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Educação, vestibulares e sociedade

Imagem ilustrativa da imagem Educação, vestibulares e sociedade

Por Matheus Mendanha Cruz

 Passou o vestibular da UEPG e para a cidade de Ponta Grossa esse é um evento importante onde acaba por envolver muitas pessoas como jovens vestibulandos, professores, familiares, dentre outras mais que estão de forma direta ou indireta ligadas ao processo seletivo. Entretanto uma coisa que já me incomodava tornou a me incomodar de forma mais aguda de sábado para cá.

Em uma matéria compartilhada em rede social sobre um aulão realizado junto a um dos cursinhos populares da cidade de Ponta Grossa alguém comentou, com certo orgulho, “ser professor é isso né?!”, referindo-se a estar dançando num palco. Dentro da própria reportagem o coordenador do cursinho explicou que essas são estratégias para que os alunos (não educandos) possam aprender de forma melhor para fazer a prova.

Desculpe discordar, mas não, ser professor não é isso. Isso é ser artista, é assim que uma das grandes instituições pré-vestibulares propagandeiam os seus serviços, já que anuncia que “estrelam os melhores professores da cidade”. Sei que o pré-vestibular tem uma função específica que é ajudar aqueles que procuram esse serviço passar nas provas seletivas para adentrar à universidade. Entretanto, não podemos chamar isso de educação e muito menos afirmar que é preciso formação específica para estrelar esse show.

Se nossas escolas, aqui falo dos sujeitos que formam a comunidade escolar, estivessem preocupadas e tivessem estruturas para poder construir juntos aos jovens uma educação de qualidade em que se valorize a subjetividade e a leitura de mundo, como nos ensinou Paulo Freire, não precisaríamos de macetes e técnicas decorebas. E é isso que chega a ser cômico se não fosse trágico, vivemos no século XXI onde praticamente não há defensores de métodos mnemônicos para educação, entretanto é esse o caminho requerido para adentrar na vida acadêmica.

A universidade brasileira tem sérios problemas de se enxergar dentro da realidade, está cada dia mais longe dos problemas e anseios da vida cotidiana, não parecendo se importar com a formação humanística que nos possibilitaria um desenvolvimento de uma sociedade mais justa, menos desigual, menos corrupta, com mais empatia.

Entendo os colegas que assumem o papel de trabalhar em cursos pré-vestibulares, afinal a carreira docente tem sofrido sérios ataques constantes sem contar a falta de estrutura na maior parte das escolas, principalmente públicas. Entretanto não consigo crer que isso seja educar. É por essa estrutura de ingresso fútil que temos tantos jovens que ingressam em cursos disputadíssimos, mas que são corruptos, violentos (como há alguns anos tivemos os chamados pitboys no Rio de Janeiro), racistas (semana passada recebi a foto de rapaz nos Jogos Jurídicos Paranaenses com uma fantasia de Aladim onde o macaco do personagem era representado por uma boneca negra). Enquanto continuarmos cobrando decoreba e não uma FORMAÇÃO dos jovens que adentram à Universidade continuaremos com problemas tais quais temos hoje na nossa sociedade. Afinal a cobrança feita no vestibular é um dos indicadores do que é valorizado de fato na educação básica, ainda é a antiga decoreba.

Matheus Mendanha Cruz é professor de História

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