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Essencialmente técnico, 'Treze Vidas' peca na narrativa

Ron Howard entrega filme que não se encontra em sua filmografia

Filme peca pela superficialidade como aborda os fatos reais
Filme peca pela superficialidade como aborda os fatos reais -

Da Redação

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'Treze Vidas - O Resgate' não é exatamente burocrático como 'O Código da Vinci' e também não é superficialmente dramático como 'Era Uma Vez Um Sonho', outras obras de Howard. O problema é que embora tenha o já habitual clima de história real, com seus heróis voluntários ou acidentais, a história carece de bons ângulos narrativos, como um daqueles filmes que não têm para onde crescer, sem picos de ação e nem iminência de perigo (sobretudo para quem já conhece a história). Nem toda boa história real resulta num bom filme.

Estrelado por Viggo Mortensen e Collin Farrell, 'Treze Vidas' tem dois atos distintos. No primeiro (todo falado em tailandês), o roteiro não se preocupa muito em se aprofundar nos 13 jovens que se escondem da chuva numa caverna. A entrada deles é quase imediata, e, após a constatação de que estão todos presos, o resgate começa a se desenvolver no segundo ato, quando os mergulhadores ingleses chegam e se tornam o ponto narrativo mais importante.

A produção de Ron Howard é elegante, grandiosa, mas depende de uma abordagem dramatúrgica que é complicada de levar às telas. Assim que decidem não explorar as vidas dos sobreviventes, os produtores e os roteiristas precisam focar na organização do resgate, que consiste em longos takes de filmagens debaixo d’água, em corredores estreitos e sem diálogos.

A história real do resgate também colocava um problema em pauta: os meninos foram retirados um por um, num processo longo e tenso. A parte do “longo” está ali (Howard decidiu-se por inexplicáveis 2 horas e meia de filme), mas a parte da tensão não consegue provocar nem o mínimo arrepio. Os meninos são resgatados burocraticamente e quando fica claro que qualquer tensão acontecerá debaixo d’água, todo e qualquer elogio à interpretação dos atores pareceria inconsistente. Mortensen e Farrell são ótimos atores, compenetrados como é preciso, mas qualquer ator correto faria exatamente o mesmo trabalho que eles. 

Ao final da projeção ficamos aliviados com a forma como tudo se resolve bem. Mas, de novo, nenhuma surpresa. Roteiro e direção pecam no enlace entre famílias e vítimas, tudo parece superficial e o espectador dificilmente vai se importar com qualquer coisa que esteja acontecendo na tela, para além do interesse  mórbido de ver a quase tragédia real retratada na tela. 

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