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Esta não foi a eleição das redes sociais
Da Redação | 04 de dezembro de 2020 - 02:32
Por Osmar Bria
As eleições municipais de 2020 não foram as eleições das
redes sociais, assim como previsto no artigo “O mito das redes sociais nas
eleições 2020”, divulgado durante a pré-campanha. Imaginar que uma rede de
relacionamento social iria, por si só, gerar votos era, no mínimo, previsível
de não acontecer na realidade.
É claro que acreditar nisso era um conforto para a maioria
dos candidatos, afinal, é mais barato e dá menos trabalho. O envolvimento
gerado é virtual, ou seja, não garante necessariamente um relacionamento forte
capaz de ser convertido em voto. Política é relacionamento; eleição é voto na
urna.
As redes sociais sem dúvida são ótimas para gerar
curiosidade e simpatia. Mesmo assim, é fundamental lembrar que grande parte dos
eleitores detesta a política ou os próprios políticos. Por isso, para usar as
redes sociais é necessário ter uma estratégia definida e conhecimento sobre o
público que deseja alcançar. Não adianta acreditar que uma postagem vai atingir
milhares de pessoas sozinha. Para isso são necessários vários fatores, e muitos
deles não estão no controle do candidato.
O voto não é um produto atraente ao consumidor. Ele nasce da
palavra compromisso. Em 90% dos casos, o voto nasce de um comprometimento
assumido entre duas pessoas que confiam uma na outra, na maioria das vezes em
favor de uma terceira. Assim vão se formando as “ondas eleitorais”, que podem
ser chamadas de efeito de ressonância.
Durante a participação em campanhas de todas as partes do
Brasil, foi possível acompanhar diferentes candidatos focados nas redes com
trabalhos altamente técnicos e abrangentes, desde aqueles com pouca presença
virtual até os de muito impacto com milhares de seguidores. O resultado foi que
a maioria dos que apostaram nas redes como carro-chefe da sua candidatura
acabaram sendo derrotados nas urnas.
O olho a olho e as redes individuais de relacionamento
fizeram a diferença nessas eleições. Um líder que inspira a sua equipe, seus
coordenadores, é justamente uma pessoa que cria a sensação de pertencimento nos
seguidores. Assim, os objetivos entre ambas as partes ficam alinhados.
Por enquanto, vencer as eleições com as redes sociais ainda
fica restrito para as grandes campanhas, onde as opções são menores. Os
candidatos proporcionais, como deputados, vereadores e prefeituras até 50 mil
habitantes, precisam investir no treinamento de equipe e em suas próprias características
de liderança com inteligência emocional. Os resultados recentes das eleições
municipais são uma prova disso.
Osmar Bria é autor dos livros “A Fórmula do Voto” e
“Mulher, Emoção e Voto”. Realiza treinamentos com partidos e candidatos de todo
o país. Em 2020, mais de 20 mil pessoas foram impactadas pelos ensinamentos do
autor e seus treinamentos ajudaram a eleger 370 vereadores, 31 prefeitos e
reuniu 4 milhões de votos.