Debates
O pequeno comerciante e as possibilidades de crescimento
Da Redação | 02 de dezembro de 2020 - 02:20
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Os hábitos de consumo dos indivíduos estão sujeitos a
mudanças devido às oscilações do mercado ou pelo surgimento de novos produtos
que passam a atender, eventualmente, as necessidades do consumidor. As gerações
do período pós Segunda Guerra Mundial nunca tinham sentido necessidade de uma
mudança tão drástica em seus hábitos como na atualidade e, se viveram períodos
de restrições, essas estavam ligadas à falta de produtos, como alimentos ou
roupas. No entanto, a pandemia trouxe novos contornos a essas restrições,
tornando-as mais abrangentes, uma vez que lazer e entretenimento também foram
atingidos.
Os períodos de isolamento e distanciamento social obrigaram
o consumidor a buscar formas alternativas para aquisição de bens e serviços que
lhe permitissem a satisfação das necessidades básicas como também o conforto
proporcionado pelas atividades de lazer, ainda que no isolamento de sua
residência. Observou-se, então, o aumento das compras on-line, principalmente
em lojas virtuais ou de e-commerce, que ofereciam entrega rápida e segura.
Com a circulação física limitada a espaços mais seguros e
não tão movimentados, o consumidor também voltou a fazer compras no entorno de
sua residência, preferindo o comércio do bairro, onde a circulação das pessoas
é menor.
Uma pesquisa realizada pelo instituto Kantar e divulgada
pelo Jornal de Negócios do Sebrae aponta, de acordo com as respostas dos
pesquisados, que 60,2% gostam do fato do número de pessoas no local ser
reduzido; 59,6% são atraídos pela proximidade do estabelecimento comercial; o
preço acessível atraiu 53,3% e o cumprimento das medidas sanitárias, 47,8%,
sendo que 44,9% citaram a ausência de filas como um diferencial a ser
considerado.
Cientes das novas exigências do consumidor, alguns
comerciantes de estabelecimentos localizados em bairros buscaram adaptar-se
para atender essa demanda. Nesse sentido, serviços de delivery, e não apenas
para comida pronta, mas também para compras diversas, como gêneros
alimentícios, frutas e verduras, além de roupas e calçados, foram sendo
implantados, como uma forma de atender às necessidades desse novo público que
quer continuar consumindo, mas tem sua circulação restrita, seja pelas regras
sanitárias, seja pela conscientização pessoal.
Pesquisa do Sebrae aponta que o comércio existente nos
bairros se constitui um agente gerador de renda e de desenvolvimento na região
em que está instalado e, para que esse comércio também se desenvolva, o
comerciante deve ser empreendedor e estar atento a oportunidades de
crescimento, mantendo-se atento ao investimento em marketing e, principalmente,
em inovação. Criar conexão com o cliente e utilizar as ferramentas digitais de
geolocalização, como por exemplo o Waze ou o Google Meu Negócio, podem ser um
diferencial para a empresa.
Outro diferencial pode estar relacionado ao investimento na
diversificação dos produtos oferecidos, bem como na oferta de soluções que
atendam às necessidades da clientela, como a implementação do omnichannel,
mediante a integração de diversas formas de atendimento, como compras on line,
por telefone, na loja física, incluindo o serviço de delivery, como já fazem as
grandes lojas.
Para implementar essas ações, o comerciante deve fazer uma
análise de seu negócio e escolher os canais de venda mais adequados ao seu
perfil. Pode, também, buscar parcerias com grandes redes de distribuição de
diferentes produtos vendidos on line, colocando seu estabelecimento como
referência física para a retirada do produto, garantindo, ao consumidor, a
redução do estresse gerado nas last miles.
Além disso, a disponibilização de um serviço de atendimento
ao consumidor (SAC), em todos os canais de venda, é fundamental para que o
consumidor perceba a seriedade e o comprometimento do empreendedor com o
atendimento à clientela.
Uma recomendação importante que é feita a esses pequenos
comerciantes, para que continuem a ver seu negócio prosperando, é o de que não
dá para ignorar os avanços da tecnologia, mas tê-la como aliada é como adquirir
um passe livre para ir mais longe e aproximar-se cada vez mais do público
consumidor.
Em síntese, é hora do pequeno comerciante aprender a ouvir o
mercado e seus clientes, mas, sobretudo, entender os desafios do momento e
preparar-se logística e tecnologicamente para enfrentá-los.
A hora é agora! O pequeno comerciante não deve deixar para
depois! É urgente que se prepare e ocupe os nichos de mercado que aí estão, em
aberto, prontos para serem ocupados.
Alessandra de Paula é coordenadora dos cursos de Logística e E-commerce e Sistemas Logísticos do Centro Universitário Internacional Uninter.