Debates
A retomada da economia paranaense com a força do agronegócio e do cooperativismo
Por Aldo Macri e Cristiano Kruk
Da Redação | 03 de julho de 2020 - 01:21
Por Aldo Macri e Cristiano Kruk
O estado do Paraná, segundo a Federação das Indústrias do
Estado, possui 2,3% do território brasileiro é responsável por aproximadamente
12% da produção rural do país e quase 15% das exportações do agronegócio
brasileiro. No ano passado, o agronegócio paranaense exportou mais de 70
bilhões de reais em produtos, mantendo o estado como o terceiro maior
exportador do Brasil no setor. Esse valor corresponde a 13% do volume
brasileiro de exportações de produtos agrícolas, mostrando um grande potencial
para alavancar a economia local pós pandemia.
Diferentemente de outros estados brasileiros, o Paraná
dispõe de um cooperativismo bastante forte, contando hoje, conforme dados da
Organização das Cooperativas do Paraná, com 62 cooperativas agrícolas que
faturaram em 2019 cerca de R$ 72,6 bilhões. Além disso, possui uma rota
ferroviária que liga as áreas produtivas ao porto de Paranaguá, onde as
exportações do setor de agronegócio correspondem a mais de 85% das saídas para
fora do país. Com isso, a distância do terminal portuário proporciona um menor
valor do frete que incide sobre o custo de transporte dos produtos
agropecuários para exportação. Esses fatores, em conjunto, facilitam a
circulação e envio dos produtos. Outro atenuante é que o estado paranaense
assinou compromissos com governos e organizações internacionais, visando à
produção de alimentos seguros, respeito ao meio ambiente e atenção às questões
sociais que constam nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Conferência
das Partes (COP- 30), definidos no Acordo de Paris de 2015.
Em termos produtivos, o Paraná é líder na produção de
proteínas animais e segundo maior produtor de grãos. Vale ressaltar que a
agricultura do estado tem os maiores índices de produtividade e eficiência do
Brasil e os melhores do mundo em termos de soja e milho. Nas últimas décadas
permitiu ao Paraná se tornar o 2° maior produtor de soja, com mais de 5 milhões
de hectares plantados; 2° maior produtor de milho, com exportações na casa de
R$ 28 bilhões; maior produtor brasileiro de trigo; 3° maior produtor de tabaco,
setor que emprega 33 mil famílias; e maior produtor de feijão, com três safras
por ano. O estado também se destaca na produção de leite, suínos, frango, seda
e erva-mate, alçando esses produtos para os principais mercados consumidores do
mundo.
Por atingir diversos mercados no mundo, o setor de
agronegócio está cada vez mais disposto a receber parcerias e investimentos que
fomentem o desenvolvimento de tecnologia do campo e das indústrias. De 502
startups mapeadas em 2019, em 30 diferentes setores no estado, 32 operam em
tecnologia no agronegócio utilizando ferramentas como robótica e drones, gestão
animal, análise de campo e controle de pestes, marketplace, gestão de negócios,
fazendas disruptivas, agricultura de precisão e agroflorestral. Atualmente, a Região
Sul concentra cerca de 23% das startups do setor agro brasileiro, ficando atrás
apenas da região Sudeste.
Mesmo com o cenário ainda não tão otimista, os impactos da
Covid-19 serão sentidos mais na próxima safra do que na atual, devido aos
riscos de falta de moléculas importadas da China, a possíveis ineficiências na
logística na entrega de insumos, impacto da alta do dólar na compra de
agroquímicos, disponibilidade de crédito e custo do capital. Para minimizar
esses fatores, em fevereiro deste ano, a Medida Provisória 897/19 foi aprovada
pelo governo, possibilitando ampliar em R$ 5 bilhões os créditos de
financiamento para o setor. A nova lei desburocratiza e facilita o acesso ao
crédito, contemplando a permissão de outros agentes financeiros.
Levando em consideração todos esses fatores citados,
conseguimos ver uma luz no fim do túnel para fazer a economia do Brasil aquecer
no momento pós pandemia. Fortalecer o agronegócio é o principal caminho para
que o cenário seja otimista e possa refletir em outras áreas dos negócios
brasileiros.
*Aldo Macri é sócio-diretor de Clientes e Mercado na Região
Sul pela KPMG do Brasil.
**Cristiano Kruk é sócio da KPMG no Brasil.