Debates
Caiu a máscara da hipocrisia
Da Redação | 12 de agosto de 2025 - 00:36

Por Mário Sérgio de Melo
Os EUA se arrogam ser a nação guardiã da democracia da liberdade no mundo. Será? Vamos ver. Os EUA nasceram invasores: construíram seu território de oceano a oceano tomando as terras do México e exterminando as nações indígenas, sob inspiração do “destino manifesto”, que faz o estadunidense acreditar que seja predestinado a dominar o mundo; na Segunda Guerra Mundial, esperaram anos para engajar-se, agigantando suas indústrias bélicas, enquanto a Europa devastava-se; cometeram o mais fatal ato terrorista da História, as bombas de Hiroshima e Nagasaki; único grande país que saiu com seu território ileso da guerra, submeteu o mundo ao jugo do dólar; invadiu Coréia, Vietnã, Iraque, Afeganistão, Líbia, Síria e conspirou golpes no Irã, Chile, Argentina, Brasil, Venezuela, Guatemala, Ucrânia e tantos outros, a pretexto de deter o fantasma do comunismo; embargou Cuba, Venezuela, Irã, Coréia do Norte, Rússia; patrocina o genocídio na Palestina, a guerra na Ucrânia, o ataque ao Irã.
Com a ameaça da China à hegemonia estadunidense, o louco Trump já não inventa engodos: quer submeter todas as nações do mundo ao que resta do poderio econômico dos EUA. Organizações internacionais, acordos, alianças já não têm nenhum préstimo. Antes, serviam para mascarar. Já não é necessário ludibriar: as garras da águia são expostas com o intuito de subjugar. É o caos mundial, a desordem intencional.
Não é só tentar salvar a decadente supremacia econômica e militar estadunidense, através de comércio privilegiado, usurpação de recursos naturais, embargos, chantagens e tramas comerciais. Também está em jogo o neoliberalismo concentrador de riquezas, contra o socialismo distributivo.
Com as tecnologias atuais de informação e desinformação, aprofundou-se a crença do fantasma comunismo ameaçando o planeta. Este tem sido o falso pretexto, agora desmascarado, para invadir o mundo. A guerra cognitiva imbeciliza: transforma estadistas em ladrões; milicianos em mitos messiânicos; o liberalismo que protege super-ricos e multiplica a pobreza em ilusão de liberdade e prosperidade; o socialismo que visa a equidade em mordaça à livre iniciativa...
Adentramos a era da desinformação e ignorância. A educação, com tantos recursos tecnológicos que poderiam estar nutrindo uma nova civilização, está sendo manipulada para fomentar intolerância, medo, ódio, idiotice, violência, subserviência, desesperança. A força da renovação é bloqueada pelo reacionarismo e obscurantismo.
Talvez essa reação ao progresso da humanidade seja natural: toda grande mudança encontra rejeição por parte de muitos. Mas a sina é evoluir. Tem sido assim ao longo da evolução das espécies no planeta. A barbárie que ora prospera é o que vai separar o joio do trigo, e fazer nascer o ser humano lúcido, consciente das fragilidades de si mesmo, de seu próximo e da pródiga natureza.
A superação da hipocrisia, ainda que seja pela indisfarçada prepotência, pode ser o ponto de inflexão da evolução da humanidade.
Mário Sérgio de Melo é Geólogo, professor aposentado do Departamento de Geociências da UEPG