Política
Estudo do aeroporto de Ponta Grossa tem 142 páginas; veja a íntegra
O estudo contratado em 2014 fez um detalhamento das condições da época do aeródrom
Da Redação | 13 de fevereiro de 2025 - 10:27

O Estudo de Viabilidade Técnica (EVT) do Aeroporto Sant'Ana, de Ponta Grossa, contratado pelo Governo Federal em 2014, a um custo milionário, possui 142 páginas. O documento até então desconhecido por lideranças políticas e empresarias da cidade, e que o prefeito da época Marcelo Rangel diz não se recordar, foi obtido com exclusividade pelo Portal aRede e pode ser conferido na íntegra AQUI.
O Portal aRede obteve também outros documentos em relação ao estudo, entre eles o Termo de Entrega para Análise dos EVT'S, Considerações Ponta Grossa, Ofício entregue a Secretaria de Aviação Civil (SAC) e Súmula de Análise de EVT.
O estudo contratado em 2014 fez um detalhamento das condições da época do aeródromo e elaborou quatro alternativas para a ampliação da capacidade de passageiros. Para isso, fez quatro simulações com a operação de dois tipos distintos de aeronaves, ambas turbofan. As projeções foram feitas com aeronaves Airbus A319 e Boeing B737-800, com diferentes capacidades de operação (Peso Máximo de Decolagem), prevendo investimentos em ampliação de comprimento da pista, largura, construção de nova taxiway, novo pátio para aeronaves e um novo terminal de passageiros. Os investimentos previstos variavam entre R$ 66,7 milhões e R$ 261,6 milhões, à época.
A alternativa que demandava de menos investimentos era a adequação da pista para receber voos com a aeronave Airbus A319, com restrição em 80% de Peso Máximo de Decolagem, considerado como ‘Cenário 1’. O EVT apontou que para receber esse tipo de avião, não haveria a necessidade da ampliação da pista, apenas adequações, como a construção de áreas de giro nas extremidades e construção de duas RESAs (Área de Segurança de Fim de Pista), de 60m X 90m, uma em cada extremidade – hoje há uma, na cabeceira 26; mas antes não havia.

Para essa alternativa do ‘Cenário 1’, a estimativa de investimento era de R$ 66,7 milhões, sendo R$ 7,6 milhões para desapropriações e custos ambientais, R$ 5 milhões em aterro e drenagem e mais R$ 16 milhões em pavimentação, R$ 11 milhões para a construção de um terminal de passageiros e mais R$ 16,3 milhões em equipamentos. Não seria necessária a ampliação de pista pelo fato de que, segundo o estudo, com o avião com restrição em 80% do peso, ele poderia operar em uma pista com 1.330 metros – o Sant’Ana tem 1.430 metros de pista, sendo 1.340 metros operacionais, devido ao deslocamento de uma das cabeceiras.
Para os outros três cenários, o investimento previsto no terminal de passageiros sempre foi o mesmo (R$ 11 milhões), bem como semelhante para os equipamentos (entre R$ 16,3 e R$ 16,5 milhões), variando conforme o balizamento luminoso e sinalização vertical, de acordo o tamanho da pista. Cabe destacar que todas as opções de ampliação de pista, apresentadas nos outros três cenários, contemplaram a expansão para o lado da cabeceira 08, ou seja, para a que fica ao lado da rodovia PR-151. “O prolongamento para onde está previsto o crescimento longitudinal da PPD, conta com a instalação de área de extração de areia de grande porte. Segundo o Operador Aeroportuário, o proprietário da área já está ciente de que haverá interferência do aeroporto naquela área, caso haja investimento do Programa no aeródromo”, diz o documento.
O ‘Cenário 2’ previsto mantinha a operação dos A319, porém com capacidade de peso em 90%. Como a aeronave precisaria de 1.560 metros para operar nesse cenário, essa alternativa previa a ampliação da pista em 220 metros, passando por onde está hoje traçada a rodovia PR-151, avançando sobre uma área de extração de areia. Seu custo estimado seria de quase o dobro da proposta 1, de R$ 129,8 milhões. O novo pátio de aeronaves também teria 42 mil metros quadrados, como detalhado na proposta 1, para receber até oito aeronaves, assim como a largura da pista seria mantida em 30 metros, como é até hoje.
Os ‘Cenários 3 e 4’ previam a operação da pista com o Boeing B737-800, com 80% e 90% da capacidade de peso, sendo que para ambos haveria a necessidade da ampliação da pista, inclusive lateralmente, por serem aeronaves maiores. Para o cenário três, a pista seria ampliada em 460 metros, para ter os 1.800 metros necessários para receber os 737-800 com 80% de PMD, toda ela com uma largura de 45 metros. Com isso, a pista terminaria e teria a RESA próxima ao leito do Rio Tibagi. Seu valor seria de R$ 170,3 milhões.
O cenário mais extremo, o 4, previa a operação do Boeing com 90% de sua capacidade de peso. Nesse cenário, devido à elevada altitude do aeroporto (quase 800 metros), haveria a necessidade de 2.150 metros de pista, o que demandaria de uma ampliação de 810 metros em sua extensão, e mais 15 metros em sua largura (45 metros). O orçamento para essa obra, que passaria sobre o Rio Tibagi, seria de R$ 261,6 milhões. Só em desapropriações e custos ambientais, seriam R$ 87,6 milhões, além de R$ 85,2 milhões em terraplanagem. Todos esses cenários previam as condições mais extremas de operação das aeronaves, incluindo pista molhada e variações de temperatura.
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