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EM PG, catadores comem no meio do lixo e entre ratos

Funcionários da Acamaruva trabalham sem equipamentos de segurança na separação do lixo. Trabalhadores almoçam em meio ao lixo e o banheiro da Associação não possui sequer papel higiênico.

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| Autor:

Andre Packer

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Funcionários da Acamaruva trabalham sem equipamentos de segurança na separação do lixo. Trabalhadores almoçam em meio ao lixo e o banheiro da Associação não possui sequer papel higiênico.

Funcionários da Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Uvaranas (Acamaruva) trabalham em condições precárias e sem a devida segurança, equipamentos e condições de higiene em Ponta Grossa. Os trabalhadores separam materiais recicláveis, mas não dispõem de luvas, aventais, ou qualquer material para garantir sua segurança durante as 12 horas por dia em que ficam na Associação. O banheiro da Acamaruva não possui sequer papel higiênico para os 30 funcionários que se alimentam em meio ao lixo. Ratos são constantemente flagrados dentro do barracão.

Em 2014, o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Massas, Laticínios, Carnes e Derivados e Alimentação de Ponta Grossa (STIMLACA) denunciou a Acamaruva por conta da situação de trabalho dos funcionários. A Justiça emitiu um termo de ajuste de conduta por conta da condição de trabalho. Dois anos após a denúncia, pouca coisa mudou.

A equipe de reportagem do Portal aRede acompanhou, na manhã desta segunda-feira (24), o presidente do STIMLACA, Luiz Pereira dos Santos, na sede da Acamaruva. “Os trabalhadores não têm EPI (Equipamento de Proteção Individual). Eles não têm registro em carteira e não têm depósito de fundo de garantia. Segurança do trabalho não existe aqui”, conta Luiz. O presidente do Sindicato aponta a necessidade do Ministério Público e Ministério do Trabalho em analisar a situação dos trabalhadores da Acamaruva.

“É uma vergonha para Ponta Grossa ter um ambiente como esse”, completa o presidente do Sindicato. Os funcionários da Acamaruva foram flagrados se alimentando em meio ao lixo pela equipe do Portal aRede. Segundo Luiz, a maioria dos trabalhadores tem problemas familiares, ou com drogas, e acabam se submetendo a condições precárias de emprego. “Tem uma senhora de 62 anos de idade que trabalha em uma condição como aquela”, indaga Luiz.

Além da Acamaruva, onde os trabalhadores separam materiais recicláveis que vem da Feira Verde em caminhões da Prefeitura, Ponta Grossa possui outros três barracões que atuam de maneira semelhante. “Então essa situação não acontece só aqui, mas em outros três locais de trabalho. A Secretaria de Meio Ambiente tem obrigação de prestar assistência a esses trabalhadores”, completa o presidente do Sindicato.

Secretaria de Meio Ambiente rebate acusações

Em entrevista na tarde de segunda-feira, a assistente social e coordenadora das quatro associações de catadores de Ponta Grossa, Jussara Aparecida Borgo, lotada na Secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura, rebateu as acusações feitas pelo representante do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Massas, Laticínios, Carnes e Derivados e Alimentação de Ponta Grossa (STIMLACA). 

De acordo com ela, pontualmente, Luiz Pereira dos Santos não possuía autorização para entrar no local, bem como não havia informado os responsáveis da visita. Em relação à falta de Equipamento de Proteção Individual (EPI), Jussara esclareceu que todo o material necessário é fornecido aos associados, muitos deles sendo doados por empresas instaladas na cidade. “É feito o repasse, por exemplo, para quem trabalha com a reciclagem de vidro, de botina, avental de couro, luva e óculos especiais. Tudo atendendo a legislação vigente. Para os que trabalham na prensa, além dos óculos, fornecemos o protetor auricular”, afirma.  Complementarmente, ela justificou que há dois meses um técnico de segurança do trabalho visitou todos os barracões para orientar os catadores. 

Sobre a presença de ratos, Jussara detalhou que recentemente o espaço passou por uma dedetização, atendendo a um pedido de vizinhos. “E sempre orientamos aos associados que ministrem veneno para que os animais não apareçam”, completou. 

Abordando a falta de registro em carteira de trabalho e pagamento do fundo de garantia, a responsável explicou que isso não existe com relação às associações, pois não configura vínculo empregatício. “Estamos trabalhando para fazer uma transição para criar uma cooperativa com as quatro associações. A partir disso, isso será possível”, destaca. A efetiva mudança ainda não tem data para acontecer. 

Na parte da alimentação, Jussara comentou que dentro do barracão da Acamaruva existe uma pequena cozinha de container que foi doada pelo Rotary Club Alagados. “É um local destinado aos catadores. Tem mesas e cadeiras. Todavia, eles insistem em se alimentar sobre as bags de material reciclável”, conta. “É uma questão cultural. O mesmo problema é em relação aos banheiros. Cada associação é responsável pela higiene e manutenção dos espaços”, justifica. 

Por fim, ela fez um convite para que as outras associações sejam visitadas, ressaltando que cada uma possui sua especificidade. “A Acamaro tem cozinha fechada. A associação de Oficinas também tem cozinha fechada e distante do barracão”, reforçou. “Nós realizamos visitas periódicas as associações, pois é nossa função. Todavia, não temos como obrigá-los a mudarem os hábitos”, finalizou.

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