Política
Projetos autônomos são alternativas ao Mercadão
Stiven de Souza | 23 de agosto de 2015 - 05:45
De iniciativa independente, projetos arquitetônicos reforçam estudos da Prefeitura de Ponta Grossa pra a revitalização do Mercado Municipal através de parceria público-privada
Pelo menos dois projetos de arquitetura podem estimular a Prefeitura de Ponta Grossa no processo de revitalização do antigo Mercado Municipal. A ideia da reforma no espaço para abrigar um novo Mercado Público foi antecipada pelos arquitetos ponta-grossenses Henrique Zulian e Sara Chornobai.

Com menção honrosa na 23ª edição do concurso nacional de arquitetura Ópera Prima, em 2011, o projeto de Zulian prevê um espaço de convivência e comércio para produtores locais no Mercadão. “Para isso torna-se necessário que a edificação funcione como a continuação do espaço público e no caso desse projeto, também da praça criada em frente ao mesmo”, explica.
Objeto do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a proposta do arquiteto ponta-grossense cria uma nova estrutura, com dimensões semelhantes da edificação existente, ao Mercado Municipal. A intenção é garantir maior ventilação e iluminação no espaço. “A edificação do mercado foi fruto de um novo projeto implantado em um local bem semelhante ao existente, com nova e mais espaçada solução estrutural, privilegiando a luz e ventilação natural, o conforto ambiental”, afirma Zulian.
O projeto conta, ainda, com uma praça. “Ela foi concebida no mesmo nível do térreo do mercado e também de parte da Rua Comendador Miró e funciona como um teto para o estacionamento que tem acesso pela Rua Julia Vanderlei”, conta o arquiteto. Na avaliação de Zulian, a estrutura atual possui condições de ser reaproveitada no processo de revitalização, mas existem riscos de falhas na edificação.

A recuperação do Mercadão de Ponta Grossa também inspirou o TCC da arquiteta e urbanista Sara, que no ano passado finalizou o curso pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). A proposta de Sara foi elaborada a partir da estrutura atual da edificação. “Eu entrei em contato com o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano (Iplan) e recuperei os arquivos da Prefeitura sobre o Mercado Municipal. Fiz meu projeto em cima destes documentos”, conta.
Além dos arquivos da Prefeitura de Ponta Grossa, a arquiteta ponta-grossense utilizou um relatório elaborado em 2013 pela Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Ponta Grossa (AEAPG), que apontava a viabilidade da revitalização e sugeria ao Governo Municipal a abertura de um concurso sobre projetos para o Mercadão. “No meu projeto, eu acabo revitalizando o que já está construído e, no lugar do estacionamento, crio uma praça em dois níveis”, explica Sara.
Em relação à forma de financiamento da reforma, a urbanista considera positiva a contratação via Parceria Público-Privada, como articula a Prefeitura de Ponta Grossa. Entretanto, Sara diz que a PPP deve valorizar a participação do Poder Público na gestão do espaço. “Normalmente, a iniciativa privada acaba ganhando muito sobre o Poder Público nas PPPs. É preciso que se faça um edital com itens que equilibrem a parceria. Mas meu TCC é de cunho meramente acadêmico, para dar uma alternativa de como poderia ser utilizado aquele espaço”, conclui.
MERCADO MUNICIPAL
Entidade aprova revitalização
Enquanto a Prefeitura de Ponta Grossa aguarda um laudo técnico sobre as condições estruturais do antigo Mercado Municipal, a Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Ponta Grossa (AEAPG) garante que a edificação existe pode ser reaproveitada no processo de revitalização. De acordo com o presidente da entidade, o engenheiro civil Osvaldo Thibes, foi realizado um estudo no local que atestou a viabilidade da reforma. “Fizemos um estudo e identificamos que aquela construção poderia ser reutilizada tranquilamente. É claro que são necessárias algumas correções estruturais”, assegura. Thibes também critica uma possível demolição do prédio. “Ele (o Mercadão) não está condenado. Nós somos totalmente contra a demolição. Seria lamentável destruir uma estrutura importante, que ainda pode aguentar décadas”, diz. A AEAPG tem cobrado, ainda, cuidados da Prefeitura sobre a edificação. “Não se admite que o prédio continue sem cobertura, todos sabemos como isso pode prejudicar as estruturas”, conclui Thibes.
O QUÊ
>> Revitalização
Com a sanção da Lei das Parcerias Público-Privadas (PPPs) em novembro do ano passado, a Prefeitura de Ponta Grossa instituiu um comitê gestor específico para dar andamento ao processo de revitalização do Mercado Municipal. A destinação do espaço para produtores locais, seguindo o modelo dos mercados públicos de Curitiba, São Paulo e Porto Alegre, foi aprovada em audiência pública realizada pelo comitê. Agora, o grupo avança para a viabilidade técnica e econômica da PPP.