Debates
Pondere o que você diz, pois as palavras têm poder
Da Redação | 06 de novembro de 2020 - 02:00
Por Ângela Abdo
Imagine as crianças crescerem ouvindo os pais dizerem que elas são burras, desastradas, medrosas, relaxadas. O capítulo 1 do livro de São João nos diz que, no princípio, era a Palavra, e a Palavra era Deus, a qual se fez carne e habitou entre nós. Isso nos mostra que as palavras são poderosas para invocar o processo de criação ontem, hoje e sempre.
Há vários exemplos na Bíblia que confirmam isso, como quando
Deus ordenou que a luz, a terra, a água e todas as outras coisas fossem
criadas. Presenciamos o cumprimento do propósito da Palavra, pois ela cria,
liberta, faz o mar se abrir, a montanha mudar de lugar e convence pessoas a
mudarem de hábitos.
Estamos expostos tanto às palavras boas como às más. O mundo
está cheio de crianças e adultos com traumas provocados por ameaças,
descontroles e situações de medo, que provocam inseguranças nas pessoas.
Precisamos ter cuidado com as palavras que saem da nossa boca, pois podem ser
bênçãos ou maldições lançadas sobre a vida de nossos filhos. Existem pessoas que
abençoam qualquer que seja a situação; outras reclamam de tudo o que lhes
acontece.
Os pais influenciam na construção da identidade de seus
filhos e, dependendo das palavras, podem ajudá-los a ter uma visão positiva ou
negativa de si mesmos. Se elas ouvem eles dizerem que são burras, desastradas,
medrosas, vão crescer se vendo nesse espelho e, provavelmente, vão se
transformar em adultos com conhecimento pessoal inadequado e baixa autoestima.
Se elas têm algum problema, ajude-as! Falar a verdade reduz associações
emocionais errada.
Por outro lado, crianças que escutam os pais falarem bem de
suas habilidades em cantar, conversar, organizar e aprender, quando eles (os
pais) citarem os pontos em que elas precisam melhorar, já terão criado uma base
positiva para que se sintam capazes de acertar aquilo que não está adequado.
Qual seu objetivo com os seus filhos? Desencorajá-los, ou
fortalecê-los e criar comportamentos positivos neles? Palavras negativas são
desencorajadoras e destrutivas. Procure observar quais são as habilidades
naturais de seus filhos e encorajá-los a tentar desenvolver aquelas que não
possuem naturalmente.
Na correção, lembre-se de usar palavras que demonstrem que o
problema é o comportamento do filho e não o filho em si, pois ele precisa se
sentir amado e querido, e saber que existem limites a serem respeitados.
No seu processo educacional, você quer fortalecer ou abalar
o estado emocional do seu filho? Cuidado para não descontar a pressão do seu
dia a dia nele, usando de palavras grosseiras ou que o faça ficar para baixo. É
preciso estimular o relacionamento com outras pessoas em vez de sempre criticar
os outros. Também evite comparações entre irmãos, plantando semente de
rivalidades entre eles e sentimento de superioridade ou inferioridade. Não
reforce comportamentos negativos herdados ou construídos a partir da imagem de
parentes ou amigos, com comparações destrutivas.
Seja elogiando seja criticando, mostre que eles podem contar com você tanto para os aplaudir como para os redirecionar nos diferentes momentos da vida. Evite frases que possam fazê-los lembrar do quanto você os fez se sentirem mal. Lembre-se de que: sua palavra tem poder espiritual e emocional, por isso, seja um profeta de coisas boas na vida dos seus filhos, parentes e amigos. Sempre que possível, aproveite para os abençoar e, assim, você também será abençoado, pois a palavra não volta para terra sem ter cumprido sua missão.
Ângela Abdo é coordenadora do grupo de mães que oram pelos
filhos da Paróquia São Camilo de Léllis (ES) e assessora no Estudo das
Diretrizes para a RCC Nacional. É articulista do canal “Formação” do Portal Canção
Nova (formacao.cancaonova.com) e autora do livro “Mães que oram pelos filhos”
pela Editora Canção Nova.