Editorial
Decisão da ESA foi política e teve o dedo de Bolsonaro
Da Redação | 23 de outubro de 2021 - 00:06
Dizer que a opção do Comando Militar por Recife, em Pernambuco, para construir a nova Escola de Sargentos do Exército (ESA), num
investimento superior a R$ 1,2 bilhão, atendeu a critérios técnicos, é
minimizar a capacidade de reflexão tanto de Ponta Grossa como de Santa
Maria-RS. Pesou, sim, a questão política. O presidente Jair Bolsonaro levou a
unidade para o Nordeste, pensando na pavimentação de uma corrida eleitoral de
2022. Ele não tem muito emparo nessa região do Brasil e tentará, através dessa
decisão, tirar algum tipo de proveito para aumentar a popularidade e diminuir a
rejeição.
É preciso reagir a esta decisão. O melhor projeto para a ESA era de Ponta Grossa. Quarta em número de habitantes no Paraná, com uma população de 355 mil pessoas, é a cidade de maior porte mais próxima da Capital. Fica a 108 quilômetros de Curitiba, a cerca de 130 quilômetros do Aeroporto Internacional Afonso Pena e a 200 quilômetros do Porto de Paranaguá. Mais que isso: Ponta Grossa é um verdadeiro ramal logístico, com um entroncamento rodoviário que permite acesso fácil às demais regiões paranaenses e aos estados vizinhos. É cortada pela BR-376, a Rodovia do Café, que faz a ligação do porto e da Capital com o Norte e Noroeste do Paraná, além de estados como São Paulo e Mato Grosso do Sul. Também tem o escoamento facilitado para Santa Catarina, Rio Grande do Sul e até Brasília. Além disso, Ponta Grossa, ofertou um terreno de 4,5 mil hectares no Distrito de Itaiacoca, onde hoje está instalada a Fazenda Modelo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
A ESA, em Ponta Grossa, fortaleceria os indicadores econômicos do Município. A nova unidade deve atrair um contingente de aproximadamente 8 mil pessoas, somando 2,5 mil alunos por ano a instrutores, corpo administrativo e familiares dos militares, o que representará um marco de desenvolvimento para o município e da própria região dos Campos Gerais.
É importante avaliar, de agora em diante, como as lideranças políticas e empresariais se relacionarão com Bolsonaro, por conta dessa decisão. Lembrando que em 2022 tem eleições para a escolha do novo presidente da República.