PUBLICIDADE

O Colapso do Pensar: A Era da Preguiça Intelectual

Imagem ilustrativa da imagem O Colapso do Pensar: A Era da Preguiça Intelectual

Por Willian Jasinski

Vivemos a era da tecnologia, da inteligência artificial, dos algoritmos e das soluções instantâneas. Nunca foi tão fácil acessar informações, gerar respostas, traduzir textos ou criar conteúdos em segundos. E, paradoxalmente, nunca estivemos tão próximos de um colapso silencioso: o colapso do pensamento.

Basta observar a realidade nas empresas, nas organizações e até nas instituições públicas. Pessoas que já não leem, não interpretam, não refletem. Querem tudo mastigado. A lógica do “joga no chat” ou “pede pra IA” substituiu a leitura, o raciocínio e, principalmente, a busca por compreender de verdade os problemas.

O problema é muito mais profundo do que parece. A tecnologia é — e sempre será — uma ferramenta extraordinária. Mas, quando usada como muleta para suprir aquilo que deveria ser capacidade básica do ser humano, ela deixa de ser apoio e se torna um risco. Um risco real de retrocesso intelectual.

Hoje encontramos profissionais que sabem acionar comandos, sabem usar ferramentas, sabem buscar respostas prontas. Mas não sabem interpretar um texto com atenção, não compreendem uma cláusula, não analisam um contexto, não sabem — ou não querem — pensar criticamente.

E o problema não para nos profissionais de base. Está, também, nos gestores, líderes e decisores. Muitos estão mais preocupados em delegar tudo — inclusive suas responsabilidades cognitivas — do que em liderar de fato. Terceirizaram até o próprio raciocínio.

Enquanto isso, aquele pequeno grupo que ainda insiste em estudar, ler, entender, se aprofundar e resolver problemas, vive esgotado. São os que seguram as pontas. Que apagam incêndios diários. Que fazem o trabalho que deveria ser dividido, mas que, na prática, fica concentrado nas mãos de quem não abriu mão de pensar.

O impacto disso nas empresas já é visível. A dificuldade em encontrar profissionais qualificados nunca foi tão grande. E não falamos apenas de formação técnica. Falamos de algo muito mais básico e essencial: capacidade de interpretação, raciocínio lógico, pensamento crítico e resolução de problemas.

É claro que a tecnologia é, e sempre será, aliada. A inteligência artificial tem um papel fundamental no ganho de produtividade, na automação de tarefas e na democratização do acesso à informação. O problema começa quando ela vira substituta da competência humana mais valiosa de todas: a capacidade de pensar.

Se nada mudar, o futuro é previsível: empresas cada vez mais cheias de gente rasa, superficial, que não sustenta uma linha de raciocínio, que não sabe resolver problemas reais. E organizações reféns de poucos que ainda carregam o ônus de manter o básico funcionando.

Portanto, aqui vai um alerta, direto e necessário: ler, interpretar, refletir e pensar nunca foram, e nunca serão, habilidades obsoletas. Ao contrário, serão cada vez mais o grande diferencial entre quem lidera o futuro — e quem será inevitavelmente atropelado por ele.

O colapso do pensar não é um problema tecnológico. É, antes de tudo, um problema humano. E sua solução também depende, essencialmente, de nós.

* O Autor é advogado, formado em Direito pela Universidade Norte do Paraná, com especialização em Direito Aplicado pela Escola da Magistratura do Paraná

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

MAIS DE DEBATES

HORÓSCOPO

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

DESTAQUES

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

MIX

HORÓSCOPO

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE