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Ponta Grossa derrapando na pista
Algumas cidades conseguem compreender melhor que outras a relação entre esporte, mercado e economia, embora não exista uma fórmula secreta
Da Redação | 17 de janeiro de 2019 - 01:09
Para as pessoas menos informadas, o skate ainda é visto como
um brinquedo perigoso, barulhento, praticado principalmente por jovens
desordeiros. Mas, no próximo ano, na Olimpíada do Japão, o skate estreia como
modalidade olímpica, na qual o Brasil terá a oportunidade de comprovar a sua
supremacia e trazer a medalha de ouro.
Em 2019, o Circuito Brasileiro de Skate Profissional completará
30 anos. E, talvez o mais importante a saber, já que a palavra que mais
sensibiliza o mundo dos gestores públicos é ECONOMIA, vale dizer que, desde o
ano de 2014, a cadeia produtiva do skate já movimentava no Brasil, mais de um
bilhão de reais. Algumas cidades conseguem compreender melhor que outras a
relação entre esporte, mercado e economia, embora não exista uma fórmula
secreta.
Um comparativo com o futebol ponta-grossense facilita a
compreensão dessa matemática. O Fantasma ascendeu para a Série B,
consequentemente, ampliou sua visibilidade nacional e até internacional,
motivou a torcida, mexeu com a autoestima da cidade e isso, claramente, reflete
em resultado econômico, para o clube e município. No skate não é diferente.
Precisamos de resultados. No entanto, estamos bem distantes de Colombo, Sarandi
ou Cianorte, que há anos vêm revelando atletas para o cenário nacional e
criando a possibilidade futura de terem um skatista olímpico.
Já Ponta Grossa teve sua última aparição no ranking da
Federação Paranaense de Skate, no ano de 2015, na categoria Mirim, com o atleta
Matheus Fagundes que, na ocasião tinha 13 anos de idade. O baixo desempenho dos
atletas ponta-grossenses no ranking paranaense não pode ser atribuído à falta
de pistas para a prática do esporte, mas sim, à falta de qualidade dessas e,
principalmente à falta de uma política adequada de incentivo e qualificação
desse esporte em nossa cidade.
No dia 28 de janeiro, a prefeitura abrirá licitação para a
construção de uma nova pista, no valor de 359 mil reais, no Parque de Olarias.
E uma outra pista deve ser entregue no próximo mês, na Arena Multiuso do Bairro
Oficinas, onde, aliás, já existe uma pista de skate que foi construída pela
Secretaria Municipal de Serviços Públicos.
Enquanto isso, a pista do bairro Santa Paula, a exemplo de
outras tradicionais, foi completamente esquecida pela Fundação Municipal de
Esportes. Os skatistas locais, reclamaram, tentaram consertar por conta
própria, mas a pista continua bastante deteriorada, comprometendo o desempenho
dos atletas e causando acidentes. Assim, a construção de novas pistas, é como
comprar um carro novo, enquanto sua casa está caindo aos pedaços.
Certamente esse recurso traria melhores resultados, se
investido na recuperação das pistas antigas e na qualificação dos nossos
atletas. Os adeptos deste esporte, necessitam de orientação técnica e outros
subsídios para treinos e competições, tal como acontece em outras modalidades.
Atualmente, ele nem aparece no site da Fundação Municipal de Esportes. Skate é
esporte Olímpico.
* Manoel Correa é paranaense de Goioerê, formado em
Comunicação pela PUC de São Paulo. Trabalhou como coordenador de projetos
sociais e diretor de promoção do esporte e lazer e recreação na Secretaria
Municipal de Esportes de São Paulo. Também atuou como coordenador de projetos
no Ministério da Cultura e Consultor do PENUD - Programa das Nações Unidas para
o Desenvolvimento. Atualmente reside no Bairro Santa Paula.