Debates
Origem e sentido da Solenidade de Corpus Christi
Da Redação | 18 de junho de 2025 - 00:45

Por Lino Rampazzo
A festa de Corpus Christi é um convite para uma
meditação sobre o valor e a importância da Eucaristia em nossa vida. A
palavra Corpus Christi vem da língua latina e significa Corpo de
Cristo. É uma festa que celebra a presença real de Cristo na Eucaristia. É
realizada na quinta-feira seguinte ao domingo da Santíssima Trindade que, por
sua vez, acontece no domingo seguinte ao de Pentecostes.
A origem da Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo remonta
ao século XIII. Foi instituída pelo Papa Urbano IV (1262-1264) através da bula
“Transiturus”, de 11 de agosto de 1264.
Urbano IV, antes de ser escolhido Papa, era cônego de Liège
(Bélgica) e se chamava Tiago Pantaleão de Troyes. Ele tinha recebido o segredo
das visões da Freira Juliana de Liége, que pedia uma festa da Eucaristia no
calendário litúrgico.
Conta a história que, sucessivamente, um sacerdote chamado
Pedro de Praga, muito piedoso e zeloso pastoralmente, vivia angustiado por
dúvidas sobre a presença real de Cristo no pão consagrado. Decidiu então ir em
peregrinação ao túmulo dos Apóstolos Pedro e Paulo em Roma, para pedir o dom da
fé. Ao passar por Bolsena (Itália), enquanto celebrava a Santa Missa, foi
novamente acometido pela dúvida. Na hora da consagração veio-lhe a resposta em
forma de milagre: a sagrada hóstia branca transformou-se em carne viva,
respingando sangue, manchando o corporal (paninho branco no qual são colocadas
as sagradas espécies consagradas), o sanguíneo (paninho de limpar o cálice) e a
toalha do altar.
Por solicitação de Urbano IV, os objetos milagrosos foram,
em solene procissão, para a cidade de Orvieto, onde na época o Papa morava.
São Tomás de Aquino foi responsável pela composição dos
textos da liturgia de Corpus Christi, a pedido do Papa Urbano IV. Para a
celebração, ele compôs também o hino “Pange lingua”, o qual inspira o canto da
Bênção do Santíssimo cantada no Brasil. A parte final deste hino é o Tantum
ergo sacramentum, em português “Tão sublime sacramento”.
A Eucaristia é um dos sete Sacramentos e foi instituída na
Última Ceia, quando Jesus disse: “Este é o meu Corpo… Este é o cálice do meu
Sangue… fazei isto em memória de mim” (Mt 26,26). Assim, vemos que quem pediu
que nós ao longo dos tempos e da história celebrássemos a Eucaristia foi o
próprio Cristo. E a Igreja Católica cumpre este mandato até hoje, para
perpetuar a presença salvadora de Jesus na história.
São Tomás de Aquino afirmou: “Nenhum outro sacramento é mais
salutar do que a Eucaristia. Pois, nele os pecados são destruídos, crescem as
virtudes e a alma é plenamente saciada de todos os dons espirituais. A
Eucaristia é o memorial perene da paixão de Cristo, o cumprimento perfeito das
figuras da antiga aliança e o maior de todos os milagres que Cristo realizou”.
Para celebrar este Cristo presente na vida da Igreja, se
enfeitam as ruas com tapetes feitos de sal, serragem, borra de café, areia e
flores, para que Jesus Eucarístico possa passar pelas ruas e abençoar as
cidades e seus moradores, que por sua vez lhe conferem adoração e atos de fé.
Com fé, esperança e amor acolhamos a palavra de Jesus: “Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente” (João 6,51). *
Lino Rampazzo é doutor em Teologia e professor no Curso de
Teologia da Faculdade Canção Nova.