Debates
Bons ventos sopram no campo
Da Redação | 28 de agosto de 2019 - 01:05
Por Daniel Zacher
As perspectivas do cenário agro econômico para a produção de
grãos no Brasil são promissoras e o segmento de máquinas agrícolas atravessa um
momento de expectativas positivas em curto, médio e longo prazo.
O ambiente internacional colabora com essa previsão. A
guerra comercial entre Estados Unidos e China com o encarecimento da soja
americana após o aumento da tarifa de importação incentivou os chineses a
importar mais grãos brasileiros.
Outros aspectos, como a quebra da safra norte-americana de
grãos em função de fenômenos climáticos adversos favorecem o Brasil como
coadjuvante nessa disputa.
Vale lembrar ainda o avanço da peste suína africana (PSA) na
Ásia que, segundo analistas de mercado, pode manter aquecidos os embarques
brasileiros de carne por mais um ano. Entre janeiro e junho deste ano a China
foi o principal destino das exportações brasileiras, com incremento de 22,6%
das compras no período de acordo com dados divulgados pela ABPA (Associação
Brasileira de Proteína Animal).
Em médio e longo prazos novos acordos “prometem”
oportunidades mais à frente para o setor de máquinas agrícolas. Referimo-nos
aqui ao acordo do Mercosul com a Comunidade Europeia e seus impactos na
ampliação do mercado Europeu de commodities agrícolas e também na redução das
tarifas para máquinas; e à potencial entrada do País na OCDE (Organização
para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), cujos critérios incluem códigos
de teste de tratores para assegurar requisitos mínimos de segurança e qualidade
industrial, e o portfólio de normas para produção e sanidade agroflorestal.
Nesse contexto vale dizer que a queda de 10% registrada de
janeiro a julho deste ano pela Anfavea na venda doméstica de tratores, em
relação ao mesmo período do ano passado, e que se deve à antecipação da compra
em 2018 pela introdução do Proconve/MAR-1 em janeiro de 2019, e à suspensão
pelo BNDES, em abril, dos pedidos de financiamento pelo Moderfrota (Programa de
Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e
Colheitadeiras) teve seu impacto, mas o momento agora é de crescimento.
A venda das colhedoras de grãos nos primeiros sete meses do
ano fechou em alta de 13,3% em relação a igual período de 2018. Voltando à
soja, uma das principais commodities brasileiras, esse panorama aponta para o
crescimento da safra em torno de 7%, tornando o País o maior produtor do grão
no mundo pela primeira vez. Também o milho deverá crescer 3%, e ultrapassar as
100 milhões de toneladas.
Em relação às vendas totais de máquinas agrícolas no Brasil,
as expectativas são de crescimento acima de 5% com relação ao ano anterior, a
se confirmar na próxima Expointer, em Esteio (RS), referência no segmento
agrícola e indicadora de tendências.
Bons ventos à parte as incertezas e as crises sempre rondam
as economias com suas consequências, o que faz do debate e da troca de
experiências algo indispensável especialmente no ambiente volátil como o que
vivemos.
Com o objetivo de promover esse tipo de diálogo o 11º
Simpósio SAE BRASIL de Máquinas Agrícolas, reunirá em Porto Alegre (RS)
lideranças do setor, fabricantes, montadoras, entidades e consultorias para
falar de perspectivas agroeconômicas, visão do mercado pelos principais atores
e tecnologia de ponta de última geração em máquinas e implementos, além de
oportunidades em serviços no segmento. Dia 29 de agosto, no Salão de Convenções
Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS).
Daniel Zacher é engenheiro, diretor geral da Tekter
Consultoria e chairperson do 11º Simpósio SAE BRASIL de Máquinas Agrícolas