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Campanha da Fraternidade contra o coronavírus

Imagem ilustrativa da imagem Campanha da Fraternidade contra o coronavírus

Por Roberto Mistrorigo Barbosa

A Campanha da Fraternidade deste ano se mostrou profética. Ainda que seus conceitos tenham sido elaborados muito tempo antes da emergência da pandemia do covid-19 – o novo coronavírus – suas recomendações podem ser o centro de nossas ações para combater a doença.
O lema da CF-2020 “viu, sentiu compaixão e cuidou dele” (referência extraída da parábola do bom samaritano) nos dá a linha mestra para um programa econômico global que pode fazer frente à pandemia e, depois disso, resgatar as centenas de milhões de pessoas que vivem sob os signos da miséria, violência e abandono.
Neste momento, temos que trabalhar com medidas emergenciais, mas ao mesmo tempo imaginar uma economia com reformas estruturantes, que gere emprego e renda para todos, que priorize o ser humano, pois a humanidade não foi feita para a economia, mas a economia para a humanidade.
As medidas emergenciais para dar condições de proteção sanitária a todos os brasileiros nos parecem um tanto óbvias. Para começar poderíamos impedir que o fornecimento de energia e distribuição de água fossem interrompidos por falta de pagamento. A consequência disso pode perfeitamente ser incorporada pelas empresas, sejam privadas ou estatais, como resultado negativo, como já ocorreu em outras crises.
O governo propôs, e depois voltou atrás diante da péssima repercussão, a possibilidade das empresas deixarem de pagar seus funcionários por quatro meses. Outras medidas apontam para redução de até 50% dos salários dos funcionários públicos. É uma completa insanidade imaginar que a doença reflua retirando os poucos recursos que ainda restam para que as famílias possam se proteger da pandemia.
É incontestável que nesta hora precisamos “exigir a garantia do emprego, criar mecanismos de promoção da renda mínima das famílias desempregadas, ampliar instrumentos como o Bolsa Família, acelerar a concessão de direitos e benefícios previdenciários e decretar uma moratória no pagamento da dívida pública, transferindo esses recursos para o SUS e para a assistência social. É urgente e essencial que os trabalhadores informais (...) recebam um auxílio emergencial de um salário mínimo, por no mínimo seis meses, enquanto não se estruturam outras políticas públicas”, como bem explicitado na nota Comissão Brasileira Justiça e Paz, Conferência dos Religiosos do Brasil e pelo Conselho Nacional do Laicato do Brasil.
Mas não apenas isso. Chegou a hora do sistema financeiro dar sua parcela de contribuição. Nas contas do economista Ladislau Dowbor, em 2012, tínhamos no Brasil 74 bilionários, que dispunham de uma fortuna total de 346 bilhões de reais. Em 2019, são 206 bilionários, com uma fortuna total de R$ 1,205 trilhão (17,7% do PIB brasileiro). A imensa maioria ligada ao sistema financeiro, donos de bancos, de holdings, de acionistas e controladores acionários, de fundos de investimento, de donos de cotas acionárias e de holdings familiares. Tendo em vista esse cenário, é imperioso que os bancos deixem de cobrar juros e, além disso, abram linhas de crédito para recuperação de empresas, colaborando assim para a recuperação da economia.
Para além de medidas emergenciais para combater o coronavírus, é o momento também de planificar um caminho para uma nova economia. Uma economia a serviço do bem comum implica que seja economicamente viável, mas também socialmente justa e ambientalmente sustentável. Conceitos como renda cidadã, bens comuns, controle das finanças e democracia real são imprescindíveis para que haja futuro.
Em resumo, é preciso pensar mais e sempre no que o Papa está chamando de “economia de Francisco”.

Roberto Mistrorigo Barbosa, Leigo Inaciano, membro da CVX e coordenador da Comissão Nacional de Formação do Conselho Nacional de Leigos da Igreja Católica.

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