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Crônicas dos Campos Gerais: As mulheres no “tempo do epa”

Texto de autoria de Márcia Derbli Schafranski, professora universitária aposentada, Especialista e Mestre em Educação pela UEPG e Suficiente Investigadora pela Universidade de Extremadura, na Espanha, residente em Ponta Grossa, escrito no âmbito do projeto Crônicas dos Campos Gerais da Academia de Letras dos Campos Gerais

A Crônica da semana é de autoria de Márcia Derbli Schafranski.
A Crônica da semana é de autoria de Márcia Derbli Schafranski. -

Num jantar de aniversário, sentei-me com algumas amigas e elogiei o vestido de uma delas, o qual achei muito bonito e elegante. Ela então, exclamou: nossa, esse vestido é do “tempo do epa”! Há muito tempo, eu não ouvia essa expressão, tipicamente paranaense, que faz alusão ao nome Epaminondas, atualmente em desuso e que se refere a coisas bastante antigas.

Todas as amigas, estavam na faixa dos setenta anos, e então, pusemo-nos a falar sobre as mulheres, que, como nós, viveram no “tempo do epa” e rimos muito. Lembramos então, de que, naquele tempo longínquo, os rapazes tinham que pedir permissão aos pais para namorar as suas filhas, e que elas deveriam sempre agir com o máximo recato e pudor. Sentados no sofá da sala de estar, os enamorados tinham que manter-se num ângulo que, pudesse ser observado pelos  genitores da namorada. Os inocentes beijinhos roubados precisavam ser estrategicamente pensados, para um pequeno momento de distração dos pais. Nos bailes, acompanhadas por suas famílias, as moças eram respeitosamente convidadas a dançar e, quando os rapazes as devolviam à mesa, agradeciam a ela e aos pais pela “especial deferência”.

No Clube Pontagrossense, havia até fiscais de salão, para impedir que os rapazes extrapolassem os limites dos “bons costumes”. Nas sessões de cinema, do Cine Ópera, os pais exigiam que os namorados fossem sempre acompanhados por uma “vela”, para vigiar o seu comportamento. Sair sozinha de carro com o namorado? Nem pensar... O que a sociedade iria comentar sobre esse fato? Essas práticas refletem a mentalidade de uma época, que visava valorizar a castidade das jovens e preservar a reputação feminina.

Se acaso não se casassem no máximo até os vinte e três anos, eram rotuladas de “solteironas”. O tempo de namoro e de noivado não podia ser muito longo, para evitar “surpresas desagradáveis”

As senhoras casadas não deviam sair sozinha às ruas, ou ir às festas sem estarem amparadas pelo braço do marido, pois tal comportamento era considerado absolutamente inapropriado. O desquite e o divórcio, posteriormente, significavam, para as mulheres, um atestado de incompetência conjugal e de perpétua reclusão ao ambiente domiciliar. Isso, no entanto, não quer dizer que não existiam mulheres que transgrediam os padrões morais e as convenções sociais da época.

Apesar dos exageros e do falso moralismo presentes no “tempo do epa”, ele simboliza o retrato de uma época que marcou a nossa história.

Texto de autoria de Márcia Derbli Schafranski, professora universitária aposentada, Especialista e Mestre em Educação pela UEPG e Suficiente Investigadora pela Universidade de Extremadura, na Espanha, residente em Ponta Grossa, escrito no âmbito do projeto Crônicas dos Campos Gerais da Academia de Letras dosCampos Gerais (Acesse aqui).

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