecida de Jesus Ferreira – Departamento de Estudos da Linguagem
4. Profa. Dra. Cloris Porto Torquato – Departamento de Estudos da Linguagem
5. Prof. Dr. Daniel de Oliveira Gomes – Departamento de Estudos da Linguagem
6. Prof. Me. Deleon Betim – Departamento de Estudos da Linguagem
7. Profa. Me. Dilma Heloisa Santos – Departamento de Estudos da Linguagem
8. Profa. Dra. Djane Antonucci Correa – Departamento de Estudos da Linguagem
9. Profa. Dra. Elaine Ferreira do Vale Borges – Departamento de Estudos da Linguagem
10. Profa. Dra. Rosana Apolonia Harmuch Departamento de Estudos da Linguagem
11. Prof. Dr. Evanir Pavloski – Departamento de Estudos da Linguagem
12. Prof. Dr. Fábio Augusto Steyer – Departamento de Estudos da Linguagem
13. Profa. Dra.Ione Jovino – Departamento de Estudos da Linguagem
14. Profa. Me. Jeane Silvane Eckert Mons – Departamento de Estudos da Linguagem
15. Profa. Dra. Letícia Fraga – Departamento de Estudos da Linguagem
16. Profa. Joana Pupo – Departamento de Estudos da Linguagem
17. Prof. Me. Lucan Moreno– Departamento de Estudos da Linguagem
18. Profa. Me. Lucimar Araujo Braga – Departamento de Estudos da Linguagem
19. Prof. Dr. Marcos Barbosa Carreira – Departamento de Estudos da Linguagem
20. Prof. Me. Marcos Filipe Zandonai – Departamento de Estudos da Linguagem
21. Profa. Me. Mariza Tulio – Departamento de Estudos da Linguagem
22. Prof. Dr. Maurício Fernandes Neves Benfatti – Departamento de Estudos da Linguagem
23. Profa. Me. Paola Scheifer – Departamento de Estudos da Linguagem
24. Profa. Dra. Pascoalina Bailon de Oliveira Saleh – Departamento de Estudos da Linguagem
25. Profa. Dra. Keli Pacheco – Departamento de Estudos da Linguagem
26. Prof. Dra. Rosangela Schardong – Departamento de Estudos da Linguagem
27. Profa. Dra. Rosangela Wosiack Zulian – Departamento de História
28. Prof. Dr. Robson Laverdi – Departamento de História
29. Prof. Dr. Niltonci Batista Chaves - Departamento de História
30. Profa. Dra. Geogiana Garabely Heil Vásquez - Departamento de História
31. Prof. Dr. Marco Antonio Stancik - Departamento de História
32. Profa. Ms. Letícia Leal de Almeida – Departamento de História
33. Profa. Dra. Alessandra Izabel de Carvalho – Departamento de História
34. Prof. Dr. Erivan Karvat – Departamento de História
35. Prof. Dr. Roberto Lamb – Departamento de História
36. Prof. Ms. Dones C. Janz Jr – Departamento de História
37. Prof. Dr.Luis Fernando Cerri – Departamento de História
38. Profa. Dra. Elizabeth Johansen - Departamento de História
39. Profa. Dra. Priscila Larocca – Departamento de Educação
40. Profa. Dra. Nelba Maria Teixeira Pissaco – Departamento de Educação
41. Profa. Dra. Maria Marce Moliani – Departamento de Educação
42. Prof. Dr. Carlos Willians Jaques Morais – Departamento de Educação
43. Prof. Dr. Névio de Campos – Departamento de Educação
44. Profa. Dra Patricia Caldeira Tolentino – Departamento de Educação
45. Profa. Dra. Lara Carlette – Departamento de Educação
46. Prof. Dr. Érico Ribas Machado – Departamento de Educação
47. Prof. Dr. Jefferson Mainardes – Departamento de Educação
48. Profa. Dra. Marli Rodrigues – Departamento de Educação
49. Profa. Dra. Rita de Cássia de Oliveira – Departamento de Educação
50. Profa. Dra. Maria Julieta Weber Cordova – Departamento de Educação
51. Profa. Dra. Elismara Zaias Kailer – Departamento de Pedagogia
52. Jeverson Nascimento
53. Profa Doutora Marina Legroski - Departamento de Estudos da Linguagem
54. Dra. Fernanda Fátima Rocha de Freitas
55. Prof. Ms. Melissa Mel Freitas - Departamento de Estudos da Linguagem
56.Prof. Dra. Valeska Gracioso Carlos - - Departamento de Estudos da Linguagem
57. Prof. Dra.Beatriz Gomes Nadal - Departamento de Pedagogia
58. Prof. Dra, Déborah Scheidt - Departamento de Estudos da Linguagem
59. Prof.a. Dra. Jesiane Batista (Depto de Biologia Estrutural, Molecular e Genética
60. Prof. Dra. Jane Oliveira - Departamento de Estudos da Linguagem
61. Prof. Dr. Sergio Gadini - Departamento de Jornalismo
62. Profa. Dra. Rosangela Petuba - Departamento de História
63. Prof. Ms. Eliane Raupp - Departamento de Estudos da Linguagem
64. Prof. Dr. Jhony Adélio Jh Skeika - PPGEL
65. Prof. Dra. Marly Catarina Soares - Departamento de Estudos da Linguagem
66. Prof. Dra. Audrey Pietrobelli de Souza - Departamento de Educação
67. prof. Dr. Oriomar Skalusnki Junior - Departamento de Educação