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Nem o vernáculo descreve a incompetência de Fernando Haddad
Da Redação | 23 de outubro de 2025 - 02:26
Por Carlos Júnior
Não resta muita dúvida acerca da tragédia que é a estadia de
Fernando Haddad no Ministério da Fazenda. Aliás, desde a sua cogitação como
responsável pelos rumos da nossa economia que eu avisei isso – não era
necessário tanto gabarito para enxergar o óbvio, bastava recordar as suas
experiências administrativas para tal. Além de incompetente e conflituoso, ele
defende as ideias responsáveis pelo nosso eterno atraso como nação. É o
suficiente para dar errado.
Pois bem, a derrota do governo Lula na votação da MP do IOF
proporcionou o suprassumo de Haddad: mentiras, conflitos desnecessários,
terceirização dos problemas e novas promessas de taxações. Não que isso me
surpreenda, pelo contrário: o show de horrores é a regra nesta República das
bananas. Ainda assim, com todos os defeitos que ela tem, suas regras merecem o
devido respeito pelos agentes públicos. O ministro precisa recordar algumas
delas.
Em primeiro lugar, aumentar imposto não beneficia a
população pobre de maneira alguma. Ao contrário: quanto mais dinheiro arrancado
da sociedade, mais distorções econômicas e menos produtividade – o resultado é
catastrófico e nem é preciso explicar o porquê. Essa ladainha de que o pobre
foi prejudicado com a derrubada da MP é de um cinismo ímpar. A real motivação,
todos nós sabemos, é a busca desenfreada do governo por novas receitas para
tapar o rombo que ele próprio criou no começo desta gestão com a famigerada PEC
da Transição – além, é claro, de poder gastar à vontade para o presidente Lula
conseguir a reeleição. Não foi isso que José Guimarães disse no ano passado?
Aumentar imposto é bom apenas para quem tem a máquina na mão.
Outra coisa, ministro Haddad: pare de terceirizar a culpa de
todas as desgraças do país ao Congresso Nacional. O senhor tem a caneta na mão,
comanda uma pasta importantíssima para o país. Ficar choramingando toda vez que
o parlamento não atende aos seus caprichos é coisa de criança mimada. Quando o
Congresso aprova as pautas do governo, não há problema, mas basta uma negativa
para a esquerda colocá-lo como ‘’inimigo do povo’’ e tutti quanti. Numa
democracia, o Legislativo fiscaliza o Executivo e elabora as leis, e, se o
governo o quer como parceiro, que trabalhe para isso através do diálogo e da
negociação – sempre em termos pautados pela ética e pela decência, claro. Achar
que uma pauta por si só merece ser aprovada sem esforço de convencimento algum
é erro de amador no jogo político, e parece que o ministro nunca passou dessa
fase.
Uma pequena digressão: colocar a culpa no governador de São
Paulo, Tarcísio de Freitas, foi genial: deu a ele uma força política inesperada
e a responsabilidade de ter salvado o país de uma fria. Parabéns ao Planalto.
And by the way, Haddad nos brindou com mais uma pérola
maravilhosa: o governo Bolsonaro não cobrou todos os impostos que mereciam ser
cobrados. Ele, em novembro de 2025, continua culpando uma administração que
acabou em dezembro de 2022 pelo desarranjo das contas públicas. Como já disse,
o ministro adora terceirizar responsabilidades. Mas essa foi esplêndida:
confessou que o ex-presidente não arrancou o couro – e os bolsos – da população
ao querer arrecadar para tapar os rombos criados pelo próprio governo. Haddad
quer defender a sua gestão ou fazer campanha para a oposição?
Outra regra de bom senso que o ministro deve recordar:
mentir para a população não é um caminho digno de um homem público. Colocar na
testa de quem não apoiou essa MP o carimbo de defensor de privilégios e das
bets é mentira e deve ser exposto como tal. Taxar os ricos não garante
arrecadação ou justiça tributária, pois eles contam com uma série de artifícios
legais para escapar de tais tributações – o livro Considerações econômicas,
sociais e morais sobre a tributação de Adolfo Sachsida dá mais detalhes acerca
de tal panorama – e a conta sempre recai nas costas da classe média e dos mais
pobres. Além disso, o relator da MP do IOF, Carlos Zarattini (PT-SP), retirou o
aumento da cobrança sobre as bets. O Brasil tem muitos idiotas, fato, mas ele
não é composto exclusivamente por eles, Haddad. Não nos trate como
desinformados.
O resultado disso tudo? Uma economia capenga que dá todos os
sinais de desaceleração, uma taxa de juros que inviabiliza investimentos e uma
dívida pública que cresce de forma assustadora. O Estado brasileiro é inchado,
ineficiente e com muito para cortar – o Judiciário sozinho responde por R$
146,5 bilhões, quase dez vezes o valor da MP do IOF. Quem disse que Fernando
Haddad quer mexer na casta mais privilegiada de todas? Sua pauta exclusiva é
taxar a sociedade e alijar o setor produtivo.
Pois bem, o sujeito que taxa tudo e todos foi classificado
como mais liberal em relação a Paulo Guedes pela senadora Soraya Thronicke
(PODEMOS-MS). O país de Roberto Campos é o mesmo de Haddad e Thronicke. Nem o
vernáculo pode descrever o tamanho dessa tragicomédia – nem a incompetência do
atual ocupante da Fazenda.
Carlos Junior é jornalista. Colunista dos portais "Renova Mídia"
e a "A Tocha". Estudioso profundo da história, da política e da
formação nacional do Brasil, também escreve sobre política americana.