Debates
O papel do Gestor Escolar no Século XXI
Da Redação | 04 de abril de 2019 - 04:03
Por Josemary Morastoni
Atualmente, muito se discute sobre o papel do gestor
escolar, que pode ser compreendido em três pilares, a gestão pedagógica (Gpe),
o principal foco da escola, a gestão administrativa (Gad), um ponto delicado e
que requer atenção, já que sem controle de recursos, as demais áreas são
afetadas, e, a gestão com a comunidade (Gcom), já que, o principal objetivo da
escola é de formar cidadão e líderes, é fundamental que se conheça o contexto
no qual estão inseridos. Porém, pesquisas recentes apontam que o trabalho do
gestor é focado prioritariamente na esfera administrativa e a maior parte do
seu esforço é aplicado nas atividades burocráticas e operacionais, e pouco
tempo sobra para que ele invista em atividades, projetos e planejamentos
voltados ao processo de aprendizagem e com a comunidade, ações que de fato
otimizem a rotina da escola.
A instituição costuma ter a personalidade e as
características do seu gestor, e, já que o foco são os processos pedagógicos, é
fundamental que o gestor seja ativo nessa esfera. Se a sua formação não é oriunda
de uma licenciatura, é necessário buscar informações, além de contar com
profissionais na sua equipe que dominem esse conhecimento. É imprescindível que
o gestor monitore tudo, desde a elaboração até a implementação e controle dos
processos, sempre conduzindo com liderança. A dica é separar um tempo para
acompanhar essa dinâmica na prática, e não ficar preso somente aos momentos de
reuniões. Visite a sala dos professores, troque ideias com a sua equipe e
aproxime-se ao máximo da realidade da sua instituição e de como ela acontece.
Conhecendo isto, você terá subsídios para compreender e deliberar com mais
propriedade.
É nessa esfera que a maioria dos gestores acabam cometendo
um erro, concentrando seus esforços em processos operacionais, delegando pouco
e tomando o tempo que poderia ser aplicado em outras esferas da gestão. A dica
é manter o controle dos processos e delegar a sua execução aos bons
profissionais da sua equipe. Apenas delegue e acompanhe, pois, cada minuto
poupado com tarefas operacionais, é um minuto a mais que você ganha para estar
atento ao coração da escola, a (Gpe). Do que adianta você ter uma escola com um
controle administrativo e financeiro excelentes, se os demais processos que são
as premissas básicas para uma escola existir não estiverem de acordo? Então,
delegue, administre, e foco no pedagógico.
Mais do que receber as famílias ou chamá-las para reuniões,
a grande sacada do gestor é promover espaço, encontros e ações que integrem a
família e a comunidade com a escola. Torne-os a pertencentes ao âmbito escolar.
Busque informações, tome ideias com outros colegas gestores com mais
experiência, se atualize, é preciso tornar-se um gestor líder e conhecer as
ferramentas certas para criar esse envolvimento. Compreender o contexto local,
lhe dará bases para direcionar seus processos.
E tempo para tudo isso, existe? É elementar que o tempo será
um grande desafio a ser superado, portanto, planeje. Crie um cronograma,
distribua suas ações, ajuste e busque o equilíbrio. Para corroborar esta ideia,
trago um fato, certa vez na palestra do ex-treinador de vôlei Bernardinho, ouvi
a seguinte frase: “o bom líder faz o que é certo, não o que é adequado”.
Portanto, conhecendo o contexto da sua escola, você irá tomar a decisão
correta, algumas vezes, precisará seguir os seus instintos e pôr-se à prova,
contudo, se conhecer de fato sua realidade e estiver convicto das suas ações,
você está no caminho certo. O bom líder tem que se colocar a frente, ser a
referência e ter segurança para que sua equipe acompanhe e se envolva nas ações
com a mesma intensidade.
Para fecharmos esta ideia, vale a pena refletir que estes
três pilares da gestão escolar tornam-se cíclicos, partindo do ponto que a
escola tem como principal foco formar cidadãos (Gpe), que por sua vez precisam
ter seus processos administrativos e financeiros equilibrados (Gad), que
precisa de referências externas como base, inclusive apoio de infraestrutura e
financeiro, que deve ser buscado fora do âmbito escolar, na comunidade (Gcom),
e que é fundamental para uma boa (Gpe), já que serve de alicerce para
direcionarmos a formação e o desenvolvimento pautados em suas demandas,
consolidando o início de um novo ciclo de ajustes, novos projetos e parcerias
que promovam uma boa gestão e o dia a dia da escola flua com mais facilidade.
Josemary Morastoni é pedagoga, especialista em formação de professores e Coaching Educacional, mestre e doutoranda em Educação e diretora da Faculdade Positivo Londrina.