Debates
Inovação e respeito às patentes no agro brasileiro
Da Redação | 24 de setembro de 2025 - 01:36

Por Ronaldo Bueno Rodrigues
A pesquisa e o desenvolvimento de novas tecnologias são
pilares da produtividade agrícola e da sustentabilidade do agronegócio
brasileiro. Essa aposta contínua em ciência aplicada ao campo tem permitido ao
país dar saltos significativos em eficiência e desempenho. Como resultado, nas
últimas décadas, o Brasil se consolidou como protagonista nas maiores cadeias
agroalimentares do mundo – como soja, milho, café e açúcar – impulsionado por
um modelo que alia inovação tecnológica à adaptação às condições tropicais.
Nesse ambiente de alta competitividade, o respeito à
propriedade intelectual – especialmente às patentes de insumos e tecnologias –
é condição indispensável para garantir a continuidade da inovação, a segurança
jurídica e o reconhecimento dos investimentos que tornam possível alimentar o
mundo com eficiência e responsabilidade ambiental. Afinal, para manter vivo o
propósito de reimaginar a sustentabilidade na agricultura, a proteção do
investimento em inovação não é apenas um direito: é um fundamento ético e
estratégico.
Desenvolver um novo produto – seja um defensivo, uma
biossolução ou outras formulações amigáveis ao meio ambiente – exige tempo,
investimento e rigor técnico. O ciclo pode levar mais de uma década, da bancada
de laboratórios ao campo, e mobilizar centenas de profissionais em estudos de
eficácia, toxicidade, impacto ambiental e registro. Quando essa inovação é
violada, todo o ecossistema de pesquisa e desenvolvimento é desvalorizado –
prejudicando a competitividade da indústria, o retorno do investimento ao agricultor
e os avanços rumo a uma agricultura mais sustentável. Enfatizo: cada vez que
uma patente é quebrada ou desrespeitada, abre-se um precedente que pode
comprometer o futuro da inovação no setor mais competitivo da economia
brasileira: o setor agropecuário.
Mais do que uma obrigação legal, proteger a inovação é uma
questão de ética. Significa respeitar o trabalho de pesquisadores (cientistas
que tanto orgulham nosso país), a integridade dos processos
científicos e o compromisso com um agro mais sustentável. Em um segmento guiado
por relações de confiança entre empresas, cooperativas, revendas e
agricultores, essa ética deve estar no centro das decisões – garantindo
previsibilidade, valorização da tecnologia e segurança para quem produz.
O Brasil conta hoje com centros de pesquisa de alta
complexidade, voltados à criação de soluções cada vez mais adaptadas às
realidades regionais. Para que esse ecossistema continue crescendo, é essencial
fortalecer o ambiente de negócios com regras claras, estabilidade regulatória e
proteção efetiva à propriedade intelectual. Para que nossa nação siga como
líder global do agronegócio, é essencial que todos compreendam: proteger a
inovação é proteger o produtor rural – e também a população. É garantir que os
frutos da ciência cheguem ao campo, com segurança ao meio ambiente e
compromisso com as próximas gerações.
Nesse cenário, iniciativas lideradas por empresas como a UPL – que investe amplamente em inovação no país – reforçam a importância de uma agenda baseada na legalidade, na transparência e no respeito à ciência. Acreditamos que a colaboração é o caminho para uma agricultura mais sustentável, e que essa colaboração precisa ter como base a legalidade, a transparência e o respeito aos ativos da propriedade intelectual. Valorizar as patentes é valorizar o trabalho dos cientistas, a seriedade da indústria e a responsabilidade com o futuro da produção dos alimentos de nossas mesas, das fibras que os vestem e da bioenergia que nos move. Reimaginar o futuro do agro passa, necessariamente, por proteger esses fundamentos.
Ronaldo Bueno Rodrigues, engenheiro agrônomo pela
Universidade Estadual Paulista (UNESP), especialista em manejo de doenças de
plantas pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) e diretor de inovação,
pesquisa e desenvolvimento (P&D) da UPL Brasil.