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Sleeping Giants globalizou PG

Imagem ilustrativa da imagem Sleeping Giants globalizou PG

Por Ben-Hur Demeneck         

PG entrou em definitivo na era da convergência e da política global no domingo. Em ano de pandemia e desencantos, Leonardo de Carvalho Leal e Mayara Stelle, um casal de jovens locais que estudam Direito na UEPG, sacudiu a mídia brasileira com a notícia de que são os fundadores da versão brasileira do Sleeping Giants. O movimento reúne mais de 415 mil seguidores no Twitter e mais de 170 mil no Instagram.            

O “SG” opera internacionalmente como uma rede que mina o financiamento de quadrilhas digitais que operam máquinas de ódios e fake news. O casal veio a público depois de saber que o Twitter iria divulgar dados deles a um dos “canais prejudicados” (aspas minhas). Contudo, não basta a satisfação de saber que conterrâneos pautam há meses a imprensa brasileira. É preciso garantir toda a proteção para que eles sigam seu corajoso trabalho em prol da democracia.            

Para se ter noção do estardalhaço ao redor do Sleeping Giants Brasil, a notícia teve chamada de capa na edição de domingo da Folha de S. Paulo. A entrevista ocupou página inteira do caderno Ilustrada, na prestigiada coluna de Monica Bergamo. A foto de Leonardo e Mayara se expandiu por cinco colunas de texto. No Twitter, a jornalista disparou uma mensagem iniciada com “EXCLUSIVO” e incendiou as redes sociais do dia 13.            

O Sleeping Giants Brasil foi aberto em maio e, basicamente, alerta empresas quando o dinheiro delas acaba patrocinando discursos de ódio e fake news. Algo que costuma acontecer sem o conhecimento dos anunciantes quando pagam por anúncios de “mídia programática” pelo Facebook e Google e, por exemplo, querem atingir apenas uma faixa etária. Cerca de 700 empresas seguiram os alertas da rede e retiraram patrocínio de sites duvidosos. A pandemia amplificou os efeitos nefastos da máquina de ódio e mentira. Desinformação durante uma pandemia mata. Ódio nem se fala. Combater desinformação e intolerância acaba sendo uma defesa da nossa sobrevivência como indivíduos e como país. Sou dos anos 1980 enquanto que Stelle e Leal nasceram nas bordas do ano 2000. Eu me sinto feliz demais por ver o protagonismo deles. A ação deles carrega um entendimento de que a cidadania depende do cultivo de valores de racionalidade, compreensão e tolerância.

Aplauso dado, chega a hora da responsabilidade. É importante que políticos, líderes comunitários, advogados, jornalistas, professores – e quem mais puder – se empenhem em garantir a proteção da integridade física e da honra dos jovens ativistas. Uma breve passagem pelo Twitter de ontem mostrou hordas de trollers fustigando ações judiciais e barbaridades impublicáveis. A regra dos covardes digitais vai da revelação de dados pessoais até ameaças de morte.

Para finalizar, PG não se resume a uma cidade conservadora. A bomba lançada por Leonardo e Mayara lembra que sobra iniciativa e criatividade por estas terras. O duro é que costuma ficar tudo espalhado. Mas como cá estamos – leitores e autores –, temos o dever de garantir um amanhã mais conectado. O episódio em questão também ilustra que nenhuma cidade de interior está condenada a ser coadjuvante das grandes questões nacionais e internacionais de sua época. Não na era da globalização e da convergência.

Ben-Hur Demeneck é doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo, onde integra o Grupo de Pesquisa Jornalismo, Direito e Liberdade (IEA-USP).

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