Debates
É hora da virada contra o vírus
Da Redação | 18 de julho de 2020 - 01:18
Por Rafael Francisco dos Santos
Ponta Grossa alcançará nos próximos dias o pior momento da
pandemia de coronavírus. Há certo grau de incerteza sobre o presente e o
futuro, mas, quanto ao que passou, sem sombra de dúvidas, o tempo trabalhou a
nosso favor.
Nós, gestores e profissionais da saúde, tivemos cerca de
três meses para nos organizar, vantagem que a maioria das cidades não teve.
Este é o nosso trunfo num cenário que se assemelha a uma guerra. Estamos
prestes a encarar a fase mais crítica de um conflito em que, do outro lado do
“front”, temos um inimigo, que foi observado quando ainda não estava tão
próximo. Sabemos mais sobre contágio, comportamento e estrutura necessária para
o tratamento do vírus, o que me deixa otimista.
Porém, tenho muito claro que este conhecimento prévio não é garantia de
vitória.
Hoje, temos armas para vencer algumas batalhas contra o
vírus, mas nenhum desses artifícios será forte ou eficaz o suficiente se grande
parte da população adoecer ao mesmo tempo. Se isso acontecer, nem todos terão
tratamento adequado. Essa é uma condição mais que sensível no sistema público,
que já sofre com falta de vagas e leitos há tempos.
Então como seguiremos? Infelizmente sacrifícios a mais serão
necessários para superar o pico da pandemia. Os profissionais estão prontos
para fazer sua parte na linha de frente, cada um cumprindo seu papel, todos estão
atendendo a população dando o melhor de si, tenho certeza. É possível que em
algum momento, por curto período, tenhamos que ampliar o distanciamento social
e certas restrições que já nos incomodam há meses. Sem vacina ou tratamento
eficaz disponível para todos não há outra saída para o momento mais agudo.
Por algum tempo continuaremos ainda carentes do convívio com
nossos amigos e familiares. Afinal, ficar longe, sem apertos de mão, beijos e
abraços, é hoje uma nova forma de amar e proteger quem amamos. Nesse momento,
este é um esforço adicional para o “sprint” final.
Espera-se de nós gestores, públicos e privados, uma atuação transparente,
proativa e dinâmica nesse momento crítico. Acredito ser fundamental a agilidade
para aprender com quem já passou pelo pico da pandemia, antecipar todas as
situações possíveis e planejar alternativas para os atendimentos em situações
extremas.
A rede privada de saúde, e em especial o Hospital Geral
Unimed, que faz parte da estrutura de saúde que gerenciamos, está pronta para
cumprir seu papel nessa batalha, estruturada para atender a comunidade dos
Campos Gerais. Nossas equipes, treinadas e com equipamentos à disposição, estão
à postos. Apesar disso, como gestor, médico e, em especial, como ser humano,
torço para que não precisemos usar toda essa estrutura. Nutro a confiança inabalável
de que sairemos vitoriosos porque nos preparamos para o embate, e porque vejo nos
olhos de todo profissional de saúde, a vontade de virarmos logo essa página e
recomeçarmos nossas vidas!
É momento de iniciarmos a virada contra o coronavírus. A
vitória virá se todos se unirem aos esforços dos profissionais de saúde e dos
hospitais públicos e particulares.
Afinal, as ações em saúde, por mais coordenadas que sejam, são
plenamente eficazes quando a sociedade se une e coopera com elas. Se assim for, em algumas semanas, poderemos
respirar, enfim, mais aliviados e planejar o ano de 2020 que desejamos.
Rafael Francisco dos Santos
Médico otorrinolaringologista, professor do Curso de
Medicina da Universidade Estadual de Ponta Grossa e Presidente da Unimed Ponta
Grossa