Editorial
Crise no transporte não é problema da população
Da Redação | 20 de maio de 2021 - 02:42
O impacto da crise no setor de
transporte público, em Ponta Grossa, tem como um de seus principais gatilhos o
contrato de concessão renovado em 2012, na administração do ex-prefeito Pedro Wosgrau.
A empresa concessionária, Viação Campos Gerais, presta serviço à cidade desde
1993, assumindo, em 2002, a operacionalização do sistema.
É um assunto espinhoso. Ontem
(19), a Câmara Municipal de Ponta Grossa (CMPG) votou a favor, de indenizar a
Viação Campos Gerais em mais de R$ 1,7 milhão pelos dias que a empresa ficou
parada, por conta do decreto do lockdown, e não pode exercer as atividades do
transporte público coletivo.
Presenta na sessão, o diretor de
relações institucionais da Viação Campos Gerais (VCG), Rodrigo Venske,
apresentou dados técnicos e alegou que houve, em 14 meses, um desequilíbrio
brutal nas contas da concessionária. Ele voltou a falar que, “na pandemia,
perdemos R$ 52 milhões”, e “margem de 13 anos foi destruída em 14 meses”, ao
falar sobre a atual situação da empresa.
A população não provocou essa
situação, mas sofre grandes prejuízos por conta do serviço. Vale lembrar que
uma greve ainda está em andamento e que apenas parte da frota continua
circulando. É pouco ônibus para muita gente. A superlotação, entre outras
consequências, potencializa o risco de contaminação do novo coronavírus,
agravando uma situação extremamente sem controle.
Outro ponto a destacar nessa
polêmica é que a Câmara instalará uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)
para investigar a Viação Campos Gerais em relação ao cumprimento do contrato do
transporte coletivo e também no uso que a companhia fará dos recursos recebidos
da Prefeitura e que foram aprovados pelos parlamentares na sessão desta
quarta-feira (19).
CPI contra a concessionária não é
novidade. No passado, três ou quatro foram instauradas e seus resultados não
atingiram os objetivos. Nos anos de 2009, 2013 e 2017, essas comissões foram
criadas principalmente com o objetivo de discutir o valor da tarifa em Ponta
Grossa. A passagem atual é uma das mais caras do Brasil.
É preciso pôr um ponto final nessa
questão. A Prefeitura deve exigir da concessionária a prestação de um serviço
eficiente, a empresa tem que pagar os salários atrasados para seus
colaboradores e a população quer ver os ônibus circulando em sua totalidade
pelas ruas.