Debates
Saneamento 4.0, Inovação e Universalização
Da Redação | 12 de março de 2020 - 02:30
Por André Telles
Somos um Brasil de diversas geografias, realidades e com
necessidades tão diversas, quanto à densidade populacional de nossas cidades.
Assim a resposta principal que todos buscamos é como tornar possível o acesso
seguro à água potável e o tratamento de esgoto viável, em um país onde nossas
engenharias devam estar atentas desde o município de São Paulo com 12 milhões
de habitantes, até Serra da Saudade em Minas Gerais com 786 habitantes, segundo
o IBGE.
A busca pela dignidade coletiva não é mais uma fantasia, a
opinião pública, os meios de comunicação, o governo e a sociedade privada
buscam caminhos para atender às demandas e já se percebe, que a universalização
ocorrerá com Inovação. Inovação para um Saneamento 4.0, que emerge tardiamente
para que tenhamos além de qualidade adequada para nossas águas, o controle
eficaz da disponibilidade e distribuição nos lares e indústrias.
Com a visão de um Saneamento 4.0, agregamos monitorar e
desenvolver sistemas autônomos, que monitorarão desde a qualidade da água de entrada,
vazão e velocidade do líquido, que seguirá para nossas estações e as tornarão
inteligentes, autônomas e assertivas, até que ocorra a adequada distribuição
aos lares. Que alarmem, se necessário em nossas centrais de monitoramento para
o caso de interrupção no fornecimento e/ou perda de volume, pressão e/ou
qualidade.
Foco em inovação, equipe multidisciplinar e objetivos
definidos são temas para acelerar a implantação com padronização de ETE´s,
ETA´s, ETAR´s e ETDI´s. Parametrizar tamanhos e compartilhar projetos com a
sociedade e órgãos públicos e privados são temas já superados em outros
mercados, que emergiram e desenvolveram situações igualitárias para os
usuários. Unir lacunas ainda não preenchidas com empresas e governo,
desenvolvendo uma ponte tecnológica para emergirmos o #Saneamento 4.0, com
inteligência em sistemas complexos, garantindo viabilidade econômica e
segurança de qualidade no tratamento, com foco em redução de custos
operacionais e segurança de operação para o consumo de químicos e demais
insumos operacionais, são objetivos comuns de pensamento, bem como a visão de
sistemas open source, que devem ser
otimizados na expectativa e tipificação do meio líquido
acordados e qualificados.
O saneamento 4.0, que integra a chamada 4ª Revolução industrial,
abraçará inúmeras tecnologias digitais que já surgiram e que venham a surgir.
Os novos devices e soluções ajudarão de sobremaneira a performance e a
eficiência no conjunto de etapas dos processos de saneamento. E todas as
empresas que desejarem sobreviver nesse novo universo terão que se ajustar
confortavelmente aos novos adventos tecnológicos, sem nenhuma ligação afetiva e
cultural com os processos seguros, porém antigos e ultrapassados. As tão
faladas disrupções, aquelas quebras ou descontinuação de um processo já
estabelecido ou também interrupções, suspenções ou afastamento do funcionamento
normal serão a cena mais corriqueira nos projetos.
Como têm dito jovens executivos da era digital “não dá para
usar mais mapas antigos para os caminhos novos”. Por isso, o uso da
inteligência artificial ou internet das coisas cada vez mais serão partes
integrantes dos novos projetos, obras civis e equipamentos em saneamento
ambiental. Embora signifiquem maiores investimentos iniciais nos contratos, no
final das contas a relação custo-benefício será positiva para empresários,
governos e outros players do setor. Na realidade, já há inúmeras tecnologias
4.0 a pronta-entrega no mercado de saneamento para serem inseridas nos novos
trabalhos e demandas. As alternativas são variadas podendo se encontrar hoje
produtos e componentes digitais mais acessíveis como também aqueles mais
sofisticados e complexos, tanto com origem nacional como estrangeira.
Os novos cenários tecnológicos vão contar ainda com mais
financiamentos que promovam especialmente a inovação, no entanto será preciso
mudar também a cultura de muitos profissionais que ainda pensam analogicamente
e resistem a experimentar o novo ou inusitado pelo receio de seu desempenho
pessoal com essas novidades não corresponderem às expectativas da administração
das suas empresas e talvez até por não quererem se mexer na zona de conforto.
O caminho segue em identificarmos as oportunidades, de
mudarmos nossos paradigmas, de aplicarmos as leis já existentes para P&D
existentes, no aperfeiçoamento das tecnologias nos projetos de nossas máquinas
e equipamentos, na melhoria e otimização dos nossos sistemas e onde
vislumbraremos, o além do trivial para o desenvolvimento de um
Saneamento 4.0, que nos permitirá sermos uma nação mais
igualitária e digna.
*André Ricardo Telles, Presidente Executivo da ECOSAN
Water Technologies e Vice-Presidente do Sindesam