Editorial
Vacina gera desconfianças
Da Redação | 14 de agosto de 2020 - 02:01
No pico da pandemia, o Paraná decidiu assinar um memorando de entendimento com o Fundo de Investimento Direto da Rússia para ampliar a cooperação técnica, as transferências de tecnologia e os estudos sobre a vacina contra a Covid-19 desenvolvida pelo Instituto Gamaleia. Com este entendimento, o Estado deixa aberta a possibilidade de realização de testes, produção e distribuição do imunizante.
Essas tratativas, muito embora iniciais, trouxeram preocupações à população por conta das desconfianças. A vacina russa contra o coronavírus precisa ser analisada com cuidado, de acordo com Natalia Pasternak, doutora em microbiologia e pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP) e uma das maiores referência em pesquisa sobre a Covid-19 no Brasil.
Batizada de Sputnik V, em homenagem ao primeiro satélite artificial a orbitar em volta da Terra, um feito da então União Soviética no auge da Guerra Fria, a vacina já teria interessados em pelo menos 20 países, inclusive no Brasil.
A biomédica da UEL, Karen Brajão de Oliveira, explicou que todas as outras vacinas contra Covid-19 em desenvolvimento no mundo - mais de 150 - tiveram os dados divulgados de maneira transparente, o que não aconteceu com a vacina russa.
E meio às desconfianças e ao turbilhão de posicionamentos, o Governo do Estado também já assinou um termo de cooperação técnica e científica com a China para iniciar a testagem e a produção de vacina da Sinopharm. O acordo garante ao Paraná acesso ao resultado das duas primeiras fases de testagem.
O importante é não se precipitar. Muito embora todos aguardem com expectativa uma vacina contra a doença, a prudência, estudos e principalmente testes laboratoriais devem ser realizados com toda ética e responsabilidade.