Debates
Energia eólica e solar: novas esperanças
Da Redação | 12 de novembro de 2021 - 00:01
Por Vivaldo José Breternitz
A prestigiadíssima revista científica Nature Communications
publicou os resultados de um estudo que concluiu ser possível atender 85% das
necessidades de eletricidade dos Estados Unidos utilizando energia eólica e
solar. Melhorias em sistemas de armazenagem poderiam aumentar esse número.
O estudo foi desenvolvido por cientistas da University of
California, da China’s Tsinghua University, do Carnegie Institution for Science
e do Caltech, que analisaram os dados sobre demanda de energia hora a hora, de
42 países por um período de 39 anos - uma aplicação clássica de big
data/analytics.
Além dos 85% observados para os Estados Unidos, o estudo
permitiu observar que nos demais países, esse número oscila entre 72% e 91%,
sem levar em conta eventuais melhorias nos sistemas de armazenamento, que se
tivessem capacidade para armazenar 12 horas de consumo, elevariam esses números
para 83% e 94%.
Mas há aspectos geográficos a considerar: se para os países
próximos à linha do Equador, como o Brasil, seria mais fácil mudar totalmente
para fontes de energia sustentáveis, de vez que dispõem de sol por períodos
mais longos, outros países, como a Alemanha, por exemplo, podem ter
dificuldades para atender às suas necessidades por meio da energia eólica e
solar, por estarem em latitudes mais altas.
Além do aperfeiçoamento dos sistemas de armazenamento, outra
solução seria países de uma mesma região compartilharem recursos. O professor
Dan Tong, da Universidade Tsinghua e principal autor do artigo, disse a
título de exemplo que, um sistema que juntasse a energia gerada pelo sol
abundante da Espanha, Itália e Grécia, com a gerada pelo vento abundante da
Holanda, Dinamarca e região do Báltico, seria muito consistente e estável.
Alguns países estão reduzindo sua dependência de
combustíveis fósseis, o que é essencial para mitigar as emissões de carbono e
limitar o impacto das mudanças climáticas; em 2020, a Europa gerou mais
eletricidade a partir de fontes renováveis do que a partir de combustíveis
fósseis, mas mesmo com esses esforços e os números trazidos pelo relatório,
ainda haveria centenas de horas por ano em que a demanda não seria atendida,
havendo a necessidade de fontes alternativas.
Além disso, medidas como o aumento do número de veículos
elétricos, podem gerar novos e graves problemas ambientais, como já é o de
descarte de baterias inservíveis.
Não há soluções fáceis para o problema, que é de todos nós,
e não apenas de governos e empresas.
Vivaldo José Breternitz é Doutor em Ciências pela
Universidade de São Paulo, é professor do Programa de Mestrado em Computação
Aplicada da Universidade Presbiteriana Mackenzie.