Debates
O impacto do 5G na indústria de caixas eletrônicos
Da Redação | 10 de agosto de 2022 - 01:44
Por Matheus Neto
Um dos temas mais comentados do momento, o 5G está
finalmente chegando às cidades brasileiras. Mais do que novas antenas e redes,
porém, a verdade é que a conexão de quinta geração vem trazendo consigo uma
grande promessa: acelerar, literalmente, a transformação de inúmeros setores.
Inclusive aqueles que têm como missão unir o digital e o físico. Este é o caso,
por exemplo, da indústria de caixas eletrônicos e terminais de autoatendimento
financeiro (ATMs), que evoluiu exponencialmente nas últimas décadas e, hoje,
está absolutamente preparado para utilizar as mais recentes tecnologias, como a
Internet 5G.
Tecnicamente, quando falamos em 5G, estamos nos referindo à
facilidade de comunicação, com mais estabilidade e banda para executar a
ligação entre máquinas, usuários e servidores. Dito isso, podemos dizer que o
principal impacto desse novo padrão de Internet será a chance de realizar as
operações com mais rapidez e agilidade. Isso, claro, do ponto de vista do
cliente, na hora de fazer um saque, consultar saldo, habilitar um recurso em
sua conta etc.
Para os bancos, porém, essa é uma chance de aumentar a
carteira de serviços disponíveis nos terminais. Mais do que isso, aliás, pode
significar a oportunidade de levar os caixas eletrônicos até lugares mais
remotos do País, atendendo inclusive a população que, atualmente, não consegue
ter acesso aos serviços bancários em geral. Esse é um grande ponto para o
segmento bancário, que poderá aumentar seu alcance junto ao público.
A chegada do 5G, portanto, pode significar uma grande
notícia para a sociedade geral, uma vez que essa conexão combinada com a
tecnologia das novas soluções de autoatendimento poderá ser efetivamente usada
para responder o desafio de inclusão das pessoas à economia - física e digital.
Segundo pesquisa do Instituto Locomotiva, vale lembrar, cerca de 17 milhões de
brasileiros não têm acesso ou usam de forma limitada os serviços e produtos
bancários.
A adoção de terminais mais modernos e conectados às redes 5G
abre a chance de se atender essa população, criando um ponto de contato entre
clientes e bancos, entregando tanto serviços digitais quanto moeda em espécie
(ponto fundamental, principalmente para a movimentação das economias locais).
Estudo promovido pela Fundação Dom Cabral estimou que 53,4% dos brasileiros
ainda preferem utilizar o dinheiro como principal forma de pagamento, ao invés
de cartões de crédito ou PIX, por exemplo. É preciso garantir o atendimento
dessas pessoas.
Até porque a implementação desse parque de autoatendimento
também oferece uma opção à tendência de fechamento das agências. No último ano,
por exemplo, mais de 2.300 agências bancárias foram fechadas, conforme
informações do Banco Central. Essa é uma situação que vem sendo acelerada desde
o início da pandemia de COVID-19, que exigiu períodos de isolamento social e
provocou o afastamento do dia a dia presencial.
O fechamento desses pontos físicos de atendimento revelou a
importância da presença do autoatendimento. Em muitas situações, essas soluções
já são a única opção para resolverem questões financeiras. Nos novos tempos,
cada vez mais o ATM será a própria agência para os clientes.
Como consequência, os ATMs serão ambientes que terão como
função não apenas permitir que os consumidores possam sacar seu dinheiro, mas
também ter a possibilidade de resolver qualquer assunto importante. As
instituições financeiras estão avançando em suas agendas de Transformação
Digital e de modernização para atender às expectativas dos clientes, e as
soluções de autoatendimento de nova geração são peças fundamentais para atender
as demandas por personalização, praticidade, conveniência e alta
disponibilidade que os usuários desta era fazem questão de ter sempre por
perto.
O lançamento das redes 5G em todo o mundo, nesse sentido,
certamente auxiliará os bancos na busca por soluções frente a estes novos
desafios. Afinal de contas, a nova conexão oferece
algumas vantagens claras sobre as gerações anteriores de
redes sem fio, como a conectividade superior ou a capacidade de suportar
milhões de dispositivos por quilômetro quadrado sem comprometer a qualidade do
serviço. Aliás, um ponto-chave para se compreender as vantagens da Internet 5G
é justamente a possibilidade de avançarmos nas ações da Internet das Coisas
(IoT), permitindo cada vez mais a comunicação entre máquinas
Com o IoT, caminhamos para entender melhor a performance dos
equipamentos, antecipando falhas e maximizando os planos de manutenção
preventiva (ou reativa). Isso significa a maior disponibilidade das soluções de
autoatendimento, com menor demanda de movimentação de peças, entre outras
coisas.
Além disso, o 5G trará ganhos também no que diz respeito a
preservação do planeta. Do ponto de vista do impacto ambiental, com uma
tecnologia mais avançada, os caixas eletrônicos serão cada vez mais
constituídos por menos componentes, reduzindo sua massa consideravelmente e o
consumo de energia.
São inúmeros os motivos para que a rede 5G verdadeiramente ajude a elevar ainda mais a eficiência e o papel dos serviços oferecidos pelos terminais de autoatendimento bancário. Resta saber quem estará atento a essa oportunidade, transformando o ATM em um ponto de contato capaz de agregar valor à marca e à experiência do cliente. Inovação, futuro e 5G não é assunto apenas para falarmos sobre carros autônomos, monitoramento de saúde e Nuvem. Mais do que isso, pode ser a chave para pensarmos no que será o caixa eletrônico do amanhã, começando por hoje mesmo.
Autor é Gerente de Soluções de Hardware da Diebold Nixdorf