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O nosso tempo e as lições de Gandhi

Imagem ilustrativa da imagem O nosso tempo e as lições de Gandhi

Por Roberto Mistrorigo Barbosa

A Organização das Nações Unidas escolheu 2 de outubro como o Dia Internacional da Não-violência em homenagem a Mahatma Gandhi, advogado e especialista em ética política, nascido nesta data há 150 anos, na Índia.

Sua atuação foi definitiva para a independência de sua terra natal e seu legado de sabedoria, consciência social, fé e prática da cidadania extrapolou em muito as fronteiras desse país asiático. São essas lições que desejamos rememorar, pois o nosso tempo necessita delas tanto quanto necessitavam as pessoas que conviveram com Gandhi até 1948, ano em que foi assassinado.

Não é demasiado dizer que vivemos no Brasil, e em muitos outros lugares do Planeta, sob o signo da violência. A ascensão de líderes populistas de extrema direita, juntamente com as evidentes contradições do capitalismo e a gigantesca má distribuição da renda têm acirrado esse quadro. Isso tem causado apreensão nas pessoas que defendem a paz, o meio ambiente, a cooperação entre os povos e o desenvolvimento sustentável.

Nesse sentido, as lições de Gandhi podem se tornar uma grande inspiração para nossos dias a fim de superarmos esse momento difícil pelo qual passamos. O conceito de não-violência pregado por Gandhi encerra uma série de práticas sociais essenciais que, se tomadas como um paradigma para nossa atuação, podem revolucionar nossa maneira de agir, pensar e viver em comunidade.

A urgência disso se mostra em uma das frases mais célebres de Gandhi, a de que “o futuro depende daquilo que faremos no presente”. Essa atuação decidida em benefício de todos não depende de grandes talentos, nem de elevadas somas de dinheiro, tampouco através da coerção, imposição de valores ou de meios que oprimam, segreguem ou prejudiquem qualquer grupo.

A resolução dos conflitos deve se dar justamente com o controle da ira e da revolta, transformando essas energias no combustível para uma permanente e transformadora realidade, baseada na compreensão do outro, no entendimento de seus dilemas, desejos, aspirações e necessidades. Não é tarefa fácil, mas Gandhi também nos ensina que “a alegria está na luta, na tentativa, no sofrimento envolvido e não na vitória propriamente dita”.

A imposição de uma determinada fé, seja ela qual for, também não resolverá nossos problemas, pelo contrário. Devemos rejeitar qualquer tipo de fundamentalismo ou literalismo para direcionar nossa convivência. O diálogo interreligioso e a tolerância já eram largamente defendidos por Mahatma quando proclamava que “as religiões são caminhos diferentes convergindo para o mesmo ponto. Que importância faz se seguirmos por caminhos diferentes, desde que alcancemos o mesmo objetivo”.

É certo que os conflitos religiosos deixaram marcas profundas na história de todos os povos, por esse motivo lembramos também de um conceito chave da “não-violência”, o perdão. Gandhi dizia que perdoar é uma característica de pessoas fortes, pois os fracos jamais perdoam e, depois de dizer isso, reafirmava que “se queremos progredir, não devemos repetir a história, mas fazer uma história nova”.

É essa história nova que se apresenta para todos nós na comemoração do nascimento de Gandhi. Testar suas ideias e copiar suas práticas pode nos levar a um aprimoramento pessoal e social, transformando esse mundo marcado pela ambição humana em um lugar de convivência pacífica, onde o amor, que segundo ele, é a força mais abstrata e também a mais potente que há no mundo, seja o delimitador de nossas ações e não apenas palavras vazias. “Seja a mudança que você quer ver no mundo”.

Roberto Mistrorigo Barbosa é Coordenador da Comissão Nacional de Formação do Conselho Nacional de Leigos do Brasil da Igreja Católica

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