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Brasil precisa reagir ao tarifaço dos EUA e enfrentar a invasão chinesa com competitividade
Da Redação | 19 de setembro de 2025 - 01:40

Por Gino Paulucci Jr
O recente aumento das tarifas de importação impostas pelos
Estados Unidos a diversos produtos industriais acendeu um sinal de alerta para
o Brasil. A medida, conhecida como “tarifaço”, atinge em cheio as exportações
brasileiras e reforça a urgência de uma estratégia nacional para que o país se
insira de forma competitiva no mercado global.
O Brasil precisa assumir uma postura estratégica, capaz de
reduzir vulnerabilidades, conquistar mercados e fortalecer sua base produtiva.
A realidade é clara e enquanto nossos concorrentes avançam, continuamos com
custos de capital elevados e outros entraves que dificultam a maior presença
dos produtos brasileiros no exterior.
Para prosperar, o Brasil deve manter postura proativa,
combinando medidas de promoção comercial, inovação e modernização produtiva,
com combate aos altos custos e à concorrência desleal. O setor de máquinas e
equipamentos é um exemplo emblemático. Nas últimas décadas, sua participação no
mercado doméstico foi gradativamente tomada por bens importados e no mercado
externo estabilizou em nível baixíssimo.
O resultado é preocupante: o setor perde espaço no próprio
país e no exterior, enquanto enfrenta barreiras em mercados estratégicos como o
norte-americano. Essa realidade mostra que medidas pontuais não bastam. O
Brasil precisa de uma política pública estratégica de longo prazo, que integre
política macroeconômica, industrial e comercial em prol do desenvolvimento
econômico.
Modernizar processos produtivos e promover exportações devem
ser prioridade de um projeto nacional de desenvolvimento. Se o Brasil não
reagir, será apenas um comprador do mundo, abrindo mão de empregos, tecnologia
e desenvolvimento industrial. O tarifaço dos EUA é um choque de realidade e, ou
nos tornamos competitivos e buscamos inserção internacional, ou aceitaremos ser
coadjuvantes.
A indústria de transformação no Brasil precisa buscar sua
própria competitividade. Isso significa investir em inovação, em pesquisa e
desenvolvimento, e na adoção de tecnologias de ponta, como a Indústria 4.0. A
modernização do parque fabril e a qualificação da mão de obra são essenciais
para aumentar a produtividade. A burocracia excessiva, o elevado custo do
capital para financiamento, a alta carga tributária e a infraestrutura
deficiente são gargalos que precisam ser enfrentados com prioridade.
O momento exige ação coordenada e estratégica. O Brasil deve
defender seus interesses no cenário internacional e, acima de tudo, se
concentrar em fortalecer sua própria indústria. O governo já deu passo
importante com a NIB – Novo Indústria Brasil, estabeleceu, entre outras
inúmeras ações, políticas que fomentam a inovação e a digitalização, uma forma
importante de garantir que a indústria brasileira se modernize e se fortaleça,
mas é preciso mais para restabelecer seu papel de pilar fundamental da economia
brasileira.
É hora de agir com visão de longo prazo. O setor privado, o governo e o Congresso precisam trabalhar juntos para criar condições reais de competitividade e recuperar o protagonismo industrial do Brasil para, talvez, sair desse episódio, melhor do que entrou, com novas oportunidades e melhoria no fluxo de comércio para a indústria brasileira.
*Gino Paulucci Jr é engenheiro mecânico, empresário e
presidente do Conselho de Administração da ABIMAQ