Editorial
As complexidades do trânsito
Da Redação | 07 de maio de 2019 - 02:23
Muito mais do que paciência ou testes, a reestruturação e
modernização do sistema viário de Ponta Grossa exigirão grandes investimentos.
Inverter sentidos de ruas, apenas, não corrigirá problemas históricos e nem
eliminará os ‘gargalos’. São mais de 200 mil veículos em circulação na cidade. Os
reflexos da falta de planejamento, no passado, começam a ser sentidos na
atualidade.
O trânsito de Ponta Grossa é potencialmente complexo por
conta das características estruturais da cidade. As ruas são demasiadamente
estreitas, o relevo é muito acidentado, a área central é passagem obrigatória
para centenas de motoristas, caminhões transitam livremente por vias
congestionadas e não existem corredores exclusivos para os ônibus do transporte
coletivo.
As ligações interbairros contribuíram para a melhorias da
trafegabilidade. Mas, essas obras são conhecidas apenas pelos moradores de suas
regiões, quando deveriam estar ao alcance de todos. Faltou, neste caso, a
realização de campanhas para mostrar à população os benefícios desses investimentos.
A sinalização e a orientação devem ser melhoradas.
Na semana passada, a Autarquia Municipal de Trânsito (AMT)
decidiu iniciar os testes para certificar-se da eficiência operacional do
binário Bonifácio Vilela e Sete de Setembro. Os sentidos dessas vias foram
invertidos. As mudanças impactaram significativamente no cotidiano dos
condutores, dos comerciantes e das pessoas que utilizam essas duas ruas.
As reclamações são inevitáveis. Lojistas foram bater à porta
da Associação Comercial e Industrial de Ponta Grossa (Acipg) pedindo a
intervenção da entidade, sob a alegação de queda nas vendas e prejuízos
causados pelas modificações no sistema viário.
Este binário só terá razão se não provocar transtornos
para outros segmentos da sociedade. A Autarquia, ao final dos testes, precisa,
sim, propor uma audiência pública para chegar a melhor decisão.