Editorial
Os acidentes e os radares
Da Redação | 16 de abril de 2019 - 03:58
O número de acidentes com mortes em rodovias da região dos
Campos Gerais cresceu 20% no primeiro trimestre de 2019 em relação a igual
período do ano passado. Segundo balanço divulgado nessa segunda-feira (15),
pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), enquanto 2018 teve 20 óbitos registrados
neste período, o ano de 2019 já conta com 24 mortes em rodovias federais.
Também houve aumento na quantidade de feridos, de 238 e 260 (9,2% de
crescimento). O número de acidentes, no entanto, teve queda na mesma
comparação: 268 em 2018, contra 205 neste ano.
E esses números podem crescer mais ainda. No final do mês
passado, o presidente Jair Bolsonaro anunciou ter barrado a instalação de mais
de 8 mil radares eletrônicos em estradas do país, alegando que o objetivo
principal da instalação é arrecadar recursos para os estados. Ele diz que “ao
renovar as concessões de trechos rodoviários, revisaremos todos os contratos de
radares verificando a real necessidade de sua existência para que não sobrem
dúvidas do enriquecimento de poucos em detrimento da paz do motorista”.
O presidente está equivocado. Muito embora contestados, os
radares ainda conseguem agir como ‘trava’ e equipamento inibidor da alta
velocidade, principalmente nos trechos urbanos das rodovias. Como seriam as
avenidas Souza Naves e Presidente Kennedy sem os radares?. O índice de
acidentes graves seria enorme. O número de atropelamentos cresceriam
verticalmente.
Para o engenheiro e sociólogo, Eduardo Vasconcellos, um dos
principais estudiosos de trânsito e mobilidade do país, avalia que o governo
Jair Bolsonaro cometerá um grave retrocesso se levar se colocar em prática a
proposta de barrar a instalação de radares em rodovias. Se os radares
falsificassem as infrações, isso sim seria motivo de trocar o radar. Mas não
falsificam. Os equipamentos fotografam a realidade, produzem informação
correta. No fundo de toda essa discussão, tem um desejo de se poder cometer
mais infrações.