Editorial
As propostas do CMT para o transporte coletivo
Da Redação | 09 de novembro de 2021 - 01:48
Demitir cobradores com o objetivo de impedir a alta da
tarifa no transporte coletivo, apenas agravará problemas num sistema que há
décadas tenta sopros de sobrevivência. Essa proposta, elencada pelo Conselho Municipal
do Transporte à Prefeitura, não é nova. Em 2015, a Câmara chegou a analisar um
projeto de lei. Os vereadores não suportaram a pressão.
Ainda, para o CMT, a Prefeitura deve bancar as gratuidades
dos estudantes, das pessoas com deficiência, dos usuários de 60 a 65 anos, além
dos que tenham 65 anos ou mais; o Executivo deve, ainda, assumir as despesas
integrais para a manutenção e operação dos terminais; que a Prefeitura zere ou,
ao menos, reduza a alíquota do ISS pago pela Viação Campos Gerais (VCG); o
transporte por aplicativo deve ser regulamentado e as taxas cobradas sobre o
serviço devem ser utilizadas para subsidiar o transporte público coletivo.
Nesse caso, é a taxação no aplicativo e não nos motoristas.
O serviço de transporte público deve ser adequado, eficiente
e com tarifas módicas, especialmente na conjuntura atual em que a sociedade cobra
mais eficiência das Administrações Públicas sem, contudo, seja necessário só
penalizar o “bolso” dos consumidores/contribuintes. Para piorar a situação, que
já é caótica, tornou-se prática reiterada e absurda a não presença dos
cobradores, trocadores ou agentes de bordos nos veículos durante as viagens,
fazendo com que o motorista profissional acumule as funções. Resultados claros
dessa grave decisão são a falta de agilidade durante as viagens; queda na
qualidade dos serviços; riscos de acidentes e, consequentemente, à vida dos
usuários do serviço; sobrecarga e superexploração dos motoristas profissionais;
desemprego dos cobradores.
A dupla função assumida por motoristas de ônibus do
transporte coletivo, que além de prestar atenção no trânsito também precisam
receber dinheiro, dar troco e conferir a catraca, é apontada por usuários e
representantes da categoria como um dos fatores de estresse, afastamentos por
problemas de saúde e acidentes
As funções de motorista e trocador são absolutamente
diferentes e o acúmulo impõe risco para os passageiros e prejuízos para a
sociedade. A rotina no trânsito, especialmente nas grandes cidades (como é
Ponta Grossa), por si só já é tensa e estressante para o motorista. Sua
obrigação é a de conduzir com segurança os passageiros que são cidadãos que
dependem do transporte público coletivo para locomoção.