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Imagem ilustrativa da imagem Dia de Cão

Por Marcos Condolo 

No último dia 28 de Março de 2021 a grande imprensa noticiou uma ocorrência policial de alto risco e de grande repercussão, na cidade de Salvador (BA), envolvendo um Policial Militar, o qual visivelmente desequilibrado emocionalmente, passou a efetuar disparos de arma a esmo e em local público (farol da barra), utilizando armamento de expressiva capacidade de fogo (fuzil).

Soube-se que, além do acionamento de várias equipes de policiamento de área, o grupo de ações táticas da Polícia Militar Baiana (BOPE) assumiu a responsabilidade do evento crítico. Infelizmente, após algumas horas de intervenção na crise, o resultado da ocorrência culminou na neutralização do causador do evento.

Neste ponto, objetivando melhor compreensão dos fatos, convém salientar que a atividade de Segurança Pública, além de ser multiforme e imprevisível, exige do policial inúmeros sacrifícios, dentre os quais, o cumprimento de uma extenuante e prolongada jornada de trabalho (superior a 60h/semanal); o constante enfrentamento da violência e criminalidade; a submissão contínua a elevados níveis de estresse, decorrente do risco à vida inerente à profissão; a permanente pressão da opinião pública pela eficiência dos serviços prestados; a existência de uma legislação em que prevalece a insegurança jurídica; sem contar a fiel observância às exigências advindas da estrutura hierárquica corporativa.

O que chama a atenção no fatídico caso de Salvador, em que notadamente instalou-se uma crise e o respectivo gerenciamento, diz respeito às singularidades da ocorrência. Muitos pensam, sem razão, que a atuação policial visa unicamente a prática de truculência e aniquilação do indivíduo em conflito com a lei. Porém, a missão policial é diametralmente oposta, pois, particularmente às ações voltadas ao Gerenciamento de Crise, tem por objetivo a preservação de vidas, a aplicação da lei e o restabelecimento da ordem pública, conforme a observância de rígidos regulamentos e protocolos internacionais.

Por obvio que a ocorrência de Salvador extrapolou a capacidade de resposta imediata do policiamento ordinário, sendo necessária a intervenção do Grupo de Ações Táticas, o qual, diferentemente do que foi ventilado, possui treinamento especializado e, acima de tudo, obedece rigoroso critério de ação (legal, ético e moral), inexistindo qualquer possibilidade de amadorismo ou empirismo no desencadeamento das medidas de contenção.

Na ocasião, o policial designado para acompanhar e administrar pari passu o teatro de operações, detinha inúmeras alternativas para dar solução à ocorrência, inclusive o uso de técnicas não letais e, até mesmo, possibilitar a resiliência (fuga) do causador do evento, sempre tendo em foco que a negociação seria a principal alternativa a ser seguida, a fim de conter e estabilizar a situação, diminuindo o estresse e evitar resultados trágicos.

De qualquer forma, o episódio envolvendo a polícia baiana, que protagonizou um catastrófico dia de cão, demonstrou claramente que o policial necessita de criterioso e continuado atendimento psicossocial, suprindo, consequentemente, um déficit relacionado ao atendimento à saúde do operador de Segurança Pública no Brasil.

Marcos Condolo é Colaborador JM

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